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Retirei rapidamente a minha mão — que estava em contato direto com a de Theo — do câmbio e limpei a garganta, o que causou certo constrangimento e silêncio no carro.

— Skye, eu...

— Estou namorando Theo, você o viu.

Ele é um robô, mas é meu namorado.

— Eu sei, mas achei que...

— Eu não posso fazer isso com ele. — disse firme e Theo soltou o ar lentamente.

— Senti saudades, eu queria apenas que relembrássemos aquele tempo.

— É impossível Theo, eu já disse que estou comprometida.

— Tudo bem. — ele suspirou.

Mantivemos-nos em silêncio até que chegasse ao mercado pequeno que havia ali. Descemos e logo adentramos o local, que continha um sininho na porta para anunciar a chegada dos clientes.

— Não vou demorar. — Theo disse educadamente e assenti.

Caminhei até as prateleiras de salgadinhos, peguei alguns, assim como chocolate, macarrão instantâneo e algumas embalagens de pipoca de microondas. Não me critique, sou terrível na cozinha e não quero escravizar Zander, só sexualmente.
Enfim... Juntei tudo e coloquei no balcão da senhora Thompson, que estava sempre sorridente e atendia-nos com tremenda educação.

— Só besteira menina. — ela disse rindo enquanto passava e ri também.

— Sabe como é senhora Thompson, muito estudo da ciência, pouca habilidade na cozinha. — me defendi e ela riu.

— Aqui. — Theo disse chegando com alguns alimentos não perecíveis.

Fiz o pagamento das minhas comidas — lê-se besteiras — e então esperei até Theo terminar de ser atendido. Assim que o fez despedi-me da senhora Thompson e seguimos para o carro.

— Seu namorado é estranho. — Theo disse assim que dei a partida.

— Theo...

— Ele fala diferente, digo, quem no mundo fala "fazer foda"? — ele disse fazendo aspas com os dedos e suspirei.

— Ele só é diferente.

— Ele é problemático.

Parei o carro de uma vez e Theo quase ia atravessando o parabrisa. Talvez eu tenha exagerado, mas aquilo estava me irritando.

— Não fala assim do Zander, ouviu?

— Mas...

— Se prefere continuar, pode ir andando. — disse firme e ele me olhou surpreso.

— Ótimo. Pernas foram feitas para andar, huh? — ele rebateu desafiador e saiu do carro.

O insolente ainda teve a audácia de bater a porta do carro com força, mesmo com as mãos ocupadas com suas sacolas.
Que abusado! Acelerei o carro na estrada de terra e apenas vi a poeira cobrindo todo o espaço atrás de mim pelo retrovisor. Ninguém fala assim do meu Z.

* * *

Zander estava um pouco sério durante todo o tempo em que precisei para guardar as compras e organizar algumas roupas que tinha ali e outra que havia trago na mochila.

— Você está bem? — perguntei enquanto dobrava uma blusa.

Ele estava quieto e silencioso, sentado na cama do quarto em que decidimos ficar — entre os três da casa — e o olhei brevemente.

— Estou.

— Está mesmo? — indaguei, parando o que estava fazendo para olhá-lo.

— Não. — ele disse firme e franzi o cenho.

— O que houve? — perguntei me aproximando dele para tocar seu rosto, mas ele virou-o. — Zander?

— Eu vi você saindo com o humano. — ele disse firme.

— Ele me pediu um favor.

— Deveria negar.

— Zander...

— Consigo sentir o seu cheiro diferente quando está perto dele. — ele disse e franzi o cenho.

— Cheiro?

— Quando fazemos foda. — ele disse e enrugou o bico com raiva, me fazendo ficar perplexa.

— Ora, o que temos aqui? Um robôzinho ciumento? — disse rindo e sentei em seu colo.

— Não é engraçado. — ele disse e me olhou firme.

— Achei que tínhamos vindo para cá para relaxarmos e fazer muita, muita — fui me aproximando da sua orelha —, muita foda. — disse num tom sedutor.

— Você já fez foda com ele?

Afastei-me um pouco para encará-lo e o meu robôzinho parecia não estar muito a fim de fazer foda ou ao menos brincar um pouco.

— Por quê isso importa? — perguntei.

— Porque eu sou seu namorado.

— E isso é meu passado, não conta.

— Para mim, sim. — ele disse firme.

— Zander, não é agradável...

— Você já fez foda com ele, sim ou não Skye? — Zander disse mais firme que nunca e levantou de vez, me fazendo cair de seu colo no chão.

Confesso que aquilo me assustou e ter ele de pé na minha frente, me olhando com severidade e cenho completamente tomado por raiva me fez sentir ainda mais apavorada.

— Zander, o que... — disse muito baixo e ele se agachou à minha altura no chão.

— Por quê está no chão? — ele perguntou e quando olhei sua face parecia confuso.

— Está brincando comigo?

— Você se machucou? — ele perguntou preocupado e me tomou em seus braços.

— Zander...

— Foi o piso? — ele perguntou de forma sincera.

Tudo bem. A única coisa que pode explicar essa sua mudança repentina é uma pane nos sistemas de Zander, e se fosse isso mesmo, não seria seguro tê-lo por perto.

Metalic CrushOnde histórias criam vida. Descubra agora