Capitulo 1

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"Corra"

A voz na minha cabeça dizia.
Enquanto eu tentava alcançar a fronteira da corte noturna com soldados da rainha me perseguindo.
Eu não poderia fazer nada além de correr, não para salvar minha vida já que não posso morrer, mas sim para impedir que a rainha me capture, e me use como a arma que fui treinada para ser.

O vento açoita meus cabelos que aos poucos foram se soltando da trança, os galhos das árvores ferem meu rosto, meus pés doem e os ferimentos espalhados pelo meu corpo latejam, mas eu não paro, não até chegar a fronteira da corte noturna , por que lá a rainha não ousaria entrar, não com os poucos soldados que me perseguem, que ainda estão vivos por conta do veneno feérico no meu organismo e os ferimentos espalhados no meu corpo.
Essas bestas e soldados  começaram a me perseguir a dois meses, eu matei varias, mas descobri que usando meus poderes a rainha estaria me rastreando, mas eu não poderia não os usar, não quando bestas com dois metros de altura, pele escamosa, e dentes do tamanho do meu antebraços começaram a me perseguir, e quanto mais eu matava mais apareciam.

Há alguns dias começaram a aparecer bestas diferentes, não em questão de aparência, já que essas eram iguais, mas diferentes das outras suas garras continham veneno feérico, e foi isso que me ferrou, fui ferida uma vez, um corte profundo no meu abdômen que se não fosse o veneno estaria curado em segundos, logo após vieram os outros ferimentos causados pelas bestas e os soldados que começaram a acompanha-las.

As bestas não vieram mais , apenas os soldados e eu quase agradeci a mãe, quase.
Meus poderes se esgotaram, e a única coisa que eu poderia fazer era fugir em direção a corte noturna, não pra procurar abrigo mas sim para avisar da possivel guerra, que descobri graças ao meu adorável soldado e informante de Hybern, agora morto pelas minhas mãos, não que ele tivesse escolha além de me dizer o que eu queria, não quando meu poder de manipulação era tão forte.

Decidi ir até a corte noturna pois era bem mais provável que eles acreditassem em mim, além do mais eu poderia deixa-los ver em minha mente, se eles não quisessem acreditar eu iria embora, libertaria Fenrir e partiria para outro continente, pois não planejo perder meu tempo com tolos que acreditam que a paz prevalece por tempo demais, não é assim que acontece.

E cá estou eu, fugindo em uma floresta de alguma corte que faz fronteira com a noturna, não sei dizer qual já que não tive tempo nem pra comer, não com esses soldados me perseguindo, escuto passos não muito longe de mim e acelero ainda mais.

- Por quê correr princesa? - gritam-
Não vamos machuca-la, muito.

Consigo ouvir a risada dos outros conforme eles se aproximam.

- Se parar de correr e se entregar nós prometemos não demorar com você - diz outro - iremos ser gentis, eu prometo - ele diz com falsa sinceridade.
- Fale por você - diz outro e escuto mais risadas.

Eles estão se aproximando.

Seja lá o que eles planejam para mim não vai ser apenas me levar a rainha, eles irão fazer coisas piores antes, e eu me recuso a desistir.

"Você não cede"

"Você não teme nada"

Era o que a minha mãe dizia enquanto me treinava.

Por isso continuo correndo ignorando o latejar constante de meus pés e meus ferimentos ardendo.

Só mais um pouco...

Não, não, não, não...

Paro quando chego a beira de um penhasco, alto demais para eu pular sem quebrar muitos ossos, ossos demais para que me cure antes que os soldados me alcancem.

Seus passos se aproximam.

20 metros separam eles de mim.

Saco minhas espadas gêmeas me preparando para a luta.

15 metros .

Busco meus poderes mas não consigo sentir nada, não pelas próximas horas.

10 metros.

Fico em posição de batalha, não deixarei ser capturada sem lutar.

5 metros.

Eles emergem da floresta com sorrisos maliciosos, começam a se aproximar devagar conforme eu me afasto para mais perto do penhasco.

- sabe, procuramos pro você há muitos dias - o mesmo que gritou pra eu parar fala, o sorriso malicioso nunca deixando seu rosto - esperamos que você pelo menos nos recompense pelo nosso trabalho árduo, já que você não facilitou nada para que a escontrassemos - fala com uma gentileza claramente falsa, consigo ver a crueldade em seus olhos negros.

- Vai pro inferno - rosno, e rápido demais arremesso uma de minhas facas na testa de um soldado que ousou se aproximar demais.
- Vadia! - ele rosna, ódio no seu olhar direcionado a mim - paguem-na!

Um por um os soldados atacam, e um por um eles caem, apesar de estar mais lenta que o normal eu ainda me esforço ao máximo, cerca de 15 soldados estão mortos agora e os 5 que sobraram me olham com ódio nos olhos frios.

O que eu imagino ser o lider da um passo a frente a medida que os outros o seguem.

- Sabe, iríamos ser gentis com você - a mentira praticamente pingando em cada palavra - mas você escolheu o caminho mais dificil - sua voz fica grave quando ele se aproxima mais dois passos, cerca de dois metros nos separando - quando terminarmos com você, vai desejar nunca ter fugido.

Então, mais rápido do que minha visão turva consiga ver, ele atira um pó em minha direção, com uma cor que não consigo definir devido a minha situação precária, mas que sinto os efeitos imediatamente, não tenho tempo de desviar conforme o veneno entra em meu organismo e age rapidamente me deixando mais fraca a cada respiração.

Nem tenho tempo de impedir o soco que atinge meu maxilar, o deslocando, depois desse outro soco atinge minha barriga me tirando o ar e me fazendo cuspir sangue, a dor reverberando por cada músculo do meu corpo.

Tento atacar mas em um segundo minhas espadas estão em minhas mãos e no outro elas estão no chão, e o líder que me atacou me dá um chute na perna fazendo com que eu fique de joelhos.

2 soldados seguram meus braços me mantendo de joelhos enquanto o lider para na minha frente. Ele segura em meu queixo forte demais.

Cuspo sangue no chão e o olho com ódio no olhar.
- Se você não fosse tão selvagem eu até poderia toma-la para mim.
Seria gentil, mas você não nos dá escolha a não ser doma-la, como o animal que foi treinada para ser.

Ele aproxima seu rosto do meu e eu aproveito a chance pra lhe dar uma cabeçada, um crack é ouvido conforme ele grita, ele cambaleia para trás segurando o nariz quebrado e me olha com ódio no olhar, ele se aproxima de mim e eu só sinto meu rosto arder e minha cabeça virar com tudo pro lado, o tapa que ele me dá é forte o suficiente para aumentar minha dor de cabeça e deixar a marca de sua mão em meu rosto.
- Tirem a roupa dela! - Ele grita e rapidamente é obedecido.
O desespero passa por mim me fazendo arregalar os olhos e procurar qualquer grama do poder avassalador dentro de mim.

Nada.

Meu grito de ódio quando os soldados rasgam minha blusa deixando a mostra meu sutiã preto de renda é alto, muito alto.
Sou jogada brutalmente no chão, tento me levantar e ataca-los com minha faca, mas outro soco me atinge me fazendo cair no chão ainda de joelhos.

Minha visão está turva, eu estou fraca, mal consigo me mover.

-Agora - o líder diz desabotoando a calça com um sorriso malicioso no rosto conforme os outros riem - vamos nos divertir com você e depois a levaremos de volta.

Eles se aproximam mas antes que tentem fazer algo um estrondo é ouvido conforme um ser com asas pousa com tudo no chão atrás deles espalhando neve com o impacto, a única coisa que consigo ver antes da escuridão me consumir são pedras azuis e seus olhos cor avelãs me fitando com um ódio gélido , não direcionado a mim mas vendo o que me foi causado, e os gritos dos soldados conforme ele os destroça um por um.


























Espero que gostem.
Bjs.

Corte de Sombras e Lâminas ( REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora