A natureza de um demônio

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— Isso é realmente necessário? — Luo Binghe perguntou, se olhando no espelho.

— Sim, se não gosta, é só ir embora — Jiu respondeu, tentando segurar o riso e manter uma postura séria.

— Não podia ser uma pulseira ou um anel? Por que logo uma coleira? — Luo reclamou, tocando na coleira de couro preto em seu pescoço.

Segundo Shen Jiu, era necessário um meio físico para manter um selo tão forte por um longo tempo, então ele precisava usar um acessório, só não esperava que Shen escolheria uma coleira da coleção de objetos estranhos que o motel disponibilizava aos seus clientes.

— É o que temos, a dona disse que poderia personalizar a coleira com um nome se quisesse — Jiu disse. — Que tal Luo-gege? — brincou. Luo o olhou de cara feia, mas Jiu ignorou e prendeu uma guia a coleira. — Não quero que você se perca.

— Isso é uma punição? Por te enganar? — Binghe perguntou.

— Se você quiser ver dessa forma, eu apenas estou botando uma coleira em um cachorro no cio — Jiu respondeu, testando a resistência da guia ao dar um puxão e Luo Binghe tropeçar em sua direção. — Mas se eu fosse te punir, seria pior, não acha?

Ele tinha razão, uma coleira não era uma grande vingança e se tinha aprendido alguma coisa nos anos como discípulo de Shen Qingqiu era a como atormentar alguém por completo.

Mas se aquilo não era uma punição, tinha medo de como seria a verdadeira punição. Pelo menos o mau humor de Jiu passou, parecia que ele tinha gostado de sair por aí o puxando com a coleira e dando desculpas esfarrapadas.

— O seu amigo monge é bem... Diferente né? — disse a moça do balcão quando eles estavam saindo.

— Ele quer experimentar a vida de um cachorro — Jiu respondeu. — Coisa de monge.

Sair na rua assim rendeu olhares, mas Jiu agiu como não fosse nada, então ninguém disse nada. Mas com certeza fofocavam entre si.

— Então agora sou o seu cachorrinho de estimação? — Luo Binghe perguntou.

— Se eu disser sim, você vai deitar, rola e dar a patinha? — brincou e se arrependeu imediatamente ao ver o rosto animado de Luo Binghe. — Tá mais pra contenção de cachorro no cio.

***

Shen Jiu foi chamado para lidar com um demônio que invadiu uma casa da vila e Luo Binghe insistiu em acompanhá-lo, embora Jiu não sabia como ele poderia ser útil ali. A família da casa estava ali e correram até eles assim que os viram.

— Senhor Shen! O seu amuleto não funcionou! Um demônio entrou na minha casa! Tem certeza que fez certo? — O chefe da família questiona Jiu sobre a eficiência do amuleto que ele deu.

— Jiu, você está vendendo amuletos falsos? — Luo Binghe perguntou.

— Não é um amuleto! É uma barreira inversa! Ela deixa entrar os demônios, mas os impede de sair — Jiu explicou. — Eu tenho certeza que disse a você para fugir assim que visse um demônio porque não é um amuleto.

O homem ficou com raiva, ele queria um amuleto de graça e pensou ter conseguido enganar Jiu para fazer um.

— Só acabe com ele logo, tá bom? — ele mandou, despachando os dois.

— Por que fazer uma barreira como essa? — Luo Binghe, seguindo Jiu para dentro da casa.

— É mais efetivo eliminar demônios quando você já sabe onde ele está — Jiu respondeu, dando de ombros.

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