What Lovers Do | Winrina

5. Traitor

O apartamento onde Minjeong morava com o namorado estava completamente escuro, com exceção da sala de estar, mas sendo iluminada apenas pela televisão ligada em um canal qualquer. Passava algo sobre animais do ártico, alguma coisa assim e a loira deitada no sofá não estava prestando atenção em absolutamente nada que o narrador do programa dizia, seus olhos apenas estavam abertos e ela estava assistindo, mas sem esboçar reação.

Aquela foi a primeira vez que ela chegou tarde do trabalho desde que foi contratada pelo escritório, de última hora a loira decidiu adiantar suas papeladas e acabou ficando duas horas a mais em sua sala. Para seu chefe que gostava de funcionários dedicados, aquilo era ótimo, mas para Minjeong que na verdade estava procurando um refúgio da sua realidade, foi simplesmente péssimo. Enquanto estivesse trabalhando, não iria pensar na sua história de amor trágica com Cha Eunwoo, mas quando suas obrigações acabaram, ela não teve outra opção a não ser ir embora e dirigir pelas ruas vazias de Seoul com lágrimas escorrendo de seus olhos.

Quando ela chegou, sequer se importou em tirar suas roupas que ficaram no seu corpo o dia inteiro, não sentia fome e muito menos tinha coragem de entrar no quarto porque sabia que a cama ainda estava bagunçada por conta da noite passada. Minjeong apenas se jogou no sofá, colocou em um canal aleatório e ficou ali se afundando na sua própria tristeza em silêncio.

Eunwoo estava de plantão esta noite, mas muito provavelmente ele não voltaria para casa tão cedo de qualquer forma. Por quê ele se daria o trabalho de voltar para sua namorada quando poderia muito bem passar horas e horas com sua amante?

Amante essa, que agora tinha um nome.

Karina.

E ela o deixava louco.

Minjeong se perguntou o que os dois faziam para seu namorado ficar naquele nível de desejo por outra mulher, ao ponto de chamar o seu nome enquanto dormia, com certeza deveria ser muito bom e o fazia se sentir satisfeito ao extremo. Quando a loira parou para refletir sobre os últimos dois dias, começou a pensar em algumas coisas sobre o comportamento de Eunwoo e a ligar alguns pontos na cabeça.

Quando você deixa uma roupa no varal por vários dias ao invés de recolher no que estiver seca, ela vai perder o aroma de limpeza que fica impregnado no tecido quando sai da máquina, mas se você recolhe a roupa assim que ela fica totalmente seca, o cheiro de amaciante e sabão em pó vai estar ali bem forte.

Por dois dias seguidos, Eunwoo chegou em casa com aquele perfume completamente grudado não apenas nas suas roupas, mas em seu corpo também. Não seria possível que ele estivesse daquele jeito se por um acaso, tivesse encontrado a amante no começo do dia, por exemplo. Aquela linha de raciocínio de Minjeong estava a fazendo pensar que seu namorado transou com outra mulher pouco antes de transar com ela, isso explicaria a razão para ele ter chegado duas horas mais tarde que o normal.

E agora ele deveria estar nos braços da amante, indo a loucura com ela enquanto sua namorada estava com o coração despedaçado em casa.

Provavelmente, o rapaz iria chegar em casa pela manhã com as roupas cobertas daquele perfume, o gosto de café amargo na boca, os arranhões no peitoral e o cabelo todo bagunçado como se tivesse corrido uma maratona. A loira se perguntava diversas vezes seguidas, o quê ela havia feito de tão errado para merecer esse tipo de coisa. Ela estava se sentindo humilhada, enganada e constrangida de saber que seu namorado gentil e amável, estava sendo tão cruel com ela ao ponto de não se importar em foder com a amante antes de voltar para casa, onde ele encontraria sua namorada que o amava demais, lhe esperando para jantar e saber sobre o seu dia no hospital.

O seu celular começou a tocar de repente e na tela aparecia o contato de sua melhor amiga. Minjeong suspirou, seu dia havia sido tão agonizante e ruim, que ela simplesmente se esqueceu que desmarcou o almoço com Aeri por não sentir fome. E como a intuição da japonesa nunca falhava, ela não hesitou em ligar para sua amiga porque algo dizia que as coisas não estavam boas.