Terra sem lei

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O espelho cuspiu Yamaguchi como se ele fosse um pedaço de carne indesejado, de volta ao salão, como se nada tivesse acontecido. Mas tudo parecia ter acontecido lá dentro. Seu corpo formigava, e ele não conseguia ficar de pé.

Precisava ir embora dali o mais rápido possível. Quanto tempo ficou dentro do espelho, revivendo aquilo? Estava cansado, só queria voltar para o seu navio...

As coisas se embaralhavam na mente, mas Tadashi se concentrou em chamar toda a tripulação para o navio; pouco importava se faltava conserto, poderiam parar num lugar seguro depois. Quando chegou no corredor, avistou Natsu saltitando ao lado de Kenma, e ele se sentiu mal.

— Natsu, vamos embora. Vá procurar seu irmão. — Tadashi passou correndo por eles, sem se dignar a dar atenção ao loiro, numa forma de se sentir um pouco melhor.

— Mas, Guchi... — ela tentou argumentar, mas o olhar severo que recebeu a fez obedecer.

Agora.

Natsu deu um suspiro triste, mas Kenma deu um sorrisinho pequeno e a deixou no corredor para que pudesse ir embora. Enquanto isso, Yamaguchi gritava o nome de todos os seus tripulantes, ordenando que fossem para o Ophelia imediatamente. Tsukishima não estava em nenhum lugar. Ótimo

Ele finalmente achou o quarto de Tanaka, e suspirou aliviado ao vê-lo sentado na borda da cama, embora estivesse conversando com Kuroo e Kiyoko. O capitão parou antes de entrar para ouvir.

— Você me disse que amava uma tal de... Yachi. — murmurou, atordoado. — Mas o Kuroo acabou de dizer que você estava do outro lado da ilha. Isso... isso está confuso. — Tanaka balançou a cabeça, como se quisesse espantar algo da memória. Os outros dois piratas se olharam.

Yamaguchi queria aparecer no quarto de um jeito dramático e dizer que sabia o que era aquilo, mas não podia dar as respostas de bandeja assim, um nó estranho na garganta o impedia, então apenas continuou escutando.

Kiyoko parecia bem assustada com a ideia de machucar Ryuu, mas não ousou confortá-lo com um abraço porque talvez não fosse a melhor hora. Um estalo surgiu em sua mente, e ela estalou os dedos para chamar a atenção de ambos.

— Akaashi me disse uma vez que o Porto dos Lamentos reconhecia os mortos que afundavam nele. — Shimizu disse devagar. — Eu não... nunca faria isso com você, Tanaka. Mas e se a pessoa que você viu na verdade era a Yachi, brincando com a sua cabeça?

— Certo, acho que faz sentido. — Tetsurou assentiu, convencido da história. — Essa ilha é esquisita mesmo.

— Mas porque ela faria isso? Quero dizer, ela morreu, né?

Um silêncio desconfortável se instalou no quarto, e para o desespero de Tadashi, ele espirrou. Alto.

— Sabia que tinha alguém ouvindo. — murmurou Kiyoko, arqueando uma sobrancelha para ele. — Quer dizer alguma coisa, Tadashi?

Sim, sim ele queria dizer!

— Se não tiver nada a complementar, pode ir embora. — ela disse séria.

— Hm, a Yachi era rancorosa? — Yamaguchi perguntou, ignorando o tom de voz impaciente dela. Kuroo assentiu com veemência, sem dar espaço para hesitação.

— O que isso tem a ver? — Tanaka ficou de pé, duas vezes mais confuso.

— Acho que... ela queria levar Tanaka para o fundo do rio. Yachi ainda tem raiva por não ter sido salva do acidente que a matou, e quando percebeu que Tanaka estava se tornando especial, tomando seu lugar, ela tentou impedir.

𝐎𝐡, 𝐎𝐩𝐡𝐞𝐥𝐢𝐚!; TsukkiyamaOnde histórias criam vida. Descubra agora