09

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Abro a porta admirando meus convidados sorridentes, nos comprimentamos e entramos em casa.

Hugo não está aqui, César não o convidou dessa vez? Ou ele recusou porque... Íris ainda está na casa dele?

—Fran? Tá me ouvindo? —As mãos grandes de César cruzam meu campo de visão.

—Desculpa, o quê?

—Trouxe o Saquê que você gosta. —Me ofereceu a garrafa de bebida japonesa.

Sorrio em agradecimento e vou guarda-la na geladeira junto das demais garrafas alcoólicas, tenho que dá um jeito nelas, nessa situação não será difícil.

—Cadê o Hugo, César? Não o convidou? —Laura pergunta pertinente, lendo meus pensamentos.

Disfarço meu interesse na resposta de meu irmão mas ouço atentamente suas palavras:

—Não, Fran não pareceu gostar muito da presença dele na boate então não quis o convidar hoje.

—Mas a Fran é dona da casa ela que deveria fazer essa gentileza. —Gaby alfineta me encarando.

—O quê? Eu?

Meus amigos se sentam na frente da televisão á procura de algum bom filme de terror, fico pensando que talvez devesse convidar Hugo, afinal desde de que nos conhecemos ele foi sempre gentil comigo, acho que é hora de retribuir, e ter a oportunidade de vasculhar meus olhos por sua casa a procura de uma modelo não tem nada a ver com isso.

Saio da casa de fininho e me ponho a frente de sua porta, toco a campainha apenas uma vez e em alguns segundos o homem vestindo apenas uma calça moletom aparece:

—...Fran? Oi, tudo bem?

Engulo em seco, que peitoral...ah...bom:

—...oi, estou com o pessoal em casa, vamos pedir uma pizza se você quiser se juntar.

—Sim, eu aceito, vou só trocar de roupa e...

—Aceita? Mesmo? Não tem nada de melhor pra fazer?

Sua feição entra em plena confusão:

—Você não queria que eu aceitasse?

—Achei que você estava ocupado com a íris.

Sua vez de engolir em seco.

—Não é o que você está pensando.

—No que acha que eu estou pensando, Hugo?

—Que eu sou um imbecil e...

—Está maluco? —Forço um riso debochado.—Você não me deve explicações, e para ser sincera ver você atirando para todos os lados não é surpresa nenhuma, na primeira vez que coloquei os olhos em você, já tinha noção que você era desse tipo, só estou um pouco enojada por ter beijado uma boca com cerca de 80% da saliva da população municipal.

Sua expressão foi de mal a pior, era uma mistura de constrangimento envolvido em raiva.
Acho que peguei um pouco pesado.

—Falando desse jeito parece que você se importa bastante com quem eu me envolvo.

—Só parece.

Sem mais nenhuma palavra eu volto para meu apartamento desanimada porque sei que Hugo não virá mais nos fazer companhia,mas caiu por terra, após alguns minutos ele adentra minha casa sem nem bater na porta, vestindo uma camiseta preta:

—Boa noite.

Todos comprimentam Hugo em uníssono menos Laura que não está aqui.

—Cadê Laura?

—Subiu pro seu quarto, ela atendeu uma ligação.

—César, pede as pizzas eu já volto.

Subo para meu quarto e encontro minha amiga em silêncio encarando os próprios pés no chão.

—Acho que fui uma imbecil com Hugo mas é que ele me irrita de uma forma inexplicável! E tem aquela Íris que é tão bonita e... —Laura levanta da cama as pressas limpando seu rosto.—Laura, o que aconteceu? Você está bem?

—Sim, Fran, eu estou.

—Você está mentindo.

Laura cede ao choro e me abraça forte. —Eu...eu tive que vender minha casa.

—O quê? por quê?!

—Eu fui demitida há uns meses atrás e acabei me embolando em algumas dívidas e...minha única fonte de renda é minha casa que acabou de ser vendida á uma família. —Seu semblante conturbado parte meu coração em mil pedaços.

Sua mãe não se dava muito bem com ela mas seu pai foi alguém que marcou sua vida de uma maneira caridosa e gentil, há lembranças realmente importantes para minha amiga dói me ver que ela teve que deixar isso para trás.

—Há quanto tempo isto esta acontecendo? Por quê não me contou?

—Fran... você estava tão feliz e empolgada com a mudança eu não queria atrapalhar.

—Você jamais me atrapalharia. —Laura permanece no meu abraço, sentamos na cama, minhas mãos não abandonam seus cabelos cacheados, ela precisa de todo apoio agora. —Aonde você vai ficar?

—Hoje em um hotel mas a partir de amanhã vou procurar um bom aluguel e um trabalho.

—Hotel? Aluguel? Você está maluca? Sabe eu tenho dois quartos aqui, seria um prazer ter companhia.

—Ah, Fran pelo amor de Deus não quero atrapalhar sua vida nova agora.

—Laura, não se faça de orgulhosa comigo, será muito bem vinda aqui em casa.

Minha amiga sorri e me abraça de uma forma cheia de gratidão.

Alguém bate suavemente na porta a abrindo e colocando seu corpo xereta dentro do cômodo.

—Podemos conversar?

Antes que minha boca tomasse a proporção para ofender Hugo pela intromissão, Laura é mais astuta e responde:

—Estou descendo.

E assim, minha amiga sai do quarto.

Hugo observa de forma curiosa meu quarto mas logo se senta em minha cama:

—Íris e eu não temos nada, nos relacionamos algumas vezes em festas mas hoje eu expliquei pra ela que não gostaria de continuar.

Engulo em seco, sinto-me incomodada com suas explicações. —Hugo, por quê está se explicando pra mim?

—Porque eu sei que você se importou com ela.

Mal consigo responder, nem eu ao menos entendo o que se passa na minha cabeça sobre isso, não sei porque me incomodou mas de alguma forma, Hugo se relacionar com outras mulheres, me incomodou e muito mas isso é estranhamente precoce.

—Desculpa pelo jeito que falei com você mas espero que você não entenda errado, eu não gosto de você, Hugo.

Seus olhos automaticamente caem em tristeza, como se tivesse levado uma facada no coração.

—Claro, Franciane. Eu entendo.

Em instantes o homem que agora esbanja tristeza sai de meu quarto afobado.

Suspiro em desalento, fui impulsiva, não quis dizer isso mas... também não quis dizer o contrário .

Após alguns minutos presa em meus pensamentos eu vou até a sala à procura de Hugo mas sem sucesso, meus amigos disseram que ele voltou pra casa.

O amigo do meu irmaoOnde histórias criam vida. Descubra agora