( BÔNUS )

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°°° Duas décadas e alguns anos atrás °°°

Eu odiava Hospitais, aquele cenário era tão deprimente e melancólico, e o cheiro de sangue que parecia mais com ferrugem e álcool, e impregnava por todos os lados que podia sentir o gosto na boca, mas eu só tinha um motivo para esta ali e esse motivo me fazia ate esquece a repulsa que tinha sobre áreas hospitalares e agulhas.
Eu sempre fui filho único, ate que conheci a Julia ela era a garota mais brilhante que alguém possa chegar a conhecer, sorte de quem a tem, e eu me sentia sortudo por isso, a vida me trouxe uma amiga mas eu acabei ganhando uma Irmã de outra mãe. Abri a porta do quarto, assim que entrei naquele pequeno quarto ela me olhou e sorriu ela segurava a filha nos braços.

— Olha quem veio me ver. – Julia disse sorrindo.

Ela parecia muito mais abatida do que o normal.

— Achou que eu esqueceria o meu chaveirinho. – Sorri.
— Esse apelido acaba com a minha alto estima sobre crescer. – Rimos.

Ela sorria, um dos sorrisos mais lindos que já vi, me sentei em uma poltrona ao seu lado.

— Como você esta? – Perguntei.
— Forte como um cavalo. – Ela disse.
— Como os de corrida? – Perguntei.

Ela afirmou abatida, mas não parava de sorri, seus olhos estavam fundos e sua pele mais branca do que o normal quase sem vida, vela assim me doía tanto, eu queria a arrancar dali e a levar para longe a salvar da quela maldita doença, mas eu nada podia fazer, o estágio dela já estava muito avançado e eu apenas tive que aceitar a decisão dela de esperar pela morte, depois de ter discutido muito sobre isso e ate ficado com raiva no começo.
Não que a morte me causasse medo, mas quando envolve um anjo, causa dor! Eu não conseguia entender porque ele a escolheu, ela realmente era um anjo, nunca fez mal a ninguém, mas acho que é isso Deus leva os bons para ficar com ele e deixa apenas nos aqui o pobres de alma para aprender ate o dia em que ele nos leva também e ai irmão você realmente vive, porque por aqui estamos apenas de passagem.

— Você pensou no que te disse? –Ela disse curiosa.
Eu a olhei lembrando de tudo que ela me falou durante esses dias que se passaram.
— Nenhuma chance de você procurar pelo Miguel? – Perguntei apreensivo.
— Eu não faço a mínima ideia de onde ele esta Guilherme, e não tenho mais ninguém você sabe e meu tempo aqui esta acabando. – Ela disse olhando para a criança em seus braços.
— Eu só não sei se serei capaz de algo assim. – Confessei.
— Eu não confiaria algo tão importante assim a você se não achasse é capaz. – Ela disse confiante.
— Estamos falando de outra vida Julia, uma criança. – Argumentei.
— Você pode fazer isso Guilherme eu sei disso, eu sinto que é com você que devo deixá-la. – Suspirou. — Eu sei você é novo ainda e tem muito que viver e eu estou-te pressionando a fazer uma coisa que não é sua obrigação, mas não tenho família nem com quem deixá-la. – Ela disse triste.
— Você tem família Julia, você é minha família, eu só tenho medo de machucá-la. – Confessei.
— Você nunca vai machucá-la Guilherme, você será importante pra ela, toma pega ela. – Ela disse e sorriu estendendo os braços em minha direção.
— Será que devo, ela é tão pequena. – Disse receoso.
— Não a segredo nenhum e ela já tem quais um ano já é bem fortinha, veja.

Ela me mostrou como pegar e eu peguei aquele pequeno ser em meus braços, que me olhou de uma forma diferente eu fitei seus olhos azuis e uma sensação estranha porem boa me inundou por dentro. Olhos azuis como o mar, posso tocá-los? A criança sorriu como se adivinha-se meus pensamentos e naquele momento eu tive certeza que já a amava.

MEU QUERIDO PAPAI II [ F ]Onde histórias criam vida. Descubra agora