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• Segunda-feira •

Cheguei ao laboratório toda sorridente.  Como poderia não estar, huh? O meu final de semana na casa de campo foi regado — lê-se embriagado — de sexo e Zander me dando carinho e atenção de uma forma que nunca tive antes. 

Estava completa e feliz de uma forma que julguei nunca ser possível.  Sentia como se nada mais faltasse em minha vida, como se a plenitude pessoal, profissional e amorosa tivessem de fato me alcançado e me tornassem uma mulher decididamente feliz.  Feliz até não caber mais. 

— Bom dia doutora Weltin. — ouvi a voz de Heinz e sorri largo. 

Abracei-o forte por alguns segundos e logo depois olhei em volta para o meu setor, vendo pelas janelas que havia um homem lá usando uma das pipetas na vidraçaria maior. 

— Quem é aquele cara? 

— É o novo cientista! Doutor Sherman.

— Você não disse que ele trabalharia comigo. 

— Física quântica, dãh! — ele riu e bateu na minha testa. 

O tal doutor Sherman virou e nos viu pela janela, sorriu largo e acenou com as luvas brancas de látex. Heinz acenou de volta tão animado que parecia uma líder de torcida em dia de campeonato. 

— Ele é gay? — perguntei e Heinz fingiu que iria chorar. 

— Não! — ele grunhiu

— Já tentei me esfregar nele, mas ele é hétero. — ele disse com um tom de desdém e ri. 

— Olha aqui, você não vem não! — disse e ele riu. 

— Enfim né... — ele me puxou pelo punho e me levou até a porta — Trate-o bem, porque ele é um anjinho. 

Rolei os olhos, mas Heinz me olhou com tamanha indignação que apenas ergui as mãos em sinal de rendição e adentrei a sala com extremo cuidado, fechando a porta em seguida. 

— Bom dia doutora Weltin.— ele sorriu e veio até mim, livrando-se das luvas.

— Bom dia doutor Sherman. 

— Vejo que Heinz já falou de mim. 

Ok, o sorriso dele era muito bonito. 

— Sim, ele me falou muito de você. — ri e ele corou.
Fofo. 

— Ele me contou da sua pesquisa sobre Espaço e Tempo. 

— Contou? 

— Sim. Eu tinha alguns rascunhos anotados, uns dois anos atrás também iniciei pesquisas sobre isso, mas parei. Se quiser, eu gostaria muito de ajudá-la. 

— Claro! — sorri e assenti. 

— Acredito que será ótimo trabalhar junto a uma doutora tão renomada e, com todo respeito, linda. — ele sorriu e ri fraco, um tanto quanto sem graça. 

— Obrigada. 

— Não precisa agradecer. 

— Estava estudando tecidos?

—Sim, alguns com reagente. 

— Ok. Posso dar uma olhada? 

— Claro! — ele sorriu e gesticulou para que eu caminhasse de forma educada. 

*** 

— Oh meu Deus! Está falando sério? — gargalhei. 

— Muito sério! O rato ficou muito louco e saltou na cara do senhor Hunter! — ele disse e bati com a mão na testa. 

— Isso é tão maldoso! 

— Eu juro que não fui eu! — ele disse e ri mais. 

— Hm! Vejo que estão se dando bem! — Heinz disse chegando e passando os braços em meus ombros e nos de Daniel. 

— A doutora Weltin é incrível e muito paciente para ouvir as minhas piadas sem graça. 

— Ah, elas até são engraçadas! — disse e rimos. 

— Não são não! — Heinz disse gargalhando. 

— Isso é crueldade por que sou novato? — Daniel disse e nós dois rimos muito. 

— Isso porque não viu a nossa chefe. — disse.  Daniel ficou meio assustado, mas eu e Heinz gargalhamos e o clima tenso sumiu antes mesmo de se instalar.

Suspirei para me recuperar da sequência de risadas e olhei a tela do telemóvel, notando que o expediente tinha chegado ao fim. 

— Queridos, a dor do parto é grande — disse e Heinz bateu na testa por já conhecer a continuação —, mas eu tenho que partir. 

— Essa é boa. — Daniel riu. 

— Não. —Heinz disse indignado e rimos. 

— Enfim, se puder me mandar os seus artigos ainda hoje eu ficaria muito grata. 

— Mas eu não tenho seu contacto. — Daniel disse inocentemente e assenti. 

Peguei papel e caneta e tratei de anotar o número nele, entregando em seguida para Sherman. Deixei um beijo no rosto de Heinz, abracei-o e em seguida cumprimentei Daniel com um aperto de mãos. 

Retirei os EPI's, lavei as mãos e segui para o meu carro ansiando por encontrar o meu robôzinho lindo todo carregado só para mim.  Abri a porta de casa e encontrei Zander totalmente despido, usando um chapéu de cozinha e batendo — o que deduzi ser — massa de bolo numa tigela grande. Seu rosto estava sujo de farinha e tive que rir. 

— Oh meu amor! — sorri e fui até ele, deixando um beijo em seus lábios. 

— Minha linda namorada humana. — ele sorriu

— Achei que daria tempo de preparar o bolo para você antes que chegasse, mas as embalagens são mentirosas! — ele disse indignado e ri. 

— Sim meu príncipe, elas mentem! — disse e ele fez bico. 

— Esses humanos... — ele disse e rolou os olhos, me fazendo fingir indignação — Menos a minha namorada, que é quente e apertada.

Arregalei os olhos e me entalei com a minha própria saliva enquanto Zander ria e deixou a tigela no balcão para me abraçar e beijar de forma apaixonada os meus lábios, me fazendo sorrir automaticamente. 

— Você é perfeita Skye. — ele disse e estudei sua
expressão. 

Por um momento aquilo pareceu me machucar.  Ele era tão incrível e perfeito que chegou a me afetar, porque todo esse amor talvez não fosse nada mais do que uma programação bem feita.  Talvez não fosse mais do que automático. 

— Eu amo você Zander.— confessei e senti meus olhos marejando. Ele me encarou confuso. 

— Eu também amo você Skye. Por que está triste? Consigo sentir seu coração batendo mais lento. 

— Porque eu não sei se deveria. — disse com a voz embargada e meus olhos transbordaram um tanto. 

— Claro que deveria. Eu sou seu namorado. Nós saímos juntos, nos beijamos e fazemos foda. — ele disse inocente e ri. 

— Isso é real? — perguntei insegura e ele segurou meu rosto com as duas mãos. 

— Sim. — ele sussurrou e beijou minha testa demoradamente — E se não for, podemos inventar nosso amor como quisermos.

—Promete? 

— Prometo. — ele disse e sorri. 

Beijei os seus lábios prontamente, sentindo aquela pele extremamente macia e sempre agradável que já me causava costume e sensação de conforto. 

— Que tal fazer foda? — ele disse e ri. 

— Eu vou adorar fazer foda com você.

Metalic CrushOnde histórias criam vida. Descubra agora