Apenas um sonho

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Sinto uma mão a tocar-me na barriga, fico arrepiado mas faço um sorriso maroto. Viro-me para o Bruno e começamos nos a beijar, cada vez que me toca sinto-me mais excitado e com vontade de estar com ele.
- Carlos, Carlos ...
Abro os olhos e vejo a claridade a entrar pela janela do meu quarto, pelos vistos estava a sonhar com o Bruno! Nem acredito que acabei de ter um sonho erótico com ele a dormir mesmo ao meu lado. Estou tão envergonhado.
- Bom dia Carlos, estava difícil de acordares - O Bruno olha para mim com um grande sorriso.
- Bom dia Bruno - repito o mesmo sorriso - provavelmente estava a sonhar.
- E sonhaste com o que?
- Não me lembro - minto.
- Se o dizes - Bruno levanta-se e eu fico a olhar para o seu bonito corpo - vamos nos vestir? Não podemos chegar atrasados.
- Sim claro, deixa-me ver se tenho alguma coisa que possas vestir, as vezes uso roupas acima do meu tamanho, então devem servir-te.
Abro o meu guardafatos e procuro as minhas calças pretas largas de fato treino, aposto que vão ficar ótimas nele. Abro a gaveta das camisolas e por sorte tenho várias que ele possivelmente vai amar.
- Toma estas calças, sei que vais gostar, e podes escolher a camisola que quiseres.
- Realmente adorei as calças, conheces-me bem. A camisola ... pode ser esta verde tropa, vai ficar bem com as calças pretas.
- Então usa essas roupas, estás à vontade.
- Eu vou para a casa de banho e assim deixo-te à vontade.
Assim que o Bruno saí do meu quarto eu dou um suspiro, porque fui sonhar com aquilo? Será possível eu estar mesmo a gostar dele? Vou deixar esse pensamento de lado e escolher algo para vestir. Acabo por vestir também umas calças pretas, mas de ganga, visto uma t-shirt branca com o casaco que o Bruno me deu, e por fim meto um gorro preto que é muito raro usar. Bruno entra no quarto com as minhas roupas vestidas, o tamanho está perfeito e as roupas combinam totalmente com ele.
- Estou giro? - O Bruno ri-se para mim.
- Super, e eu?
- Também estás, adoro esse casaco, acho que conheço quem te o deu.
- Eu também acho que sim.
Dirigimo-nos os dois para a cozinha, sinto um cheiro a panquecas que decerteza é a minha mãe que está a fazer, ela faz as melhoras panquecas do mundo.
- Bom dia meninos.
- Bom dia. - Dizemos os dois ao mesmo tempo.
- Bruno, espero que gostes de panquecas - A minha mãe faz um sorriso.
- Sim, gosto muito.
Meto chocolate nas minhas panquecas e ficam uma delícia, olho para o prato do Bruno e vejo que fez exatamente o mesmo que eu. Estranho a ausência da minha irmã, se calhar entra mais tarde nas aulas, e o meu pai já deve ter saído para trabalhar.
Comemos super rápido e vamos para a casa de banho lavar os dentes, tenho uma escova nova guardada no armário que dou ao Bruno, não quero que ele vá com mau hálito para a escola.
- Vou deixar cá esta escova para quando vier cá mais vezes.
Não esperava que ele dissesse isto, mas não consigo disfarçar um sorriso, agrada-me a ideia dele vir cá mais vezes.
Agarramos nas nossas mochilas, dizemos adeus à minha mãe e vamos para a paragem do autocarro, pelas horas devem faltar uns 5 minutos para chegar. O tempo hoje está agradável, o sol bata-me na cara mas não de uma maneira agressiva, era capaz de ficar aqui o resto da manhã.
O autocarro finalmente aparece, entramos e sentamo-nos nos lugares do fundo. O Bruno encosta-se ao meu ombro, já estou a imaginar que vai adormecer.
- Não queres ouvir uma música? - Bruno vira os olhos para mim, sem nunca mexer a cabeça.
- Sim, alguma preferência de música?
- Podes meter Taylor Swift se quiseres.
Entro no meu spotify e meto a "I bet you think about me" que é uma das minhas preferidas do momento, acho que o Bruno já percebeu o quanto gosto da Taylor Swift.
A viagem até há escola é rápida, o Bruno não adormeceu desta vez, o que é de admirar.
Assim que nos começamos a aproximar da escola vejo a Núria, Vitória e Jessie, mas a Núria está ali porquê? Muito gosta ela de se meter onde não deve.
- Bom dia meninas - O Bruno faz um sorriso.
Vejo pela cara das três que estão surpreendidas por nos verem a chegar juntos.
- Bom dia - Acabo com o silêncio - estão boas?
- Olá - Dizem as três ao mesmo tempo, acho que é a primeira vez que as vejo em sintonia com a Núria.
- Vocês vieram juntos? - A Núria começa com as suas perguntas.
- Sim, dormi na casa do Carlos.
Ficam as três admiradas, já sei que a Vitória e a Jessie vão me fazer um interrogatório.
- Dormiste na casa dele? Como assim? - Mais uma vez a Núria volta a ser inconveniente.
- Sim, a mãe dele convidou-me, qual é o problema?
Sou salvo pelo toque da campainha, até tinha medo do que a Núria fosse dizer. A Vitória diz-me adeus com uma cara perversa, já sei que o próximo intervalo vai ser interessante.
Entro na sala e sento-me no mesmo lugar de sempre com a Jessie, o Bruno senta-se atrás e para grande surpresa minha a Núria senta-se ao lado dele. Eu e a Jessie olhamos um para o outro com cara de admiração, ela está sempre sentada lá atrás, não entendo porque está aqui hoje, quer dizer eu sei, ela está com ciúmes do Bruno ter dormido na minha casa, mas eu simplesmente vou ignora-la que é o melhor a fazer neste caso.
- Tens muito para me contar - Jessie faz-me olhinhos.
- No intervalo, aqui certas pessoas podem ouvir.
A aula de matemática passa lentamente, adoro matemática, mas hoje não me apetece nada estar aqui. Quem nos dá aula é um professor, não me lembro do nome dele mas pelo seu físico não deve ter mais que 40 anos. É bastante simpático, acho que nunca pensei dizer isto de um professor de matemática, os que tive até agora foram sempre todos arrogantes, e este está a ser uma excessão, até me fez gostar mais ainda de matemática.
Ouço a Núria a falar atrás de mim, não percebo o que diz mas irrita-me bastante, acho que sou capaz de odiar a voz dela. Só consigo pensar no quanto ela ao longo destas semanas tem sido inconveniente, decerteza que não gosta de mim, eu também não gosto dela o que é de estranhar, sou uma pessoa que sempre gostou de toda a gente, mesmo daquelas pessoas que ao longo da minha vida fingiam ser minhas amigas, mas por algum motivo só quero distância dela. Acho bem possível ela ter ciúmes da minha amizade com o Bruno, somos bem mais próximos que ela e ele e isso decerteza que lhe dá uma raiva interior. Sou uma evidente ameaça na sua conquista pelo Bruno, já lhe disse que tinha o caminho livre mas acho que ela não acreditou nem um pouco. Queria ver a cara dela quando souber que o Bruno já tem alguém.
A aula finalmente acaba, eu e a Jessie parecemos flexas a sair da sala, nem damos tempo do Bruno e a Núria virem atrás de nós, era melhor assim porque também vamos falar dele.
Eu e a jessie subimos as escadas a correr à procura da Vitória, acho que posso dizer com 100% de certeza que somos fofoqueiros. Vejo a Vitória ao lado da casa de banho com umas colegas, agarro no braço dela e enfio-me com ela e a Jessie numa sala vazia, as colegas dela devem achar que sou maluco.
- Carlos! Estás maluco? - A Vitória ainda tem uma cara assustada de a ter puxado.
- Estou, não queriam saber as novidades?
- Obviamente! - Dizem as duas em coro.
- Viemos para aqui para não nos encontrarem - Aclaro a voz - ontem, sem ser nada combinado, decidimos almoçar na minha casa e ver um filme ...
- Ui, um filme- Vitória interrompe-me.
Reviro os olhos e continuo. - Vimos um filme, neste caso não vimos nada porque adormecemos. A minha mãe quando chegou a casa acordou-me com a sua voz a gritar, então aí percebi que dormimos a tarde toda.
- Imagino a cara da tua mãe - A Jessie ri-se.
- Ela percebeu logo que era o Bruno, convidou-o para jantar, e como era tarde disse para dormir lá. A mãe dele deixou-o por isso.
- Não sei bem que dizer. - A Vitória fica sem palavras - Aconteceu tanta coisa ao mesmo tempo num só dia. Então aquela roupa que ele está a usar é tua?
- Exatamente.
- Cá para mim vocês gostam um do outro - Jessie faz-me olhinhos. - vocês estão a desenvolver algo ... como vou explicar, uma ligação. Não digo a 100% que se apaixonem, mas vocês têm algo especial.
- Vou ter de concordar com a Jessie - Vitória senta-se numa cadeira - vocês nestes últimos meses têm desenvolvido algo incrível, gostava eu de ter algo assim com alguém.
- Vou vos dar razão, adoro o Bruno e a ligação que temos.
- Só mais uma coisa, não ligues à Nuria, ela não vai conseguir fazer nada para acabar com a vossa amizade - Jessie mostra-se muito convicta no que diz.
- Vou acreditar em vocês.
Dá o toque de entrada e despedimo-nos os três em direção às nossas aulas. Vejo o Bruno na entrada da sala, assim que me vê faz um sorriso. Acho que elas têm razão.

Tu e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora