Dezembro, o mês do natal. É a minha altura favorita do ano. Sempre gostei de montar a árvore de natal, as luzes, as bolas cheias de cores, as fitas super coloridas, dão sempre animação. Todos os anos monto a árvore de natal em conjunto com a minha família, a minha irmã encarrega-se das luzes, o meu pai das bolas, e eu e a minha mãe da estrela que se mete no topo da árvore, junta me com a limpeza da árvore. Normalmente quando a tiramos da caixa ela está sempre cheia de pó e todas torta.
As prendas sempre foram a minha parte favorita, adoro trocar prendas com a minha família e amigos. Este ano ainda não sei o que dar, tenho de incluir ainda na minha lista dar prenda ao Bruno, Jessie e à Vitória.
A escola hoje está muito silenciosa, é a última semana de aulas antes das férias do natal pelas quais todos nós esperávamos. Já acabei os testes e os trabalhos todos, estou à espera de ter notas incríveis depois de todo o esforço que tive. Sexta-feira é a festa de natal aqui na escola, temos todos de levar algo vermelho vestido, estou a pensar usar uma camisola de lã vermelha com umas calças pretas, sem nunca me esquecer do gorro de natal. Segundo os professores vai ser uma tarde cheia de música e comida, tudo o que eu gosto.
Estar com o Bruno, a Jessie e a Vitória, comer e dançar é a combinação perfeita para uma sexta-feira de tarde.
São 8:05 da manhã e eu já estou na escola, o autocarro demorou menos tempo a chegar hoje, o que quer dizer que vou apanhar uma seca até alguém chegar. Estou sentado no banco ao lado da escola. Estou a ouvir música como sempre, mas desta vez não estou a ouvir Taylor Swift, acho que o Bruno me influenciou e estou a ouvir Ed Sheeran.
Olho para o final da rua e vejo a Núria, já me vai estragar a manhã, sei que assim que me vir vai se sentar ao pé de mim e vou ter de ganhar paciência para a aturar.
- Olá. - A Núria aproxima-se de mim e faz um sorriso notável falso.
- Olá. - Dou o Olá mais sem graça de sempre.
- Posso me sentar?
- Claro.
Núria senta-se. Ficamos uns minutos em silêncio e tal como das outras vezes, não conseguimos ter um tema de conversa.
- Sabes do Bruno? - Pergunta-me a Núria.
- Não.
- Queria falar com ele. - Olha para mim.
- Então vais ter de esperar até ele chegar.
- Vou contar-lhe que gosto dele. - Continua a fazer contacto visual comigo. Não consigo disfarçar a minha cara.
- Boa, vai em frente. - Faço de tudo para parecer o mais natural de sempre.
- Não te importas?
- Porque me iria importar? - Levanto a sobrancelha.
- Eu sei que gostas dele.
- Não gosto nada! - Falo mais alto do que esperava.
- Calma, eu não lhe digo nada. - A Núria ri-se de uma maneira irritante.
- Mas quem és tu para fazer insinuações sobre o que eu sinto ou deixo de sentir? - Falo tão alto que algumas pessoas começam a olhar para nós. - Não és ninguém!
- O que se passa? - O Bruno aproxima-se. Será que ele ouviu a conversa?
- Nada, vou me embora para vocês falarem. - Agarro na minha mochila e entro na escola.
Nem acredito que ela me deixou neste estado! Odeio que ela se meta assim na minha vida, não somos amigos e nem seremos se depender de mim.
Entro na sala de convívio e sento-me numa mesa pequena, só espero que ninguém venha à minha procura.
A sala está completamente vazia, exatamente o que queria. Vou meter os fones e fechar os olhos por uns segundos.
Ao fim de uns minutos alguém toca-me no ombro, era a Vitória.
- Estás bem? O Bruno está preocupado contigo.
- Ótimo, desde que não me metam à frente da Núria.
- Já sei o que aconteceu, não se fala de outra coisa lá embaixo.
- Estão a dizer o quê? - Começo a abrir mais os olhos.
- Dizem que te passaste com a Núria, agora ela está se a fazer de vítima. - Vitória revira os olhos.
- Ela é que se armou em parva! Sentou-se ao pé de mim, veio com uma conversa sobre dizer ao Bruno que gosta dele ...
- Gosta dele? - A Vitória interrompe-me. - Desde quando?
- Já deve gostar há bastante tempo, mas continuando, ela comecou a insinuar que eu também gostava dele mas que ia manter em segredo dele, passei-me.
- Percebo-te, ela não tem nada haver com a tua vida, e ultimamente anda a passar dos limites.
- Deixa lá, vou ignorar. Tinha dito que o Bruno estava preocupado comigo?
- Sim, ele assim que me viu perguntou por ti. A Núria estava com ele e não fez boa cara quando o ouviu-o perguntar por ti.
- Não me admira, eu depois falo com ele.
Dá o toque de entrada. Despeço-me da Vitória e desco para o andar de baixo. Entro na sala e ignoro as pessoas à minha volta, só quero esquecer esta manhã que mal começou ainda.
- Não paro de ouvir pessoas a falar do que aconteceu. - Jessie entra na sala e senta-se o mais rápido possível.
- Meninos, calem-se que a aula começou. - A professora de português parece chateada.
- Vou-te escrever num papel o que aconteceu. - Digo baixinho.
Discretamente passo-lhe um papel sem a professora ver, se ela visse era capaz de me mandar-me para a rua.
Olho para a Jessie e vejo a sua cara de choque, decerteza que não esperava a minha reação para com a Núria.
Jessie não responde ao bilhete, decerteza que vai esperar pelo intervalo para falar comigo. A aula é só de 45 minutos, então vai passar rápido.
Passam-se os 45 minutos, acho que foi a aula em que menos prestei atenção, depois do que aconteceu hoje só quero ir para casa.
Quando estou a sair da sala sinto alguém a agarrar-me no braço, Viro-me para trás e vejo que é o Bruno.
- Podemos falar? - Diz o Bruno.
- Sim, claro.
Subimos as escadas, entramos na mesma sala onde tive no outro dia com a Vitória e a Jessie. Sento-me em cima de uma mesa e fico a olhar para o Bruno.
- O que aconteceu hoje de manhã? - Bruno quebra o silêncio.
- A Núria já te deve ter dito.
- Ela não me disse nada.
- Sendo assim eu conto.
Explico tudo, o que a Núria ia contar-lhe, as provocações e o quanto estou farto dela. A reação do Bruno não é muito surpreendente.
- Percebo-te. - Bruno olha-me nos olhos. - Ela às vezes consegue ser super provocadora, mas não lhe ligues.
- Eu vou tentar.
- Não percebo porque ela acha que tu gostas de mim - O Bruno volta a olhar-me nos olhos.
- Também não sei ... que estupidez.
- Pois é ...
- Olha depois das aulas queres sair? - Bruno não desvia o olhar de mim.
- Sim, vou perguntar à Jessie se quer vir também.
- A Jessie? - O Bruno desvia o olhar. - Sim pode ser, trouxe a minha máquina, assim tiramos fotos.
- Por mim está ótimo.
Dá o toque de entrada, não cheguei a falar com a Jessie mas ela vai compreender.
Quando o Bruno chamou-me para sair fiquei com a sensação que queria que fosse só eu e ele. Devem ser coisas da minha cabeça, vou esquecer.
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Tu e Eu
RomanceCarlos é um rapaz de 19 anos que toma uma das maiores decisões da vida dele e decide ir estudar para Lisboa. O seu objetivo é tirar o curso de fotografia, torna-se independente e quem sabe encontrar o amor...