Cap. 39

2.6K 201 6
                                        

- Então estou errado? 

Mark perguntou fechando a porta da cabine com mais força do que precisava, seu cabelo escuro estava bagunçado, sua gravata que antes estava arrumada em um nó perfeito, agora estava desmanchada sobre seus ombros, e havia um roxo se formando bem onde foi atingido com o soco.

- Eu acho que está! - exclamei, me sentando na beira da cama, tirando meus saltos, o cômodo onde tudo parecia perfeito, já havia mudado de percepção - está errado em acabar com o baile de inauguração do casamento do seu primo.

O moreno bufou, passando as mãos nos cabelos, era evidente sua vontade de quebrar tudo naquela cabine.

Joguei meus saltos no tapete, começando a andar para o closet. 

- Você não entende! Aquele mordomo está passando dos limites!

- Se eu não entendo, por que não me explica?

Me encostei na parede, cruzando os braços olhando para ele, o moreno ficou quieto, balancei a cabeça conformada que não iria receber nenhuma explicação, pelo menos não hoje, entrei no closset.

- Porra! 

Ele gritou, ouvi a parede ser socada, junto com um quadro se chocar ao chão, imaginei os cacos brilhando no tapete. 

Peguei meu pijama e minha toalha, voltando para o quarto, o olhando profundamente, ele poderia estar bravo, mas nada justificava ele socar a parede ou gritar.

- Mark Briggs, nunca mais grite em alguma discussão comigo, está me ouvindo?! - falei apontando para ele, o repreendendo, Mark me olhou de baixo a cima, me virei, entrando no banheiro, fechando a porta - Puxasse sua mãe para o lado, chamasse a atenção dela e depois fingisse estar bem para seu primo aproveitar! Ele e Natasha não têm culpa de nada!

Comecei a tirar meu vestido, o deixando descansar no chão frio do banheiro, ouvindo passos em direção a porta do banheiro, me enrolei na toalha, abrindo a porta, dando de cara com Mark. 

Estávamos a centímetros um do outro, conseguia sentir sua temperatura elevada, seu cabelo ainda bagunçado, sua mão sangrando pelo soco, o líquido vermelho forte pingava no piso, ele me olhou profundamente semi-nua, somente com a toalha. 

Poderia ficar envergonhada, mas a raiva era maior. Esperei uns segundos ele tentar formular alguma frase, mas nada saiu de sua boca, então tomei a iniciativa.

- Vou tomar banho, - falei, olhando para a sua mão - não quero machucar meu pé com os cacos de vidro, limpe tudo antes que eu saia.

Fechei a porta, suspirando, o que acabou de acontecer?! 

♡︎♡︎♡︎

Sai do banheiro já de pijama, não encontrando o moreno no quarto, mas os cacos de vidro não estavam mais lá.

Me sentei na mesinha da varanda, vendo aquele infinito mar, a lua tão redonda refletia na água salgada, deixando tudo mais bonito.

Respirei fundo aquele ar, me perguntando onde Mark estaria uma hora dessas.

Esperei durante duas horas e ele não apareceu, então adormeci na cadeira mesmo, sentindo a brisa salgada.

♡︎♡︎♡︎

Acordei assustada algumas horas depois o quarto continuava vazio, senti um gelo na barriga junto com um arrepio.

Andei até a mesa da caabeceira, vendo o relógio, eram exatamente 2:41 da madrugada, automaticamente peguei meu roupão e minhas pantufas e sai a procura do moreno.

Fui ao salão de entrada, só tinha algumas pessoas arrumadas ouvindo o pianista tocar uma música melancólica, Mark não estava ali, nem nos dois primeiros barzinhos que encontrei.

Entrei no terceiro, sentindo meus pés começarem a doer, andei até o balcão pedindo um drink, precisava de um pouco de álcool.

- Então finalmente vou conhecer a famosa Victoria Justine que Mark tanto fala.

Me virei, encontrando o mesmo Gregory que tinha visto no iPad de Flynn sentado em um dos bancos do balcão.

Era mais alto que na foto e em seus cabelos haviam uns fios grisalhos, estava usando um terno com a gravata desfeita nos ombros, com um copo que parecia que continha Gim, tinha o mesmo ar de mistério que na foto, parecia aqueles homens fortes da máfia que vemos nos filmes de Hollywood.

- Sou eu mesma, muito prazer.

Estendi minha mão para ele que apertou gentilmente.

- O prazer é todo meu, Gregory Briggs.

Concordei com a cabeça, mesmo já sabendo seu nome, me sentando em outro banco ao seu lado. O garçom me trouxe minha bebida.

- Estou a procura de Mark, sabe onde ele está?

Perguntei, tomando um gole do meu drink, o álcool desceu rasgando minha garganta, mas contive a careta, não podia passar por essa vergonha na frente de Gregory.

- Não, também gostaria de conversar com ele sobre uns assuntos da nossa querida Briggs...

Seu celular começou a tocar, ele o pegou do bolso.

- Desculpa vou ter que atender, pensei que essas porcarias não funcionassem no meio do oceano.

Sorri, o observando levar o aparelho ao ouvido.

- O que foi Ralph? Pedi para não me incomodar na festa do meu sobrinho. - sua feição mudou ao ouvir o que a pessoa do outro lado falou - O que?! Peça para ele carregar o avião agora e fazer o serviço! A indústria farmacêutica vai pagar uma grana para a gente, vai nos render mais uns 5 biomédicos para fazer mais vírus novos.

Ao encerrar a ligação, jogou o celular no balcão, pedindo mais uma dose de Gim, passando as mãos nos cabelos exausto.

- Algo errado?

Perguntei, tomando mais um gole da minha bebida, ele me olhou descansando sua cabeça em uma mão.

- Ser o chefe de uma empresa que muitos acreditam não existir é difícil garota, digamos que todos acham que o que eu faço é errado.

Tomei mais um gole, vou ter que estar um pouco alcoolizada para ouvir o que ele tem a dizer.

Concordei com a cabeça. Ouvindo Flynn falar no meu ouvido "Gregory fundou uma empresa chamada Fármaco, não sei muito bem o que fazem na empresa, se você descobrir eu ficaria feliz em saber."

- E o que você faz?

Ouvi uma risada abafada escapar pelos seus lábios, ele tomou sua dose em um gole só, se levantando.

- Pessoas curiosas se dão mal menina, as vezes descobrem o que não querem.

Onde eu fui me meter?Onde histórias criam vida. Descubra agora