Negócios de prisioneiro

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É, ser pirata definitivamente não é fácil. E isso inclui ser sequestrado por Tsukishima Kei em uma ilha recém descoberta e não catalogada em mapa algum.

Assim que Yamaguchi abriu os olhos, se viu sentado num chão de pedra em um lugar úmido e fechado. O restante de sua tripulação recobrava os sentidos também, e ele notou que Natsu não estava entre eles.

— Natsu... Cadê ela? O que fizeram com a garota? — ele gritou, sua voz ecoando por todo o lugar. Yamaguchi tentou ficar de pé, e finalmente sentiu as cordas apertando seus pulsos e tornozelos.

— Ela está bem, não se machucou. — uma voz grossa respondeu, a mesma voz que o cumprimentou no navio.

A respiração de Yamaguchi ficou entrecortada, seus instintos apitavam em alerta, dizendo para não confiar naquele loiro de sorriso sádico. O barulho das correntes voltou quando Kei saiu de uma sombra e se aproximou dos piratas; um calafrio percorreu sua espinha ao notar que havia grilhões ao redor dos tornozelos e pulsos dele.

— Capitão, você sabe onde a gente tá? — Tanaka perguntou baixinho, do seu lado esquerdo.

— Ainda na ilha. Não se preocupe, vou dar um jeito de tirar a gente daqui.

— Ah, mas vocês acabaram de chegar! — Tsukishima fez um biquinho triste, ficando de frente para Tadashi e fazendo uma sombra acima de si.

Os dois piratas ficaram se encarando, o loiro com um sorrisinho cínico nos lábios. Um fio de luz do sol atravessou uma janela, e o sangue de Yamaguchi ferveu quando viu seu colar no pescoço de Kei, como se fosse um prêmio.

— Meu colar! — Ele rugiu, finalmente soltando as amarras dos pulsos com a pequena navalha que Ryuu tinha passado para suas mãos enquanto se falavam, e pulou em Kei.

O clique de três pistolas foi acionado, um após o outro, mas Yamaguchi ignorou os três rapazes sérios que estavam no mesmo buraco escuro que Tsukishima havia saído, este que apenas o olhava com tédio ao desviar dos inúmeros socos e mãos leves que iam na direção do seu pescoço.

Aborrecido, Tsukishima os trocou de posição e segurou os braços de Yamaguchi com uma força que não devia ser possível com apenas uma mão, abrindo a navalha do esverdeado com precisão. Ele passou a lâmina pela pele cheia de sardas na região da garganta e puxou uma cordinha...

O colar.

— Procurando por isto aqui? — ronronou, a expressão neutra.

As palavras sumiram da mente do capitão. Como, dentre todas as coisas que poderiam ter em comum, eles tinham justo aquele colar? Isso deveria significar alguma coisa, certo?

— C-como você...?

— Certo, rapazes, podem desamarrar os... — quando seu olhar foi até o restante da tripulação de Tadashi, todos estavam de pé e com as armas em punho, mirando unicamente em Kei — outros. Vocês são bons. Já vocês são horríveis. — Esta última frase, mesmo que dita com ironia, foi dedicada à própria tripulação, que desceu um pequeno degrau sem dizer nada.

Ainda faltava uma pessoa, aquela dos pés leves.

— É óbvio que somos bons. — gabou-se Yamaguchi, aproveitando aquela brecha de distração para pegar sua navalha de volta e empurrar o pirata para longe do seu corpo e voltar para perto dos seus amigos.

Olhando Tsukishima melhor, ele não tinha cara de ser pirata, nem de longe! Kei era magro demais, sua coluna parecia um ponto de interrogação quando estava parado, e ele parecia ser bem desmotivado com a própria vida — Yamaguchi conheceu pessoas assim, então ele sabe como elas são.

𝐎𝐡, 𝐎𝐩𝐡𝐞𝐥𝐢𝐚!; TsukkiyamaOnde histórias criam vida. Descubra agora