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Acordei cheia de disposição hoje, ainda são 7:00 da manhã mas já estou vestida para correr pelo quarteirão, com meus fones no ouvido com batidas animadas e deliciosas, me alongo um pouco no tapete da sala.

Ontem á noite foi um pouco...intenso. Hugo e eu nos beijamos e foi algo bom, devo admitir, mas acabamos de nos conhecer foi bem imprudente de minha parte ter deixado acontecer, até porque se César descobrir, nós dois iríamos dividir a mesma cova, mas está tudo bem afinal foi só um beijinho, que mal tem?

Meu celular toca atrapalhando meu momento pré corrida.

—Oi, gata!

—Olha só...a que devo a honra de sua ligação?

—Vamos sair hoje a noite?! Para comemorar a casa nova?

—Eu gosto dessa idéia, para onde vamos?

—Ba-la-da, e não é qualquer balada é A balada.

Dou risada, Laura e suas festas malucas.

—Qual?

—Fora de controle, a Any é uma amiga da dona e ganhamos ingressos vips.

—Tudo que é de graça eu estou aceitando, estourei o limite de meu cartão de crédito comprando as coisas da casa.

—Então está combinado! Vou confirmar e já te mando uma mensagem, beijos.

Desligo o telefone animada, preciso dançar e encher a cara hoje a noite! Faz tanto tempo que não me divirto.

Meu celular toca novamente:

—Foi rápido assim?

—Do que está falando?

Ah, é César. —Rápido em sentir falta de mim... —Minto descaradamente.

—Só liguei para saber se está tudo bem, não se deixe enganar pelos sentimentos, tá bom?

—Eu estou bem, César, por quê?

—Falei com Hugo, na academia ontem á noite ele estava um pouco agitado, não sei, parecia que escondia alguma coisa.

Engulo em seco.

—E o quê isso tem haver comigo?

—Bom, pelo histórico do Hugo eu achei que você teria sim alguma coisa.

—Do que está falando César? Vai começa a encher meu saco essas horas?

—Desculpa é só que...

—Se você não confia nele, porque deixou ele me trazer para cá?

—Eu confio nele, não diga besteiras é que o arrependimento bateu alguns minutos depois do carro dele sair do estacionamento ontem.

Dou risada. —Fique tranquilo, Irmão, eu e Hugo somos bem diferentes um do outro e ele foi bem gentil comigo.

Consigo ver a cara de aliviado de César através da ligação.

Menti. Claro que eu menti, mas sem culpa no cartório, ontem foi um deslize prematuro, jamais acontecerá novamente, é bobeira causar com isso.

—Posso ir jantar com você hoje? Estou com saudades da sua comida...

—Péssimo momento, eu e as meninas vamos para outro lugar. —Pego minha garrafinha de água gelada na geladeira partindo para fora do apartamento.

—Calma... você irá comemorar sem mim?

—Será uma noite das garotas, César!

—Está ótimo, eu levo meus garotos também.

Solto uma risada sincera:

—Ok, então está combinado, vamos com a gente vai ser divertido! Te mando o endereço depois, beijo.

  Desço do elevador cheia de animação, dou play na lista de músicas baixadas em meu celular, saio do prédio observando a rua calma pós fim de ano, todos de férias viajando por aí, tudo calmo e sereno com o som aconchegante das árvores sob a brisa do leve vento que assoa por aqui, o sol está fraco mas ainda sim aquece minha pele á amostra.

Estico os braços mais uma vez e começo a correr, meus cabelos em um rabo de cavalo parecem dançar com o vento que bate em meu rosto, meu coração aumenta gradativamente seus batimentos, minha respiração se torna mais intensa e em alguns minutos de corrida minha pele se molha de suor.

Tudo está vibrando positivamente hoje, há crianças, idosos e cachorros pelo parque, todos tranquilos e felizes com suas vidas. Dou mais algumas voltas no lago, suas águas calmas e cristalinas fazem-me ficar com mais sede, com grandes goles eu detono minha garrafa de água, descartando seu plástico na lixeira do prédio.

Dou um bom dia para o porteiro, ainda não decorei seu nome...

Ao entrar no elevador com suas portas quase se fechando, mãos ágeis as impedem.

Hugo adentra o ambiente, agora, dividindo o mesmo ar comigo.

Seu silêncio é perturbador, Hugo está paralisado a meu lado.

—Bom dia, Hugo. —Sorrio simpática.

—Bom dia.

O olho incrédula:

—Você está assim por causa de ontem? Olha foi uma bobeira, coisa do momento, eu nem me lembro mais. —Faço piada mas Hugo permanece em silêncio. —César me ligou hoje, estava desconfiado, disse que você estava agindo estranho com ele.

Seus olhos assustados agarram os meus. —Que droga, o que você disse?

—Disse que você foi bem gentil comigo ontem e que nada aconteceu, jamais me envolveria com você.

Sua expressão demonstra vergonha, parece que o ofendi de alguma forma.

—Você já se envolveu comigo.

—Foi só um beijo, Hugo.

—Então diga isso para seu irmão também. —A porta do elevador as abre em nosso andar mas Hugo a fecha novamente, travando o elevador no mesmo lugar clicando no botão de emergência.

—Digo, se você quiser levar um murro na cara, será um prazer

—Não acho que aquele seu beijinho valha um soco na cara.

Minha vez de me sentir ofendida.

—Beijinho?

Hugo sorriu vitorioso.

Eu agarro seu braço cortando a distância entre nós.

—Beijinho, já beijei mulheres bem melhores e...

Sem mais alguma palavra eu agarro sua boca ali mesmo, nossos corpos se enlaçam novamente, as mãos ágeis de Hugo acariciam minha pele fora do short legging preto, seus dedos grudam como estática em minhas coxas fazendo-me arfar ainda mais.

Nossas bocas se movem violentamente, sua respiração gostosa troca carícias com meu rosto, seu cheiro forte de perfume abraça meu olfato de forma amorosa.

Estamos ofegantes e extremamente avoaçados, como duas pessoas sedentas em um deserto escaldante.

—Vimos que o botão de emergência foi clicado, por favor, nos indique alto e claro se alguma coisa está errada com o elevador.

A voz feminina que assoa por fora do interfone nos corta desse momento tão gostoso, desesperada eu abro as portas do elevador correndo para dentro de meu apartamento.

O amigo do meu irmaoOnde histórias criam vida. Descubra agora