Capítulo 3

61 12 15
                                    

Bárbara

Ele Insiste. 

"Oi" 

Mando apenas e ele rápido digita. 

"Me desculpa, estava enciumado." 

Estou tão chateada com a pessoa dele que nem me dou ao trabalho de responder, por isso ele continua. 

"Sinto sua falta e da nossa filha, volta para casa?" 

Meu peito aperta com o sentimento revolto.

"Não é uma conversa que quero ter com você por mensagem, mas estou bem decidida que quero manter nosso relacionamento assim." 

Sou direta, bastante decidida no que eu quero, sempre fui assim não vai ser agora que as coisas vão mudar. 

"Amanhã às três na OGN. Tchau."

Desligo o telefone completamente. 
Viro para o lado só para abraçar minha pequena anjinha. Sei que a decisão que vou tomar é muito séria, talvez a mais séria que já tomei na vida, mas não cabe a mim tentar consertar algo que não foi eu quem quebrou. 

*** 

Minha noite foi em claro, não conseguir pregar os olhos, tantos pensamentos e uma única decisão. De manhãzinha acordei Helena, dei seu café da manhã a deixando logo em seguida na escola integral. Hoje seria um dia de decisões às quais ela não poderia estar envolvida. 

Comecei cedo o projeto da ONG apenas para três horas eu estar livre. No decorrer do dia tudo deu certo, duas horas não tinha nada para resolver, aproveitei o tempo livre e fui para casa tomar um banho e colocar um vestido casual, fazia bastante calor. 

_ Já vai, filha? 

Dei de cara com minha mãe na porta de casa, concordei e dona Julia veio me abraçar. 

_ Qualquer decisão que tomar seu pai e eu vamos concordar. 

Fui beijada em cada rosto. Olhei bem para ela aceitando que sim, era tão bom ser acolhida desse jeito por eles. Não é do feitio dos meus pais se intrometer na nossa relação, sendo tóxicos para gente e nossos companheiros. 

Depois de me despedir acelerei para ONG. Victor já me esperava na minha sala, fechei a porta andando ao seu encontro mansamente com passos curtos e silenciosos. 

_ Boa tarde. 

Ele então me olhou, se erguendo da cadeira vindo até mim. Seu semblante passava uma imagem alegre, no entanto os olhos denunciava seu medo, as pupilas escuras nunca as vi tão assombradas. 

_ Boa tarde. 

Disse se aproximando mais ainda, sua boca chegou a ameaçar a me dar um beijo, porém não deixei me esquivando de pressa sentando na minha cadeira giratória, ele fez o mesmo sentando na minha frente. 

_ Eu andei pensando no que aconteceu com a gente. 

Iniciou cabisbaixo, sua voz lenta e suave. 

_ Deixei minha mãe ocupar boa parte da nossa história. 

Por fim ergueu a cabeça me fitando profundamente. 

_ Quero entender onde errei e voltar na essência do problema apenas para consertá-lo. 

Escuto calada percebendo que nada do que ele me falar vai interferir na minha decisão. 

_ Quero tentar outra vez, quero te fazer feliz. 

_ Eu não preciso de você para isso, Victor. 

Abro os braços bem óbvia. 

_ Apenas da Helena. 

ilha Onde histórias criam vida. Descubra agora