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Olho no celular novamente, faltam exatos 20 segundos para 00:00. Estou na frente da porta branca amadeirada de Hugo, ansiosa, com um pequeno Cup cake na mão, não quis comprar um bolo decente pois faremos sua festa surpresa daqui a algumas horas, ainda tenho que mentir em ter "descoberto agora" que era seu aniversário.

00:00.

Finalmente!!

Toco a campainha de Hugo algumas, frenéticas vezes, até ele atender:

—Fran?...o que...

—Feliz aniversário!! —Sussurro alegre, não quero levar outra multa por incomodar os vizinhos com meu barulho. (Para deixar claro eu só estava ouvindo música alta enquanto arrumava a casa mas a senhora Betina não gostou muito.)

Hugo sorriu largo com sua cara amassada e sonolenta.

—Entra.

Adentro seu cômodo reconfortante, colocando o Cup cake com a pequena vela acesa na bancada da sua cozinha limpa.

—Faz um pedido!

Hugo fecha os olhos e assopra a velinha.

—Como você descobriu?

—Fui te adicionar nas redes sociais hoje e...acabei descobrindo. —Minto descaradamente. —Mas me diz, por quê não me falou?

Hugo desembrulha o cup cake o levando até a boca. —Não gosto do meu aniversário.

—O quê? Por quê? Todo mundo gosta de aniversário.

Ele dá risada. —Eu estou brincando, na verdade, fiquei com vergonha de te contar, não queria te obrigar a fazer nada, sei que você prefere ir com calma.

Suspiro.

Poderia o contradizer com respostas firmes dizendo que gosto dele e realmente quero levar isso adiante mas eu o afastei várias vezes, com medo do que poderia acontecer com a gente, então ele está certo em um ponto.

—Hugo, eu faria algo para você, nós sendo namorados ou não.

—Gostei dessa palavra...namorados.

Dou risada da sua boca suja de chantilly vermelho, a limpo de forma delicada com as pontas de meus dedos e os levo até a boca sentindo o doce.

—O que acha de sairmos pela tarde? —Palpito interesseira. Preciso levar Hugo até a festa sem que ele desconfie que algo está rolando.

—Eu topo, tem um lugar em mente?

Seguimos o curto caminho até seu sofá grande e macio, ao me sentar a seu lado, sinto meu corpo se confortar no estofado.

—Cinema, o que acha?

—Legal.

Hugo me beija lento.

—Já fez sua carta de demissão?

—aaaa, por que está falando...disso...agora? —digo melancólica entre os beijos.

Hugo solta uma risada gostosa. —Desculpa, só estava curioso, encontrei Laura no elevador hoje e ela disse que você estava louca escrevendo a carta.

Sorrio. —Droga, é verdade, eu fiz a carta, escrevi que estou saindo por motivos pessoais...por mais que eles mereçam um processo, não tenho como provar nada, mas só de sair de lá já sinto-me realizada, tirei um peso das costas. —Jogo meu corpo na almofada ao lado.

—Eu entendo, está com coragem de levar a carta até ela?

—Acho que vou pedir para Laura levar, depois de Carla fazer os documentos eu apareço por lá para assinar, preciso de um tempo antes de vê-los novamente, devo estar no topo da lista negra de Roberto. —Caío na risada e Hugo me acompanha.

—Você com certeza é a mulher mais corajosa que eu conheço, nunca teria coragem de fazer isso.

—Não foi coragem, foi um surto momentâneo.

As mãos de Hugo aterram nelas meu rosto de forma carinhosa, o cara cheiroso me dá múltiplos beijinho com sua boca macia.

—Que bom que você veio para minha casa.

Já sei onde isso vai parar.

O amigo do meu irmaoOnde histórias criam vida. Descubra agora