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Estou há mais ou menos 25 minutos, sentada no meio da sala, vestindo pijama da Magali, os cabelos bagunçados em um coque mal feito, minha cabeça está latejando, meu estômago parece rodar como um carrossel e meus olhos...bom eles estão encarando a pilha de lixo que minha casa está, ainda não organizei todas as coisas, nem sequer passei uma vassoura nesse chão desde de que cheguei, estou tentando encontrar uma gota de coragem qualquer no meio dessa preguiça e ressaca que sinto.

Meu celular apita de forma rápida, uma mensagem:

   Você está bem?

Desconhecido.

Quem será? Do jeito que estava bêbada ontem posso ter oferecido meu número até para o barman.

Resolvo ignorar e de forma decidida levanto-me do chão gelado, coloco um mix de músicas no YouTube da televisão para me dar mais ânimo.

Tomo um analgésico e ingiro bastante água, eu preciso limpar esta casa.

Foram muitas varridas, esfregões, sabão, água e aspirador de pó, mal sinto minhas pernas, talvez não sinta o corpo todo.

Ao guardar os utensílios de limpeza eu ataco a geladeira a procura de doce, Deus é maravilhoso ao fazer-me encontrar um delicioso pedaço de torta de chocolate, a comida ali dentro do pote parece me encantar, meu corpo todo se apaixona por ela.

Sento na bancada entregando um pouco de alívio a meus músculos que tanto doem, com uma colher generosa faço milagres com meu paladar, sinto meus olhos brilharem com a atitude.

—Isso está melhor do que qualquer coisa que eu já comi na vida.

Pego meu celular por curiosidade, todo constrangimento e vergonha alheia está estampado em meu rosto por assistir os vídeos que gravei na balada ontem, sem contar as inúmeras fotos embaçadas que tirei de coisas aleatórias, há até a foto de um pé na minha galeria, um pé, de alguém que eu nem conheço.

Antes que eu mandasse as fotos para minhas amigas a campainha assoa por todo o cômodo.

Preguiçosa caminho até o objeto branco o abrindo lentamente.

—Hugo?

—Bom dia.

Olho as várias sacolas nas mãos do homem sorridente a minha frente.

—O que está fazendo aqui?

—Vim ver como está, afinal, não respondeu minha mensagem.

—Ah, não sabia que era você.

De forma petulante ele adentra a casa indo direto a bancada aonde coloca suas sacolas.

Por quê ele está agindo assim? O que será que aconteceu ontem...hm... lembro-me que acabei dormindo no carro mas acordei para subir o elevador e...entrei em casa, me joguei uma água gelada e fui dormir.

—Já tomou café?

—Eu estava comendo a torta e...

Hugo tira das sacolas muitas opções de comida, frutas, pães, bolo, frios e sucos de sabores diferentes.

Sento-me na bancada apaixonada pelo cheirinho de tudo, parece fresco e delicioso.

—Acho que precisa de um bom café depois da quantidade que bebeu ontem.

—Ah e sobre isso, nós... aconteceu alguma coisa?

Hugo me encara de forma confusa:

—Do que está falando?

—Por quê está aqui hoje?...

—Acha que aconteceu alguma coisa entre a gente? Por isso estou aqui? Sendo gentil?

Mordo os lábios. —Só responda.

—Não, Franciane, não acontece nada e me ofende um pouco você falar desse jeito, estou sendo sempre gentil com você...

—Me desculpa, Hugo. Fui idiota, como sempre, talvez esteja virando um hábito. —Sorrio envergonhada. —Vamos comer então?

Preparamos a mesa de jantar e nos acomodamos nas cadeiras, tudo está absurdamente delicioso, sinto-me atraída pelo sabor de todas as coisas expostas ali.

—O César falou com você? Como eles estão?—Pergunto curiosa, lembro que César cuidou das meninas pós festa.

—Eles estão bem, deixou as meninas em casa e depois foi pra dele.

—Ele não me mandou mensagem hoje.

—Ele só está cumprindo com o que disse, deixar você sozinha um pouco.

Sorrio.

—E Jorge?

—Deixei em casa, ele vomitou na roda do meu carro quando estava saindo.

Caio em risada. —Como eu não vi isso! Poxa vida!

—Você estava dormindo feito pedra, ainda bem que consegui te acordar para subir pra casa.

—Ainda bem? Por quê? Seria tão ruim me levar no colo? —Faço piada e me arrependo instantaneamente após lembrar de nossa situação embaraçosa da qual se diz respeito a dois beijos.

—Seria sim, você poderia me agarrar de novo.

—Por quê acha que eu te agarraria? Eu tenho controle de mim mesma. —Faço graça.

—Eu não tenho esse controle

Engulo em seco.

—Hugo, pare de graça, por que está fazendo isso? Digo...me beijar, falar esse tipo de coisa, ser gentil comigo o que está acontecendo? Virei uma de suas namoradinhas agora? Vai esquecer meu nome daqui uns dias também?

—Se você fosse uma de minhas namoradas com certeza seria minha favorita.

Caio em uma risada alta. —Você é um idiota.

Hugo dá uma risada gostosa fazendo sem querer, meu coração acelerar um pouquinho, que sorriso e gargalhada bonita, eu ouviria ela inúmeras vezes e não me cansaria.

Opa. Alerta vermelho.

—Hugo... obrigada pelo café, estava tudo bom! É...agora vou tomar um banho...tenha um bom dia tá.

Subo as escadas em uma pressa inexplicável jogando-me no banheiro.


O amigo do meu irmaoOnde histórias criam vida. Descubra agora