Capítulo 6

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Zapiekanka: Tradicional sanduíche polonês, que se tornou popular na década de 1970. Ele foi criado durante o regime comunista que assolou o país após a Segunda Guerra Mundial, quando a população não tinha acesso a produtos diferenciados. O sanduíche é composto por um pão do tipo baguete, cortado ao meio e recheado de acordo com o gosto do consumidor, mas o que não pode faltar são os cogumelos e o queijo.

Tristan

A chuva de ontem à noite voltou com força total esta manhã. Desde que me sentei na mesa para o café, ela não diminuiu.

– Está de folga hoje? – Pergunto a meu pai que está lendo alguma coisa no celular.

– Folga o caramba. Só quis dormir até mais tarde, então disse para os moleques fazerem o mesmo.

Frederick Stewart, meu pai, é um antigo lutador de MMA do UFC e grande parte de todo patrimônio da minha família veio das lutas dele. Claro que não posso desmerecer o sucesso do restaurante liderado pela minha mãe. Não somos podres de ricos nem nada do tipo, mas não dá para negar que meus irmãos e eu temos uma vida bastante confortável.

Atualmente ele não luta mais, porém tem algumas academias espalhadas por aí e treina alguns atletas em ascensão.

– Sua mãe só fez o café e saiu cedo. Deu problema com o fornecedor, ela vai ter que se encontrar com ele e vai negociar alguns vinhos também. – Ele desliga o celular e se concentra no café da manhã.

– Ela não para. – Digo com pesar, servindo bacon no meu prato e uma xícara de café.

– Pai, não estou achando meu tênis! – Joseph desce as escadas berrando.

Ele é o único de nós quatro que nasceu com a genética do meu pai; olhos azul-royal vívidos e cabelos escuros. Sarah já comentou mais de uma vez que ele não parece ser meu irmão e de Alex por esse motivo.

Não preciso nem falar que não foi algo legal de se dizer no meio de um jantar com toda minha família reunida e a gente teve uma briga bem feia.

– Se vira. Se você não sabe onde está, sua mãe é quem sabe e sem ela aqui sou completamente inútil. – Meu pai joga o celular em cima dele, que quase deixa cair no chão, me fazendo rir. – Liga para ela e pergunta.

Joseph resmunga alguma coisa antes de sair da cozinha.

– Eu vou sair. O Alex já foi? – Fico de pé.

– Está dormindo ainda. Parece que o último ano não precisa ver todas as aulas, acho que é isso. – Quando já estou na saída, meu pai me para. – Tristan, deixa eu te fazer uma pergunta. – Eu me volto para ele, surpreso.

Ele está me assustando. Meu pai não é um homem de fazer rodeios, ele fala as coisas de uma vez só, as vezes não estamos nem preparados para o que está por vir. Diane é bem parecida com ele nesse sentido. E agora, sua voz parece receosa, como se não soubesse bem o que falar.

– Tem razão, eu não sei o que falar. – Porra! Ele está lendo meus pensamentos agora? – Está na sua testa, cara.

– Ok, desde quando você tem tanto tato assim? – Ironizo, me sentando na cadeira ao lado dele, que deixa o ar sair pela boca, descrente.

– Olha lá hein, garoto. Me respeita se não te taco lá no jardim quando os irrigadores estiverem ligados. – A risada me escapa e ele parece relaxar um pouco com isso.

– Pai, você é muito esquisito. Acho que o Alex herdou essa parte sua. – Ele solta o riso que estava segurando e balança a cabeça.

– Agora é sério. Eu sinto que preciso te dar algum conselho, porque você está esquisito, mas não sei o que é e por esse motivo, ainda não sei o que falar.

Strawberry & Coffee [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora