TRANSFORMAÇÃO

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Elisye

Estou muito ferrada, mas é muito mesmo.
O rei está com o demônio nos couros e parte pra cima de mim com sangue nos olhos.
Alguém me ajuda aqui, preciso de um exorcista.
Ao tentar parar o tanque de guerra, a primeira coisa que é destruída é o bracelete que serve pra me manter na figura da rainha, sendo assim, volto à minha forma original.

Mesmo com água subindo cada vez mais, consigo me afastar do satanás em forma de gente; não sou de sentir medo, mas agora estou com o cool que não passa nem sinal de wi-fi.
Se ele conseguir pôr as mãos em mim, não vai sobrar um osso inteiro pra contar estória.
Aproveito que estou próximo à grade e começo a gritar por socorro.

— Socorro! Me tirem daqui suas desalmadas, estou grávida e com fome, e com um psicopata tentando me matar.

Sério, agora minha garganta ficou ardendo e parece que já já vou mudar a modalidade de ardendo pra doendo e estrangulada, porque o demônio me agarra pelo pescoço e me pressiona contra as grades.

— Me larga seu idiota! Eu vou chutar seu traseiro até sua bunda cair.

Aí mesmo é que o desgramado aperta mais.
Maldição! Estou até vendo estrelas.
Cadê o Darsah que não vem me salvar agora?!
Não tem jeito, vou ter que ser meu próprio herói dessa vez, aliás, sempre fui.
Tento me desvencilhar dele e o desgraçado me joga contra as malditas grades.
A dor pipoca nas minhas costas e minha cabeça começa a zumbir por conta da pancada.

Nesse momento, uma raiva me invade; eu vou matar esse infeliz.
Acerto-o no rosto e ele se afasta pondo a mão na face; é aí que vejo sangue jorrar e escorrer pelo pescoço dele.
Mas, o que diabos...?!
Olho para minhas mãos e tomo um susto tremendo.
Misericórdia, eu tenho garras super afiadas onde deveriam estar minhas unhas; elas têm uma tonalidade azulada e até que são bem bonitas.

Vejo de esguelha quando o rei vem pra cima de mim de novo; não conto estória e uso as garras para rasgar seu abdômen.
Sei que posso parecer malvada, mas isso não irá matá-lo, só quero tirar esse brutamontes do meu caminho.
O problema é que minha investida só serve para deixá-la ainda mais puto.
Estou morta!
Recebo um sôco tão forte no rosto que meu queixo bate castanhola.
Minha visão se torna imediatamente turva e afundo na água, deixando um rastro de sangue na superfície.
Merda, meus lábios estão  cortados.
Desgraçado!

Sei que deveria estar mais desesperada, mas, estranhamente, a água está me acalmando e agora que subiu muito, consigo mergulhar e me esconder dele, só não sei por quanto tempo conseguirei fugir.
Céus, não lembro dele ter acertado minhas pernas; por que elas doem tanto?!
A dor é tão extenuante que só quero gritar.
É como se meus ossos tivessem sido esmigalhados.
Termino me curvando num canto submerso e abraçando meus joelhos.
Por que a dor está piorando tanto?!

Subitamente, sou erguida abruptamente.
O demônio ia acertar um sôco no meu estômago, porém algo bate tão forte nele, que o joga do outro lado da cela.
Droga, será se tem um monstro aqui?!
Vejo um vulto dentro d'água parecido com uma cauda imensa.

— Ai, socorro! Tem um monstro aqui! — Grito.

Que porra de voz é essa?! Desde quando minha voz é tão melodiosa.
Ai meu Deus, o monstro está me seguindo.
Senhor, não sinto mais minhas pernas; será se foram comidas?
Pra todo lado que nado, o monstro vem atrás.
E como diabos estou nadando tão rápido?!
Ah, espera um pouco...eu tenho um rabo... socorro, eu tenho uma cauda...
Desespero me invade.

— Socorro! Um monstro! — Cadê minha voz de antes?

Aliás, cadê o rei?
Senhor, ele sumiu. Eu matei o demônio.
Mergulho rapidamente e agora tenho a visão de mim mesma.
Sou metade humana e metade peixe.
Ferrou!
Ali está Eelay e está inconsciente.
Bati nele com muita força.
Nado até ele, o pego e puxo para cima.
Droga, ele não está respirando.

Luzes No CéuOnde histórias criam vida. Descubra agora