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—Eu surtei assim do nada, sabe? Foi...uma loucura, Daniela. —Ressalto de forma lenta cambaleando na própria língua, tudo está rodando e posso sentir meus movimentos se tornarem cada vez mais devagar.

—Não acho que foi do nada, tu falou que seu trabalho era ruim....tu tava guardando essa raiva toda aí faz tempo, mana. —Diz minha nova amiga ainda mais bêbada que eu.

—Fala sério, hahahaha, eu estou doidinha hoje!

Caímos em uma risada gostosa.

Brindamos nosso... décimo sei lá quantos shot de tequila, nosso limão acabou mas ainda tem sal na minha mão então vai assim mesmo!

Desce quente e sorrateiro.

—E você trabalha...do que... Daniela?

—Eu...eu... não faço ideia, não me lembro agora!

—Ei olha, eu amo essa música!! —Grito animada.

O bar do jabuti está lotado esta noite de sexta, tudo aqui está tão agitado e quente, há uma banda de pagode lá no palco tocando uma das boas ao vivo, suas vozes afinadas ecoam docemente em minha cabeça que roda como caracol.

—LUZ, PRA EU PODER TE ADMIRAR. CAMA PRO NOSSO AMOR SE LAMBUZAR.

Daniela e eu cantamos alto, sentadas nas cadeiras a frente da bancada de bebidas aonde um barman nos olha decepcionado:

—Acho que vocês passaram dos limites, melhor pararem de beber, as duas vieram sozinhas pro bar como vão voltar nesse estado?

Eu e minha amiga nos encaramos por uns instantes mas logo caímos na risada.

—Não tem...perigo nenhum ...pra irmos...em-bo-ra porque só vamos quando o sol nascer Robertinho, para de ser chato, você sempre é chato.

—Eu não me chamo Roberto! E, chega de bebida pra vocês duas. —Roberto pega a garrafa de nossas mãos.

—Que cara chatão.

—Chatão?

Hahahahahahahaha. Aí essa Daniela é demais.

A melodia melancólica da música ecoa por todo o lugar fazendo minha pele se arrepiar toda,eu... Eu preciso cantar esta música.

Sem pensar saio da cadeira sentindo meu bumbum adormecido, empurro várias pessoas na minha frente, tropeço uma ou duas vezes eu não sei exato...mas eu consigo subir no palco, aonde o vocalista me olha surpreso.

—Minha vez! —Arranco o microfone do pedestal que o segurava e levo a minha boca. —Essa noite eu notei, que você, demorou pra, dor-mi i, caminhou, pela, casa, ligou a TV eu ouvi i , você sussurrando, chorando bai-shhhh. —Coloco o dedo no meio da boca. —escutaaar.

Meu Deus quantas luzes, e quantas pessoas aqui...eu estou sentindo tanto calor...tá quente....

—Moça, dá aqui o microfone que eu continuo tá?

O cantor bonitão pega o microfone de minhas mãos, que cara mal educado!

Alguém me leva para fora do palco mas eu nem sei quem fez essa proeza.

Volto ao bar e... cadê Daniele?

O barman está no celular falando com alguém em particular, olha...o celular dele é rosa...e tem uma florzinha que nem o meu...e espera aí?? Olha uma garrafa de Vodka dando baile por aqui.

A pego e levo a boca sem hesitar.

Nossa que calor...parece que meu corpo está em chamas.

Meus pés saltitam no chão com a música agora, agitada, Daniele aparece do meu lado beijando um bonitão, acho que é o ex dela, lembro de ouvi-la falar sobre ele estar aqui...acho que ela veio aqui por causa disso.

O amigo do meu irmaoOnde histórias criam vida. Descubra agora