Ideias crônicas. Deixa que eu te conto

O Sal da Literatura

O sal da Literatura

Dedicado às amigas Kíssila Muzy, Drica Muniz e Luciana Lamblet,

Hoje, foi dia de lavar a alma no sal da Literatura e viver maresia de mim. Depois de dias solitários na Pandemia, almocei a experiência sinestésica de entrar novamente em uma livraria, a Macondo Café, meu oásis na Selva de Pedra.

Quantas vezes, calei alguma coisa que arranhava por dentro com um livro e um café... Nos dias mais convulsivos, encontrei naquele lugar a força para liberar a minha Fera, porque a Bela estava me sufocando! Inspiração para pensar é o dialeto da Literatura.

Fotografei na memória as paredes com cheiro de café. O toque dos dedos nas orelhas do livro, revelando mais sobre o autor, o olhar indeciso entre vários títulos. Fingir não ter preferência quando, na verdade, uma capa já capturou os nossos olhos, decidida.

Café servido com uma com conversa para jogar fora? Não.... para jogar afora, falando da vida, de projetos, de ideias, do porvir. A xícara ainda quente, com a bebida açucarada, vem com passaporte carimbado para sonhar.

As prateleiras coloridas parecem ignorar o ruído de fora, a aspereza do tempo cinza, o dia gris. Vozes diferentes se levantam em poses e figuras, que dizem tanto no silêncio, dividido entre as mãos que tateiam e as lombadas.

Um dia de banho de rio, lavando no tempo o turvo da vida. À tarde, para descansar, leitura para ser mais que uma. Experimentei as vidas que nunca tive. Nos contos de Kíssila Muzy, fui músico isolado, cantando para alegrar a Pandemia e tocando vidas que procuravam o caminho de volta.

E, quando o dia crepusculava, fui terra vermelha. Na veia da escritora, virei mulher que desertifica para neutralizar os tóxicos que envenenam um solo fértil de futuros. Antes que a noite funda me alcançasse, a força da autora, em poucas linhas, já tinha me feito vibrar, ignorando o que já nasceu cancelado pelo próprio prefixo de negação "-in", a infelicidade.