Luzes No Céu

UM PLANO ARRISCADO

Elisye

Nem consigo acreditar que convenci o rei a me deixar fazer uma loucura dessas, porque só posso estar louca para me meter em algo assim sem saber se vou sair inteira.
Mas se esse plano der certo, esse prepotente estará me devendo até o fundo das calças e espero que depois disso, me deixe em paz para viver com o Darsah.

Pelas minhas contas, já se passaram muitos dias desde que meu alien foi capturado e eu estava mais do que disposta a bater na cara de algumas sereias por estarem me fazendo passar por isso e por estarem maltratando ele, somente eu podia fazer isso.

Eelay havia solicitado uma audiência com a rainha Serena, que concordou, contanto que ele levasse sua rainha com ele, o que em si, já achei muito suspeito.
Qual o interesse dela em ter os dois no reino do oceano?!
Acabei convencendo o rei de que era muito perigoso, senão uma armadilha.
Pois se Ayla fosse também, Anúria não teria mais nenhum monarca no poder.
O problema é que ele já havia concordado em levá-la e foi aí que tive essa gloriosa maldita ideia de assumir o lugar dela.
É claro que eles deram um belo xilique antes de aceitar que eu me disfarçasse.

No fim das contas, parece burrice da minha parte; afinal, se tudo der errado, Serena me terá da mesma forma, mas pelo menos, o reino não ficará desprotegido.
Ninguém tem que pagar com a vida por minha causa, já estava sendo duro suficiente saber que Darsah se encrencou por não ter aceitado me entregar.
Fico me perguntando o que diabos essas sereias querem comigo.
Tudo bem que sou uma descendente delas, porém vim lá da Terra e isso nem deveria ser importante.

Olho minha imagem no espelho mais uma vez e tudo que vejo é a fisionomia de Ayla.
Uau! Que legal!
Gostei desse dispositivo de transmutação.
Se eu pudesse vender alguns ficaria rica.

— Está com medo?! — o rei me questiona.

— Estou com fome! Tem algo pra comer aqui?!

— Como podes ter fome numa circunstância dessas?!

— Ué, estou grávida e estressada, então só quero comer mesmo.

— Tragam algo para a fêmea comer.

Em menos de cinco minutos, o guarda chega com uma bandeja abarrotada.
Meu estômago ronca de desespero.
E olhe que não sou de comer muito, mas nós últimos dias, é só o que tenho feito.
Inclusive, já vejo a diferença de peso no espelho.
Paciência, né?!

— Passa para cá! — Falo com certa irritação e pego a bandeja.

Acabo indo me sentar próximo a uma janela.
Minha nossa, nunca havia visto o fundo do oceano.
É tão perfeito que dá vontade de chorar.
Não, espera aí, eu tô chorando?!
Droga!

— Está se sentindo mal?! — o rei me questiona com semblante preocupado.

— Claro que não! Só estou emocionada! — falo entre um fungado e uma mordida numa fruta.

A expressão dele muda para algo confuso; deve está pensando que sou louca.
Ah, quem se importa? Eu mataria por uma barra de chocolate meio amargo.
Chego a salivar só de pensar nisso e passo a comer com mais pressa ainda.

— Coma devagar! A comida não vai fugir, fêmea!

— Anotado! — Respondo de boca cheia.

Sei que estou sendo mal-educada, mas não quero esse idiota perto de mim.

— Espero que se comporte como uma rainha.

Faço um sinal positivo com o dedo e ele me olha com claro desdém.
Reviro os olhos, o que só faz ele se irritar mais ainda.
Pelo visto, vai ser difícil estar na companhia dele.
Por sorte ou azar, não demoramos muito a chegar ao nosso destino.