O dia estava claro, o cheiro de morangos frescos inundava o nariz do pequeno Kei. Atrás dele, correndo, Tadashi tentava desesperadamente não derrubar a cesta de frutas na grama.
— Ei, me espera! — ele gritou entre risos. Até que Kei finalmente parou, as mãos apoiadas nos joelhos, e esperou o menor.
— Você é muito devagar! — reclamou, pegando gentilmente a cesta das mãos de Yamaguchi. — Aqui, me deixa segurar isso. Já chegamos.
— Finalmente! — Ele ignorou ser chamado de devagar, e entregou a cesta para Tsukishima antes de se jogar na grama macia.
Sua memória mais antiga. Ele não sabia dela, mas algo sussurrou para dentro de sua mente. Um calor agradável invadiu seu peito.
— Por que me trouxe aqui, Tsukki? — o esverdeado perguntou, virando o pescoço para ver o garoto se sentar ao seu lado. Tão delicado, tão... nobre. O apelido o fez sorrir de leve.
— Porque esse é um dos meus lugares favoritos, Yama. — A pronúncia de seu nome saiu meio arrastada por causa da falta de sotaque nômade. Tadashi gostava assim, sentia seu estômago embrulhar. — E queria que minha pessoa favorita conhecesse.
Oh, aquilo sim fez o estômago de Yamaguchi dar cambalhotas. Ele era a pessoa favorita do Tsukki? Assim como ele era a de Tadashi? Ah, como estava sorrindo naquela hora!
— É-é muito bonito, Tsukki! Muito mesmo! — Yamaguchi deu uma risada nervosa, escondendo as bochechas vermelhas com as mãos.
— Não é!? E acho que fica mais bonito ainda quando você faz parte da paisagem. — Kei não demonstrou, mas atrás da cesta de morangos, seus dedos se contorciam em nervosismo.
Vendo o esverdeado sorrindo daquela forma, o príncipe teve uma vontade enorme de beijá-lo. "O que está acontecendo comigo?" Pensou desesperado.
— Tsukki, pare com isso! — disse baixinho, recobrando a postura normal e se sentando também. — Não faço parte de paisagem nenhuma, ou então você também faria! Estamos juntos aqui.
— Sim, juntos... — ele murmurou, mas por sorte o outro garoto não o ouviu.
— Agora, vamos comer essas belezinhas!
Tadashi atacou a cesta primeiro, tirando-a do colo de Kei e colocando dois morangos de uma só vez na boca. O loiro gargalhou, pegando um morango e mordendo devagar. Às vezes, Yamaguchi queria que Tsukki fosse menos formal; ele pagaria caro para ver aquele príncipe sujar os lábios enquanto come.
O sol estava se pondo enquanto os garotos conversavam sobre seus gostos em comum e comiam morangos. As frutas estavam doces, mas algumas premiadas os faziam ter reações hilárias, tipo caretas involuntárias ou xingamentos — cortesia do extenso vocabulário de Tadashi.
Havia um último morango no fundo da cesta, e distraídos, suas mãos se encostaram. Uma sensação estranha percorreu o corpo de ambos, mas nenhum deles soltou o morango.
— Meu! — gritaram juntos. Kei cerrou os olhos, ao passo que Yamaguchi deu um sorriso puramente mortal.
Num piscar de olhos, o pequeno Tadashi pulou em cima do amigo, jogando a cesta na grama, e iniciando um ataque de cócegas na barriga dele. O pirata soltou algo como uma risada abafada; estava sendo divertido. Tsukishima não conseguia parar de rir para se defender, estava ficando sem ar e a única coisa que podia ver com clareza era o sorriso enorme de Tadashi, sobre si.
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𝐎𝐡, 𝐎𝐩𝐡𝐞𝐥𝐢𝐚!; Tsukkiyama
Fanfiction"Yamaguchi fechou o livro velho e suspirou. Já tinha lido aquela história milhões de vezes antes de dormir, e sonhar com aqueles piratas não era novidade alguma para ele. Mal sabia se esse tal de Tsukishima tinha mesmo existido, e em qual época, exa...