O Jovem Shizun está desabrochando

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Após um ano, a reforma — reconstrução — do Pico Qing Ding estava finalizada.

Jiu subiu a montanha feliz, olhando impressionado para a floresta de bambus e a paisagem que o rodeava. O único lugar que ele havia visto além do Palácio de Luo Binghe, era a cidade e o Forte no norte do Reino Demoníaco. Então poder caminhar por um lugar diferente era maravilhoso por si só.

Luo Binghe havia ficado muito super protetor depois do episódio do envenenamento e Wu Yanzi. Então, mesmo já tendo seus quase 16 anos, não podia sair por aí sozinho.

Jiu estranhou não estar ouvindo os passos de Luo atrás de si, olhando para trás, viu que o Imperador ainda estava parado na entrada do Pico. Bighe estava congelado no lugar, com um olhar estranho, olhando tudo e principalmente ele.

Shen desceu, indo até ele, preocupado que algo pudesse ter acontecido. Luo Binghe não se moveu do lugar, nem tirou os olhos dele.

Aquele olhar lhe trazia calafrios na espinha, mas também lhe dava um frio na barriga e fazia suas bochechas esquentarem um pouco.

Seus olhos negros pareciam sugar tudo em sua direção, como se uma forma invisível estivesse o puxando, igual a ressaca do mar engolindo tudo violentamente.

Era como se estivesse olhando para algo além dele. Perdido em algum lugar no meio de seus pensamentos.

— L-Luo-gege...? — Jiu tentou chamá-lo, mas sua voz saiu baixa. Era vergonhoso chamá-lo assim nessa idade. — Você está bem?

Shen Jiu tocou a testa de Luo Binghe, para checar se havia febre. Luo segurou sua mão, tirando de sua testa e dando um beijo casto na palma, fazendo o coração de Jiu acelerar e seu rosto esquentar. Ele o puxou para perto, o abraçando. Shen se assustou ao ser puxado e abraçou Luo de volta, ainda desnorteado pelo o que acabou de acontecer.

Jiu se sentia envergonhado por reagir igual a uma jovem dama e tentou se afastar e se recompor, mas os braços de Luo Binghe estavam firmes ao entorno de sua cintura. Ele não sabia dizer o que queimava mais, se era seu rosto ou o local onde o imperador havia beijado.

Quando Binghe finalmente o soltou, Jiu se virou e marchou montanha acima, sem olhar para trás, com seu coração palpitando e o rosto completamente vermelho.

Luo não entendeu bem aquela reação, mas se sentiu consolado pelo abraço. Olhar para Shen Jiu era como olhar para o passado, mas essa sensação nunca foi tão forte quanto agora, as portas do Pico Qing Ding. Por alguns instantes, foi como se tivesse voltado no tempo, onde era apenas um discípulo e a única coisa que recebia de Shen Qingqiu era a visão de suas costas.

A cada ano que passava, Shen Jiu ficava mais parecido com Shen Qingqiu. Era difícil não lembrar do passado, mas agora estava sendo sufocado pelas memórias. Passado e presente se misturando.

***

Luo Binghe estava ensinando esgrima para Shen Jiu no Pico Qing Ding. O garoto era um ótimo aluno e dificilmente errava a execução de um golpe, o que frustrava os planos de Luo de ter que auxiliá-lo melhor ou segura-lo para não cair.

Assim, sua única saída é a trapaça. Ele coloca uma pedra no caminho de Jiu, o fazendo tropeçar e cair em seus braços. O rosto de Jiu ficou vermelho e ele rapidamente bateu e se afastou de Luo Binghe. Era óbvio que aquilo tinha sido armação e Shen ficou irritado com aquilo.

Mas não era só raiva o motivo do seu rosto vermelho e do seu afastamento abrupto. Seu coração martelava contra seu peito. Desde aquele estúpido beijo em sua mão, seu coração acelerava quando Luo ficava muito perto ou olhava para ele por tempo demais com aqueles olhos de ressaca.

Binghe sempre achava fofo quando Shen Jiu ficava irritado e não conseguia evitar de judiar dele um pouco.

— Seu idiota, pare de brincar! — Jiu brigou, apontando a espada para ele.

Luo Binghe riu e e Shen ficou sério, o olhando com seus olhos afiados e reprovatórios. Por um instante, foi como se Shen Qingqiu estivesse ali diante de si, o repudiando por não saber manejar uma espada e Luo fosse novamente o discípulo imprestável. Seu riso morreu.

Quando deu por si novamente, estava ajoelhado a frente de Jiu, o garoto olhava-o preocupado.

— Luo... Luo-gege...Você está bem? — ele perguntou, se abaixando e segurando seu rosto.

— S-Sim... Só estou um pouco cansado — Binghe respondeu, se levantando.

— Tem certeza? — Jiu ainda estava preocupado. Desde que chegaram no Pico, coisas assim andavam acontecendo. — Melhor encerrar por hoje — sugeriu enquanto pegava as espadas para guarda-las. — Vou pedir para o senhor Jing preparar um congee medicinal para você.

— Eu adoraria comer um congee feito pelo Jovem Shizun — Luo disse manhoso.

— Está bem, vou fazer para você — Shen disse e fez um cafuné na cabeça de Binghe. Era uma pena Jiu não ser mais tão pequeno ao ponto de poder carrega-lo nos braços como um bebê e poder aperta-lo.

Mas ainda sempre poderia apertar suas bochechas e vê-lo se irritar.

— Sem congee! — Jiu deu um pisão em seu pé e foi embora a passos firmes, bufando e reclamando.

Mesmo após ter dito que não faria congee, Shen ainda foi se aventurar na cozinha. Ele não sabia cozinhar, quem sempre cozinhava era Luo Binghe, mas no momento ele não estava muito bem.

Desde que chegaram ao Pico, ele não estava bem. As vezes, ele fica perdido em pensamentos e não via o tempo passar. Em outras, ele o olhava de diversas maneiras diferentes: triste, dolorido, amedrontado, perdido...

Mas, as vezes, ele o olhava como se fosse destruí-lo, parti-lo em pedaços, suga-lo com seus olhos de redemoinho. Aquele olhar lhe dava um frio na espinha e chegava a sufoca-lo um pouco, mas doia menos que os outros olhares.

Jiu serviu o congee a Luo Binghe. Ele olhou para o prato aquoso, bagunçado e feio e sorriu como estivesse ganhando um grande tesouro. Shen não sabia se ficava feliz ou triste com isso.

Colocou Luo para dormir, dizendo que ele precisava descansar. Jiu recolheu o prato e foi deixá-lo na cozinha, mas ao passar pela porta do quarto, ele se encontrou em frente a Casa de Bambu destruída e toda a bela paisagem em volta estava igualmente destruída e cinzas caiam ao seu redor.

A bandeja em suas mãos havia sumido, assim como a porta por onde passou. Ele estava sozinho no meio daquela paisagem devastada e cinzenta. Jiu chamou por Luo Binghe, mas não houve resposta.

Ele decidiu entrar nas ruínas da Casa de Bambu e encontrou um garoto, que deveria ter a sua idade, encolhido no pé da cama destruída. Ele era o único ponto de cor no meio de todo aquele mundo cinza. Suas roupas verdes e feridas abertas se destacavam.

— Olá? — Jiu o chamou.

O garoto ergueu o rosto. Mesmo com todos os ferimentos e sujeira, Shen pode reconhecê-lo. Era Luo Binghe, só que mais jovem.

Jiu ficou ainda mais perdido ao vê-lo assim.

O que estava acontecendo ali?

Onde estava?

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Eles crescem tão rápido 🥲, A-Jiu já está quase um adulto 🤧🤧

E com isso as coisas estão se complicando... Sentimentos nascendo, passado e presente se misturando...

Vamos ter mais um extra! Meio fofo, meio triste e importante para a história.

Já estamos na metade da história e as coisas a partir daqui vão ir se complicando mais, então segura o coraçãozinho!

Obs: não vou pagar terapia e nem hospital pra ninguém.

Eu estou me acostumando mais a minha nova rotina, então os próximos capítulos não devem demorar tanto para serem postados.

É isso, bom final de semana para vocês meus amores!

Bye bye e até o próximo capítulo 😘👋🏼

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