Sigo sentada no chão com as costas apoiadas no carro de Laura, o estacionamento está vazio, há um silêncio fúnebre voando junto com a leve brisa que brinca com alguns dos fios de meu cabelo. Sinto-me constrangida pelas palavras que cuspi em cima de meu irmão, o sentimento de raiva era real mas o meu desejo de não tê-lo em minha vida não era, falei sem pensar com a ajuda do álcool, que agora, sai do meu corpo aos poucos.
—Ah, te encontrei!
Meus olhos agarram a pessoa que surge a meu lado, encarecidamente ele se senta, fazendo-me companhia.
—Estavam me procurando?
—Sim, por mais que te incomode, César não te encontrou em lugar nenhum, está preocupado.
—...Estou me sentindo mal o suficiente, obrigada Hugo. —Abraço minhas pernas de forma carente.
—Que bom, você merece se sentir mal agora. —Hugo está um pouco irritado, eu o respondo ficando em silêncio, não o quero responder, aliás, eu não preciso. —Ele está magoado mas sabemos que ele irá te perdoar rapidamente, César ama você.
Ele está certo, parece que conhece meu irmão bem mais do que imaginei; César perdoa fácil, talvez até demais, meu irmão não guarda rancor de ninguém ainda mais de mim...mas eu, eu me lembrarei de hoje, minhas palavras vão fazer turnos extras em minha cabeça por um bom tempo.
—Eu era pequena quando meus pais morreram, mas entendia a dor de perde-los, quase colapsei, se não fosse por César...eu nem estaria aqui, ele é o homem mais admirável e forte que conheço. —Meu peito sobe e desce de forma intensa, o oxigênio que saí de minhas narinas parecem limpar minha alma dolorida.
Hugo nada diz mas rapidamente me envolve em um abraço aconchegante, seus braços me enlaçam da forma mais carinhosa que algum dia senti em um abraço, é quentinho, macio e de alguma estranha forma é certo. Sinto como se já tivesse o abraçado dessa forma antes. Seu coração parece bater rápido mas pode ser apenas minha imaginação.
—Vamos voltar antes que César chame a polícia. —Exclamo ao nos afastarmos um do outro, mesmo sem eu desejar essa distância.
Mais alguns passos meus olhinhos chorosos encontram meu irmão com seu celular na orelha, Jorge está cambaleando em seus próprios pés ao seu lado, a preocupação de meu irmão é visível mas ao me ver seu sorriso me agrada:
—Fran! Até que enfim, você me assustou e...
Jogo-me em seus braços o apertando com toda minha força.
—Me desculpe, irmão, me sinto horrível, eu não queria dizer nada daquilo, te perder também, seria uma dor da qual não aguentaria!
César envolve seus braços largos em meu pequeno corpo de forma caridosa.
—Está perdoada. —Beija minha testa. —Eu vou te libertar de minha pessoa, juro, faça o que quiser eu não vou mais reclamar de nada, prometo. —Cruza os dedos de forma descarada.
Sorrio. Como pode uma pessoa perdoar tão fácil depois das palavras duras que foram ditas? Talvez eu nem mereça o César como irmão.
—Podemos ir? Estou enjoada e com sono.
—Hugo, você pega o carro e leva eles dois? Laura e Gabriela estão dando trabalho lá dentro...
Dou risada, minhas amigas são inimigas do fim.
Hugo apoia Carlos em seu ombro, leva até o carro e com um pouco de minha ajuda coloca o cara no banco de trás, deitado, quase dormindo em cima da própria saliva.
Sento-me ao lado de Hugo que em instantes já estava dirigindo na avenida pouco movimentada,
Meus olhos ardem de sono, eu os fecho sem nem ao menos perceber, estou cansada e muito enjoada.
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O amigo do meu irmao
Teen FictionEstava disposta e entrega para o "Novo". Nova casa, rotina, nova fase mas o que eu não esperava era um amor, um novo e imprudente amor. Poderia dizer que a culpa de meus sentimentos seriam seus lindo olhos cor de mar, ou seu corpo definido por deba...