As aulas hoje acabaram às 4 horas da tarde. Tal como combinado, eu e o Bruno fomos sair, não fomos os únicos, a Jessie e o João vieram connosco. Parece uma saída de casais, tirando o facto de eu e o Bruno não o sermos. A Vitória está em aulas então não conseguiu vir connosco, a Núria simplesmente desapareceu, para meu bem, não queria nada que ela viesse.
Está uma tarde super agradável, estou sentado em frente ao rio, no Terreiro do paço. O Bruno trouxe a máquina fotográfica e está a tirar fotos de casal ao João e a Jessie, eles estão mesmo apaixonados. Já se passaram praticamente quatro meses desde que a escola começou, e desde o primeiro dia em que se viram eu percebi que era amor. Ver a Jessie feliz deixa-me feliz também, tenho a certeza que o amor deles vai durar. Admito que tenho inveja dela, no bom sentido, também gostava de me sentir assim feliz como ela, mas vou ter paciência, quando for para ser será.
- Carlos! Anda cá tirar uma foto comigo. - Jessie faz um enorme sorriso, acho que nunca a vi tão feliz como hoje.
Aproximo-me da Jessie, o João vai para o lado do Bruno para nos dar espaço. Meto o braço por cima da Jessie e faço o meu melhor sorriso.
- Está linda. - O Bruno faz um sorriso. - venham cá ver.
Juntamo-nos os quatro e olhamos para o pequeno visor da máquina. A foto sem dúvida que ficou incrível, o Bruno tem muito jeito para fotografia.
- João, tira uma foto a mim e ao Carlos. - Bruno olha para mim.
- Sim claro.
Bruno salta para as minhas cavalitas, não o esperava, mas agarro-o com muita força para não o deixar cair. Não sou muito forte, acho que quem devia estar as cavalitas era eu e não o Bruno, mas não digo nada para me fazer de forte. Tiramos um monte de fotos, umas a sorrir, outras a fazer caretas. Apercebo me pelas fotos da nossa grande cumplicidade, acho que as vezes me esqueço do quanto eu e o Bruno somos próximos, chega a ser assustador.
- Gostei desta. - Diz o Bruno.
Olho para o visor e faço um sorriso. Eu e o Bruno temos o braço um por cima do outro e estamos a fazer um enorme sorriso. O céu está bastante azul, o que melhora em muito a foto, acho que a vou imprimir e dar ao Bruno no natal. Começo a pensar no tipo de moldura que ficará bem com a foto. Preto? Uma moldura preta fica bem com tudo, ou talvez uma branca ... já estou a ter muitas ideias, logo à noite penso nisso.
- Querem ir ao Starbucks? - Diz o João dando beijos na bochecha da Jessie. Ela está super encantada.
- Bora. - Dizemos todos em coro.
Passamos ao pé da estátua que está no Terreiro do paço e decidimos parar mais um pouco para tirar fotos. Estão aqui vários artistas de rua, palhaços que tentam vender balões que ninguém compra por serem demasiado caros, dançarinos e até cantores. Existe um pouco de tudo, às vezes até universitários nas praxes. Começamos a subir a Rua Augusta, e encontramos mais palhaços que nos tentam vender balões que nós recusamos, sempre com a maior simpatia. A rua está cheia de turistas, uns a tirar fotos a tudo, outros a admirar os artistas de rua sem nunca se esquecerem de deixar uma moeda, outros simplesmente andam a ver lojas.
Finalmente chegamos ao Starbucks, viemos ao dos armazéns do Chiado que era o que ficava mais perto de onde nós estávamos antes. Peço o chocolate com caramelo, que é uma das bebidas especiais de natal, a Jessie e o João optam pelo gingerbread latte.
- Pediste o que? - O Bruno mostra-se super indeciso no que pedir.
- Chocolate com caramelo.
- Acho que vou pedir o mesmo que tu. - Bruno sorri.
Sentamo-nos numa mesa com os nossos copos, cada um com o seu nome escrito, e acabamos a tirar mais fotos. Sempre gostei do ambiente do Starbucks, acolhedor e amigável, encaixa perfeitamente comigo. Se pudesse passava aqui os dias.
O resto da tarde passasse em grande animação, o Bruno já se foi embora porque tinha um compromisso com a mãe.
Reparo que o João não pára de olhar para mim, tenho a sensação que me dizer algo.
- Posso te perguntar uma coisa? - O João finalmente fala.
- Sim, o que quiseres. - Tento parecer o mais calmo possível.
- Gostas do Bruno? Não leves a mal a minha pergunta.
Já esperava esta pergunta, últimamente todos querem saber dê algo que não existe.
- Não ... - Faço cara de surpreendido. - Porque achas isso?
- Tive a prestar atenção ao Bruno esta tarde e a maneira como ele olha para ti, ri-se das tuas piadas e fala contigo, sinto que é algo mais que amizade.
Fico sem reação, será que ele gosta de mim? O João passa tão pouco tempo connosco, só quando quer estar com a Jessie é que temos mais interações, e repara nestes pormenores todos que eu nunca vi.
- Se tu achas. Eu não acho. - Tento demonstrar o máximo de indiferença ao assunto.
O João não diz mais nada. A Jessie só olha para mim sem dizer uma única palavra, ela já disse o que achava, provavelmente também o disse ao João.
Continuamos a viagem até ao metro sem dizermos nada.
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Tu e Eu
RomanceCarlos é um rapaz de 19 anos que toma uma das maiores decisões da vida dele e decide ir estudar para Lisboa. O seu objetivo é tirar o curso de fotografia, torna-se independente e quem sabe encontrar o amor...