O Rouxinol - L. Ackerman

O Último Pedido do Comandante

Caminho sob o sol da manhã enquanto meu corpo é acariciado pela brisa morna que sopra no campo a essa hora. Fora de Shiganshina, próximo a um aglomerado estreito de árvores, foi o que Keith disse. Os treinamentos com titãs falsos de madeira traz um sentimento nostálgico da época da unidade de cadetes quando Nile, Erwin e eu apostávamos em quem conseguia encontrar todos primeiro. Sorrio fraco e avisto as montarias mais adiante, assim como meu novo esquadrão, que também acaba de chegar.

Desmonto de Karasu e acaricio sua crina antes que ele se afaste em direção ás gramíneas, me deixando para trás. Keith está com Mike, Erwin e Levi logo a frente e me aproximo deles, erguendo o braço em um aceno que é retribuído com alguns acenos de cabeça.

–– Que bom que vai se juntar a nós hoje, Sofia. –– Keith se adianta. –– É importante que vocês quatro saibam usar suas habilidades em conjunto.

–– O que nós vamos fazer hoje? –– Estico os braços para cima os alongando, checando o gás do meu equipamento enquanto me coloco entre Erwin e Mike.

–– O que faziam na unidade de cadetes. –– O Comandante dá de ombros e aponta para a floresta atrás de si. –– Há 100 titãs de madeira nessa floresta. Vocês vão se separar em dois grupos.

Um sorriso aparece em meu rosto e troco um olhar quase que imediato com Mike, que parece pensar o mesmo que eu.

–– Os perdedores pagam uma rodada na cidade?

–– Mike, Sofia. –– Keith nos repreende. –– Isso não é uma competição.

–– Fechado. –– Erwin aperta a mão estendida de Mike. –– Vamos, Sofia.

Sigo o loiro para dentro da floresta, ignorando os xingamentos de Mike atrás de nós. Solto uma risada alta enquanto corro atrás de Erwin, satisfeita por poder voltar à ativa depois de ferimentos tão ruins e poder me sentir útil novamente. O loiro na minha frente estica um braço para a esquerda indicando uma árvore frondosa e sobe com o DMT, desaparecendo entre as folhas em seguida. Entendo o recado e faço o mesmo na direção oposta.

Pouso sobre um galho, traçando com os olhos a melhor trajetória, sacando as espadas em seguida. Sorrio comigo mesma ao ver entre a vegetação o sinalizador verde sendo disparado e miro na árvore mais próxima, escutando o chiado do gás e os sons abafados dos pássaros enquanto vou na direção do primeiro titã avistado, cortando sua nuca ao mesmo tempo que Erwin corta a do outro monstro de madeira próximo.

Novamente, seguimos em direções opostas. Me mantenho atenta a outras movimentações, sabendo como nossos adversários são habilidosos, especialmente Levi, como Erwin havia dito. Além de que, conhecendo seu sobrenome, eu não preciso de prova alguma de sua capacidade como soldado. Me lembro de todas as vezes em que vi meu pai lutar, todas as vezes em que os policiais apareceram para tentar nos matar e como ele derrubou todos eles, um por um. Da mesma forma que ele me ensinou a matar com doze anos de idade.

Logo abaixo de mim, avisto um vulto rápido, reconhecendo Levi enquanto ele avança na direção do próximo gigante de madeira. O garoto parece não ter me notado e agradeço mentalmente pelo conhecimento breve em engenharia que adquiri com o meu pai, o suficiente para me mover o mais rápido e o mais silenciosamente que o equipamento permite. As lâminas de Levi refletem a pouca luz do sol que entra por entre as copas das árvores e no momento em que ele se prepara para dar o golpe na estrutura de madeira, inclino meu corpo para a frente, prendendo um dos ganchos do meu equipamento ao material sólido, cortando a nuca do titã falso em um golpe rápido.

–– Mas o que... Sofia!

Escuto Levi ralhar comigo e cometo o erro de me virar para o espiar por cima dos ombros, nem um pouco atenta quando meu corpo se chocou contra a estrutura enorme de madeira. Sinto meu coração disparar; A espada da mão direita caiu e o cilindro de gás do lado esquerdo teve a válvula destruída, o chiado alto anunciando o vazamento. Sinto meu corpo ser puxado em direção ao chão mas uma mão agarra meu pulso com firmeza antes que eu pudesse cair.