Capítulo 6

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Bárbara

Bem sonolenta forço abrir meus olhos cansados para tentar assimilar quem toca no meu rosto com as pontas dos dedos. Antes de abri-los consigo perceber ser Victor, seu toque sempre foi diferente, muito delicado para um homem forte como ele. 

_ Bom dia. 

Diz ele baixinho aparentemente sorrindo de lado. Pisco delicadamente espantando a sonolência. 

_ Hum, bom dia. 

Respondo preguiçosa. Observo seu sorriso se alargar mais percebendo minha vulnerabilidade. Confesso, de manhã é meu ponto fraco, ou acordo boba ou muito irritada, acho que ele deu sorte. 

_ Vim buscar vocês para o desjejum. 

Pisco incrédula. Tento focar bem no seu rosto e achar traços de zombaria, por não achar meus olhos ficam esbugalhados de tão perplexos. 

Em toda nossa história Victor nunca fritou um ovo sem eu pedir. O fato dele ter feito o café da manhã me impressiona muito, percebo que está se esforçando. 

_ O que foi? 

Ele pergunta me vendo ainda pasma. 

_ Não sou um desastre total. 

Dar de ombros levantando do meu lado para ir até nossa filha. Ele senta ao lado dela e assim como me acordou faz com ela, a pequena esfrega os olhinhos espreguiçando logo em seguida com um sorrisão. 

_ Bom dia papai. 

Bem feliz ela não perde tempo em dar um abraço cheio de amor nele. Observando a cena eu não me movo, adorando ver isso, o que era corriqueiro quando Helena era menor. Depois que ela ficou mais independente conseguindo fazer algumas coisas sem ajuda dos outros Victor se afastou, pelo que presumo graças a uma conversa que eu ouvi atrás da porta do escritório dele, a mãe como sempre intrometendo, dizendo que Helena estava bem grandinha e não precisava de tanto chamego assim, estava mimada. Fiquei possessa aquele dia, minha filha não seria alguém ruim por receber carinho, pelo contrário, ela seria bem mais feliz recebendo, sendo amada como ama. 

Victor deu privacidade para mim. Aproveitei para tomar banho e dar banho na minha pequena que na madrugada suor bastante, ela adorou a água mais fria. Certo que ela ficou bem fresca com vestido fino e os cabelos presos em um rabo de cavalo longo. Também uso vestido, sandália de dedo e um arco de flores que achei dando sopa no banheiro. Quando chegamos na cozinha Victor já nos esperava um pouco nervoso porque tocava no cabelo como sempre faz quando está ansioso. 

_ Estamos prontas papai. 

Helena falou e imediatamente ele nos olhou, seus olhos bonitos presos nos meus por um tempo que me deixou constrangida pela intensidade. 

_ Estão lindas. 

Seu olhar não se arquivou de mim. Engolir seco raspando a garganta discretamente, quebrei o contato visual ao ajudar Helena a sentar na cadeira com almofadas. Achei super interessante ele ter pensado nisso já que a mesa é alta. 

_ Quero cereal. 

O cesto de frutas bonitas, os pães doces e bolo com calda não chamou tanto sua atenção quanto os sucrilhos. 

_ Sua mãe liberou? 

Brincou com ela, mas mesmo assim ela me fitou com os pequenos olhos castanhos pedindo uma permissão silenciosa. 

_ Claro que pode meu amor, mas depois uma fruta. 

_ Ebaa. 

Me servi de chá e broa. Ambiciosa e muito faminta, um pedaço só não me satisfaz, peguei mais um me deliciando, era meu bolo preferido e se era pontos que ele queria acabou de ganhar mais um. 

Victor tinha acabado de tomar seu café quando escutamos a pomba. Assisti ele com os olhos buscar o animal dentro da caixa. Helena ficou triste por ver o pequeno animal machucado. Victor logo a acalmou. 

_ Ela logo vai ficar boa, é muito forte. 

Toda delicada fez carinho no animal, muito sorridente alimentou a pomba com miolo de pão.

_ Ela gosta! 

No silêncio da minha alma desejei que esse sorriso acontecesse de forma espontânea mais vezes, muito risos ao invés de choro. 

_ Como chama? 

Juntos Victor e eu fizemos caretas, não tínhamos pensado nisso, e conhecendo bem nossa filha ela já planejava o nome da pomba. 

_ Não tem. 

Victor disse, ela ponderou e com duas leves batidinhas do indicador na testa já tinha uma ideia. 

_ Pode ser amora?

Concordei sorridente, no entanto curiosa. 

_ Porque amora? 

Ela me olhou meiga. 

_ Porque é amor sem o A, e também a amora é doce, vovó Caio falou que papai do céu já foi pomba branca, mãe. E é bom né? 

Observando concordei admirada. 

_ E mãe, e se for o papai do céu fazendo minha mãe e meu pai ser amigo de novo?  

Impressionada da forma inocente que ela conseguiu expressar, puxei minha menina para um abraço forte. 

_ Você é tão especial. 

Puxei seu rostinho delicado para ela poder me ver somente. 

_ E o papai e a mamãe sempre vão ser amigos, porque temos você meu amor. 

Suspiro triste com as possibilidades. 

_ Mesmo não morando na mesma casinha ou nos vendo todos os dias, sempre seremos amigos. 

Ela me abraça apertado. 

_ Tudo bem mamãe, sei que na casa da vovó Juju a mamãe não fica tão triste igual na casa do papai. 

Uma lágrima escorre pelos meus olhos apenas ouvindo sua percepção, pois ela está totalmente certa. Olho para cima encontrando os olhos de Victor perdidos, muita dor neles.  

 _ Sinto muito mesmo… 

Escuto sua voz distante e ele se afastando de nós, dou um sorriso para minha filha lhe passando tranquilidade. 

_ Não queria falar que na casa do papai é ruim, ele ficou tristinho mamãe. 

Nego balançando levemente a cabeça. 

_ Não foi por causa de você meu anjinho, foi por coisas de adulto que ele ficou assim. 

Ela me encarou desconfiada. 

_ Jura? 

Toco seu rostinho alisando seu narizinho delicado. 

_ Juro meu amor. 

Um capítulo curtinho, por isso vou postar outro daqui um tempo

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Um capítulo curtinho, por isso vou postar outro daqui um tempo.

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