Capítulo 3 ― Três.
Amethyst has arrived.
Rhysand não conseguiu dormir naquela noite depois de saber o sonho de sua parceira, tentou revirar a própria mente pensando se havia deixado alguma coisa passar enquanto procurava pelo corpo de sua irmã. Se havia qualquer coisa lhe dizendo que ela estava viva e ele não reparou, mas não conseguiu encontrar coisa alguma e aquilo o deixava atordoado.
Chamou-a em sua mente esperando que ela pudesse lhe responder e novamente ficou sem resposta como naqueles quinhentos anos, não conseguia receber sinal algum dela.
Quando chegou para o café da manhã pode ver que Azriel tinha olheiras como ele e mal havia tocado em sua comida enquanto Cassian devorava um bolo inteiro quase sozinho.
― Pelo menos alguém pareceu dormir bem. ― Rhysand disse enquanto se sentava após cumprimentar os dois.
― Muito bem! ― Cassian sorriu com a boca suja. ― Vocês dois bem pelo contrário.
― Suas sombras não lhe deixaram dormir? ― O meio illyriano indagou.
― Eu acabei olhando as estrelas antes de dormir e pensei nela... ― Azriel disse em um tom baixo, vendo que não iria conseguir esconder aquilo dos dois. ― Faz quinhentos anos e quase sempre perco o controle de minhas sombras por causa das lembranças que tenho dela, elas se agitam como nunca e parece que querem ir embora, elas procuram por algo...
O grão senhor contou dos pesadelos de sua parceira e contou o que viu... Como Feyre havia ficado agitada e contou que sua irmã lutou bravamente contra os malditos da corte Primaveril tentando salvar a mãe dos dois. Não queria acabar com a fome de ninguém, mas precisava de ajuda.
Conversaram e Rhysand decidiu que era mesmo melhor verificar isso, podiam ter aceitado que Amethyst havia partido, mas prometeram que sempre iriam investigar qualquer possível pista sobre o que havia acontecido com seu corpo e mesmo com a mínima possibilidade daquela estátua ser ela, eles iriam investigar.
Rhysand pediu para que Morrigan também fosse, pois ela já havia feito aquele caminho para salvar Feyre das garras do tirano da Primaveril, porém Azriel pediu para ir junto.
Precisava ver o que podiam encontrar lá.
Feyre conseguiu dar coordenadas exatas para onde eles deviam ir após atravessar para aquela corte que antes havia sido tão cheia de vida. Tudo parecia podre, as flores tinham morrido fazia tempo no jardim do palácio e podiam ver que nada era cuidado. Tamlin não estava ali perto assim como nenhuma sentinela e podiam andar livremente ali, mas tomavam cuidado.
― O que acha que pode ser? ― Morrigan indagou entre sussurros.
Ela era próxima de sua prima e a considerava como uma irmã mais velha que sempre cuidou de si em todos os momentos possíveis. Chorou durante dias quando descobriu sua morte e nunca se conformou por não terem achado o corpo dela, torcia para que ela estivesse viva de alguma forma.
Atravessaram para dentro da sala indicada pela grã senhora dos dois e não puderam ver coisa alguma por causa da escuridão no local. Azriel empurrou uma cortina, afastando a peça da janela e somente com aquilo todas as sombras sumiram exceto as dele que rondavam seu corpo.
― Pela mãe... ― Mor deixou escapar e levou uma das mãos até a boca quando logo conseguiu enxergar a estátua.
Parecia que estava encarando sua prima novamente e Azriel não conseguiu reagir, estava chocado demais. Sua respiração até mesmo acelerou e ele não conseguia disfarçar, aquele aperto voltou contra seu peito e sentia até mesmo sua alma reagir.
― É exatamente ela. ― A loira estava incrédula observando seu corpo de pedra. ― Até parece viva.
"Rhysand"
Eles se encararam quando ouviram a voz na mente de ambos. Não falaram em voz alta, mas podiam perceber pelas expressões nos rostos que haviam ouvido o mesmo som. O nome de seu grão senhor e também amigo.
"Rhysand"
Observaram a estátua vendo que era impossível que se mexesse, qualquer movimento seria captado pelos dois.
― Pode ser mesmo? ― Morrigan indagou, mal conseguindo falar.
― Vamos. ― Azriel não a respondeu. ― Vamos levar a estátua para que nós possamos ver melhor. ― Ele trincou o maxilar.
Quando Mor e ele tocaram na peça ao atravessarem tiveram vários vislumbres de cenas com Amethyst. Momentos que eles se encontraram e cada um pode aproveitar a companhia da fêmea e como ela conseguia fazer com que o coração dos dois fossem aquecidos independente dos sentimentos que estavam sentindo no momento.
De como ela defendia ambos com sua escuridão fazendo com que os inimigos sentissem dor somente por olharem tortos para eles e ela não gostar, de como sua risada contagiava a todos e seu amor pelas coisas mais simples como o jardim que cultivava ou quando cozinhava. Gostava de ser a mãezona do grupo e se tornou uma boa amiga para todos, sempre os acolhendo e também os consolando quando passavam por momentos de chateação.
Era como uma âncora pegando a escuridão de seus corações e sumindo com ela.
Aquilo acabou sugando a energia dos dois e ao chegarem ao escritório do grão senhor, Morrigan e Azriel desmaiaram.
Cada um caindo em um dos lados da estátua.
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Todos foram chamados após aquele acontecimento. Morrigan e Azriel melhoraram ao longo das horas, mas reclamaram de cansaço como se tivessem treinado combates físicos ou mentais durante horas. Rhysand tinha certeza que aquilo era consequência da peça que eles haviam trazido, mas queria saber como era possível que uma singela estátua de pedra drenasse energia daquela forma.
Ele ficou na frente dela e não se importou de se emocionar quando viu seu rosto tão bem esculpido naquela pedra que parecia real demais. A feição de dor dela que havia ficado congelada naquele formato por causa da lança em seu peito. As mãos erguidas mostrando que estava pronta para lutar e tentar salvar a mãe dos dois.
― Filho da puta. ― Rhysand murmurou. ― Malditos, todos malditos. ― Lembrou-se dos outros assassinos.
Depois de Tamlin ficar com as asas de sua mãe, ainda havia descoberto que uma parte de sua irmã havia ficado o tempo todo na casa do inimigo e que ele poderia nunca descobrir.
― Ele passou de todos os limites. ― O grão senhor começava a ficar furioso. ― Não deixarei que isso fique impune, não ficarei aqui vendo o jeito que minha irmã morreu.
― Espere. ― Amren e Feyre disseram ao mesmo tempo.
― Também está sentindo? ― A baixinha indagou e sorriu irônica.
― Sim. ― Feyre assentiu e encarou o parceiro. ― Eu consigo sentir que tem algo vindo dela, uma energia... Há alguma coisa.
― Do que está falando, meu amor?
― Há algo nela, menino. ― Amren afirmou. ― Essa estátua não é apenas um objeto.
Cassian ainda se sentia um pouco perdido enquanto observava a discussão e levou seus olhos até a estátua. Arqueou uma de suas sobrancelhas, estava chocado ao ver como parecia ser Amethyst ali.
Sua amiga que adorava cozinhar e passar horas comendo na companhia dele e o tinha como seu degustador número um quando resolvia fazer algum prato novo.
Ela havia prometido uma luta consigo quando a tragédia aconteceu e sabia que aquilo estava balançando todos os seus amigos no círculo íntimo. Foi apenas por talvez um milésimo de segundo, mas Cassian quase gritou quando viu que os olhos dela mexeram.
Ele se afastou e todo mundo notou sua reação enquanto ele ainda mantinha seus olhos sobre ela.
― Eu sei, é real demais. ― Rhysand concordou com sua reação.
― Não, ela se mexeu! ― O general disse rapidamente.
― Como? ― Azriel indagou, mas o som quase não saiu de sua boca enquanto as sombras voltavam a ficar agitadas.
― Eu vi, ela mexeu os olhos quando Feyre a tocou. ― Cassian tinha certeza absoluta.
― Acredito que por causa da emoção, você está vendo coisas. ― O grão senhor disse com dificuldade, queria atravessar para algum lugar e parar de ver a imagem da irmã daquela forma.
― Eu vi! ― Mor disse quando a grã senhora mexeu nela por uma segunda vez. ― Pela mãe, ela se mexeu!
Quando Feyre encostou-se à lança e acabou a puxando, o som fez todos se calaram na sala e até mesmo respiravam de forma baixa.
― Não está cravada nela. ― Feyre estranhou.
― É uma lança enfeitiçada. ― Amren adivinhou. ― Usada para manter o individuo preso em algum lugar ou preso a ela, mas vivo... De algum modo alguém da Primaveril conseguiu transformá-la em pedra também.
― Não pode ser. ― Rhysand murmurou.
Cassian decidiu ajudar sua senhora quando viu que ela estava com um pouco de dificuldade para conseguir puxar aquele objeto pontudo. Puderam ver as lágrimas descendo pelos olhos da estátua e todos seguiam assustados e com o coração apertado enquanto via aquela cena.
― Pare! ― Azriel quase ordenou quando reparou nas rachaduras no corpo dela, uma já havia alcançado seus olhos e atravessava seu rosto.
Ela estava rachando, trincando completamente somente com a movimentação daquele objeto.
― Não, continuem. ― Rhysand disse e o encantador de sombras estava com a respiração ofegante enquanto ouvia os pedaços de pedra caindo no chão.
Eles podiam ver que havia pele embaixo deles.
Feyre e Cassian conseguiram puxar a lança totalmente e deixaram que ela caísse no chão quando o objeto virou pedra e quebrou quase no mesmo instante em que ela surgiu.
Os olhos estavam completamente pretos sem nada que pudesse distinguir suas íris e ela ainda tinha todos os ferimentos daquela fatídica noite quinhentos anos antes.
O rosto manchado pelas lágrimas enquanto o nariz quebrado sangrava junto com a boca e ainda havia um corte em sua bochecha e outro no supercílio. O abdômen estava marcado de forma dolorida devido aos chutes que tinha levado e as costelas quebradas assim como uma das clavículas.
As mãos voltaram a exalar a escuridão como se ela usasse luvas negras e densas.
Rhysand não pode prever seu ataque, ela explodiu em um grito com suas mãos canalizando a escuridão que havia em si e expulsando-a para fora para acabar com a iluminação do ambiente e também assustar a todos.
Sua escuridão era densa e deslizava pela pele deles como um forte vento antes de uma tempestade e fizeram bem ao manterem os olhos e a boca fechada como Rhysand havia instruído na mente de todos de forma ágil assim que ela explodiu ou então, eles poderiam ser engolidos por ela.
Logo um tom violeta surgiu pelo local como filetes de energia após a escuridão começar a se dissipar.
Do mesmo jeito que assustou a todos por ser muito súbito e também intenso, desapareceu e os braços de Amethyst caíram ficando contra seu quadril e então menos de um segundo depois, seu corpo começou a tombar para frente e o grão senhor foi rápido ao segurá-la.
Os olhos dela estavam fechados e sua respiração era ofegante, como se há muito tempo ela não respirasse com seus próprios pulmões.
O grão senhor não podia acreditar que estava com a irmã em seus braços e que ela estava viva, podia ouvir o sangue voltando a bombear por seu corpo e o coração batendo em um ritmo acelerado demais.
― Amethyst. ― Azriel deixou o nome dela escapar de seus lábios e então a moça novamente abriu os olhos, mostrando que ainda estavam pretos.
A escuridão iria eclodir novamente, mas ela acabou desmaiando nos braços de seu irmão.~~~~~~~~~~~~~~~~
Desculpem por algum erro ortográfico e até o próximo capítulo!
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A Court of Darkness and Violet [[AZRIEL]]
Fiksi PenggemarACOTAR Há muito tempo ela fez parte de suas vidas, era mais velha que Rhysand e por isso viu todos crescerem assim como viu a família aumentar. Porém, em uma noite que viu uma guerra interna acontecer entre a corte Primaveril e a corte Noturna, per...