Flynn estava no meu apartamento pontualmente as oito da noite, contei tudo o que descobri sobre a Fármaco, repassei cada palavra que Jeremias me disse. Mas... quando acabei, seu sorriso havia sumido de seu rosto, Flynn apenas concordou, acabou seu whisky e foi embora, não me deu um sermão por ter me colocado em perigo indo ver Jeremias, não disse uma palavra, me deixando sozinha naquele apartamento enorme mais uma vez.O que eu tinha feito de errado?
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Estava deitada na cama repassando tudo o que tinha feito para achar algum erro para Flynn ter aquela reação quando meu celular vibrou.
Venha me encontrar na Briggs amanhã a noite, preciso falar com você. >
Era Mark. Uma ansiedade se formou em meu peito, ele nunca falou comigo tão sério. O que houve?
< Não posso ir agora?
Será que estou sendo muito intrometida falando para ir agora?! Passei esse pensamento para longe, não me importo.
Eu esperaria até amanhã, mas você que sabe. >
Eu descobri tudo, Vic. >Aquela última mensagem me fez paralisar.
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Cheguei na Briggs, sentindo que nosso fim estava mais perto a cada passo que dava para dentro. Era a primeira vez que estava ali, esperava que conheceria a boate de Mark em outras circunstâncias.
A música estava alta lá dentro, havia uma pista de dança enorme no meio do salão, estava lotado, um dos seguranças me conduziu até uma porta no andar de cima.
Abri a porta do seu escritório, o moreno estava sentado em sua mesa, só queria que ele me olhasse nos olhos e dissesse que me perdoava, que me amava tanto ao ponto de começar desde o zero novamente, mas não.
Ele me olhou, mas não era como antes, suas íris estavam escuras, um azul marinho tão denso, não havia mais aquela felicidade em me ver, muito pelo contrário, ele estava indiferente e aquilo me doeu.
- Se quiser se humilhar mais um pouco eu te dou uns minutos para falar o que quiser, mas quando eu começar a falar, nunca mais vamos nos ver.
Nunca pensei que Mark Briggs, aquele homem que me apaixonei imensamente, falaria aquelas palavras para mim, uma lágrima solitária escorreu por minha bochecha e foi aí que percebi que não havia volta, poderia dar um discurso com porquês tínhamos que ficar juntos que ele não voltaria para mim.
Um silêncio agonizante inundou a sala, até que ele voltou a falar.
- Bom, - ele se ajeitou na mesa, me olhando nos olhos, conseguia ver o quanto ele tava destruído por dentro, - proibi Elizabeth de fazer qualquer mal a você ou ao Flynn, mesmo sabendo que ele poderia facilmente proteger vocês dois, ela não vai denunciar a Infinity Nigth e nem te atormentar, pode ficar tranquila Mia, - era a primeira vez que ouvia o meu nome sair pela sua boca e isso acabou comigo, fechei os olhos, tentando segurar as lágrimas - agora, não quero mais ver vocês dois, nunca mais, se não, vou ter que tomar alguma providência.
Ele suspirou, jogando a pasta com o meu nome e todos os meus dados sobre a mesa.
- Isso é seu, guarde com cuidado...
- Mark, - o interrompi, o som do nome dele saiu estranho pela minha garganta - por favor...
- Acabamos por aqui. Peço que se retire.
Concordei com a cabeça, pegando a pasta, olhei mais uma vez em seus olhos, mas ainda não havia nada a não ser nojo, solucei, saindo pela porta.
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Uma batida oca veio da porta, abri meus olhos, o pouco de luz que entrava pela fresta da minha janela inundou meus olhos, resmunguei, enterrando meu rosto no travesseiro.
A porta se abriu, ouvi passos cautelosos até a cama.
- Mia, - era a voz da Hillary, mas parecia mais calma que o normal, mais doce - estamos preocupados, faz três dias que você não sai desse quarto.
Não respondi, continuei com o rosto entre o travesseiro, meu coração se apertou.
- Tudo bem, - ela continuou - no seu tempo, trouxe café da manhã, - ouvi o prato sendo descansado sobre a cômoda - espero que coma, estamos na cozinha se você precisar.
- Pensava que Flynn iria dispensar vocês depois que tudo fosse por água abaixo.
Minha voz saiu falha pelo tempo que eu não falava, me sentei, me forçando a comer, os cabelos de Hilary estavam amarrados em um rabo, nunca tinha a visto daquele jeito.
Ela me lançou um olhar feliz quando coloquei a primeira colherada do omelete na boca.
- Na verdade, ele disse para ficarmos com você até melhorar e falou que tudo isso vai continuar sendo seu, ele já passou tudo em seu nome, está só esperando você assinar os papéis.
Suspirei, uma lágrima desceu pela minha bochecha, me ajeitei na cama, a olhando nos olhos pela primeira vez desde todo o ocorrido.
- Não era para eu ter aceitado esse trabalho, agora nunca mais vou ver Mark.
- Que estranho né, - ela deu uma risada baixa - se você não tivesse aceitado você não teria o conhecido.
Concordei com a cabeça, levando outra colherada a boca.
- Se eu não tivesse aceitado estaria livrado nós dois disso tudo.
Ela suspirou, sentando na cama, levando a mão com cuidado a minha nuca, me fazendo olha-la nos olhos.
- Mia, sei que não sou tão boa em dar concelhos quanto o Matteo, mas vou te dizer o seguinte:
"Você precisa se auto perdoar sempre, você simplesmente fez o seu melhor naquele determinado momento, com as experiências e a vivência que tinha, se auto perdoe, se não, você não viverá"
Concordei, liberando passagem para as lágrimas que molharam meu rosto em segundos, a abraçando.
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Onde eu fui me meter?
Romance[CONCLUÍDA] Mia White é uma mulher que sempre lutou sozinha para sobreviver, nem sonhava que sua vida pacata poderia mudar tão drasticamente quando um comunicado de despejo chegou a sua casa deixando-a sem saída. Mal sabia que Flynn Howard, seu anti...