Extra 02: A Paisagem dos Sonhos de Luo Binghe - Parte 02

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Jiu rapidamente começou a nadar em direção a superfície e respirou desesperado por ar. A correnteza era forte e estava o puxando, fazendo lutar para se manter na superfície e engolindo muita água. Ele tentou nadar para a margem, mas era difícil e seus braços estavam ficando dormentes pelo frio e o cansaço.

Suas pernas quase não respondiam mais quando final chegou a margem. Ele se deitou na terra, respirando descompassado. Há um segundo atrás, ele estava indo dormir com Luo Binghe e agora, de alguma forma, ele caiu em um rio e quase se afogou.

O que estava acontecendo com ele ultimamente?

Ouviu passos se aproximando e isso o deixou em alerta. Procurou pela adaga que sempre deixava escondia no bolso interno de sua manga, mas não a encontrou. Devia ter caído enquanto lutava para sair do rio.

Os passos pararam e algo cobriu o sol que batia em seu rosto. Ao abrir os olhos, viu uma criança que parecia muito com Luo Binghe, o olhando curioso.

Ambos olhavam um para o outro se fossem a coisa mais surpreendente que já viram na vida. E realmente deviam ser.

Shen Jiu se sentou, olhando admirado para aquela criança. Devia estar sonhando de novo, mas parecia tanto real. Sua falta de ar, a exaustão e a sensação da terra abaixo de si, tudo parecia tão real.

Até aquele Luo Binghe criança parecia muito real.

— O senhor está bem? — a criança perguntou, oferecendo a mão para ajudá-lo a levantar.

— Sim... — Não tinha certeza disso, mas mesmo assim se levantou e tentou limpar a terra de suas roupas encharcadas, mas era um esforço inútil.

— Por que o senhor estava nadando no Rio Luo no meio do outono? — Luo Binghe perguntou. — Eu me chamo Luo Binghe, em homenagem ao Rio Luo!

— Eh... Eu sou Shen Ji... Shen Qingqiu, prazer em conhecê-lo — Shen se apresentou usando o nome do shizun de Luo Binghe. — Por que você está aqui?

— Eu moro por aqui e estava indo buscar congee para minha... — Luo começou a responder e lembrou que tinha algo a fazer e saiu correndo. — A-Ah, preciso ir! Tchau, senhor Shen!

Estranhou aquilo e decidiu segui-lo e ver o que estava acontecendo. Mesmo se tudo aquilo fosse um sonho, Jiu não sabia como acordar, então aproveitaria o máximo que pudesse.

Shen o seguiu de perto facilmente ao concentrar energia nos pés, Luo Binghe olhou para trás e ao vê-lo seguindo-o tão facilmente ficou com medo e começou a correr mais rápido.

Jiu riu com o déjà vu que aquilo lhe causou e resolveu judiou um pouco de Luo Binghe como vingança por aquele dia. Com as mãos endireitadas nas costas e pisando apenas com a ponta de pé no chão e praticamente flutuar uns dez passos de Luo antes de ter que pisar no chão de novo. Ele parecia uma divindade travessa brincando de pega-pega com uma pobre criança.

Quando ia finalmente parar de atormenta-lo, eles chegaram a uma casa maltrapilha da qual Luo Binghe correu para dentro, fechando a porta com força. Shen olhou para aquela casinha simples e apertada em meio aquele solo infertil e seco mesmo com um rio grande próximo.

Lembrou-se das palavras que Luo Binghe disse uma vez:

— Ninguém nasce cultivador — o lembrou. — Antes de me juntar a minha antiga seita, eu vivia uma vida humilde com a minha mãe. Nunca tivemos nenhum luxo e o último pedido dela antes de morrer foi comer um congee simples — Binghe contou. — Então, não aja como se fossemos completamente diferentes.

Shen bateu à porta, mas Luo se recusou a abrir, assustado com a brincadeira de antes. Então, Jiu usou um pouco de energia espiritual para mover o ferrolho da fechadura sozinho e abrir a porta.

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