FÊMEAS PERIGOSAS

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Príncipe Darsah

Finalmente, nossa espera está se findando; alguns machos já conseguiram sentir que suas sementes vingaram no ventre de algumas fêmeas e desceram à Terra para abduzi-las.
Nossa assinatura genética é forte o suficiente para conseguirmos sentir quando uma fêmea concebe de nós e assim possamos rastreá-la.

A questão é que agora tínhamos algumas fêmeas prenhas e furiosas à bordo e estava sendo difícil para seus machos contê-las e fazê-las aceitar a nova realidade.
Um deles foi parar no centro de cura porque uma delas tentou matá-lo e mesmo com elas fora de controle, não podemos usar a força ou qualquer método invasivo, ainda mais com os novos filhos de Anúria em seus ventres.

A parte boa de tudo isso, foi ver Reyes sendo enxotado de seu alojamento por duas fêmeas bravíssimas.
Sim, a semente dele vingou nas duas.
Por outro lado, eu e Ária estávamos apreensivos, embora não tenhamos dito uma só palavra para o outro, mas nos conhecíamos bem o suficiente para perceber essa apreensão latente; até agora não conseguimos sentir nenhum sinal de que nossa prole tenha vingado.

Bom, após alguns dias essa apreensão se tornou apenas minha, já que uma das fêmeas que acasalou com o comandante deu cria e ele foi buscá-la.
Nem preciso dizer que ela tentou acertar sua cabeça com um adorno do quarto e ele teve de colocá-la para dormir.
Nunca imaginei que as fêmeas humanas fossem tão perigosas.
Enfrentaríamos dias turbulentos com elas à bordo.

— Como ela está?! — Inquiro ao meu amigo assim que entro na sala de comando.

— Ela quase acabou comigo e vossa alteza pergunta como ela está?! — Ele fala com uma satisfação impossível de não se notar.

— Bem, ela é mais importante agora para Anúria do que meu comandante!

— Ah, isso é verdade! — Ele ri ao concordar — Ela está ótima, mas temo ter que dividir o alojamento e a cama com o Reyes.

— Lamento por ti, meu amigo!

— Eu a vi, a fêmea Elisye estava no mesmo leito com ela e não senti sua assinatura genética.

— Não é como se eu já não soubesse...

— Eu lamento, Darsah! — Ele raramente me chamava pelo nome, somente quando era algo muito íntimo.

— Não o faça! Estou grato por essa colheita ter sido tão proveitosa para os outros machos.

— Agradeço, alteza! — Ele se curva levemente em reverência — Tem mais uma coisa: a fêmea Elisye está nos investigando e tem fotografias que comprovam que estivemos lá.

— Certo! Deixe que eu resolverei isso pessoalmente.

Ele assente e saio dali, um tanto contrariado.
Resolvi esperar até perto do fim do nosso prazo aqui, antes de tomar qualquer providência.
E quando minhas esperanças de esvaíram por completo, resolvi descer à Terra, já conformado de que não poderia levar aquela fêmea comigo.
Eu devia ir direto ao local onde ela se encontrava hospedada, mas resolvi protelar o inevitável e descer no local onde a vi pela primeira vez.

Para minha surpresa, a humana não tinha a menor noção do perigo, pois estava ali sozinha e ainda por cima, uma tempestade vinha se aproximando.

— Soube que está nos investigando...

Digo assim que ela nota minha presença.

— Você?! Então resolveu sair das sombras?! — Ela me pergunta de um jeito altivo, enquanto me encara com olhos penetrantes e predadores.

— Vim apenas me despedir.

— Se despedir?!

O ar parece se tornar denso com a fúria que emana dela.

Luzes No CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora