capítulo 7

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se despedir do pai fora imensuravelmente complicado,
nenhum deles estava em plenas condições e sua mãe tentava transparecer uma força extrema para todos eles. O Henri já não conseguia mais chorar, se afundava em toda e qualquer oportunidade de trabalhar até que seu corpo estivesse exausto o suficiente para não lhe dar tempo de pensar. Com a recente ascensão dele a conde tinham chegado diversas responsabilidades, o seu pai o preparou para isso, mas não esperava precisar exercer esses conhecimento tão cedo. A verdade era que a sua responsabilidade atual não era o único motivo de ocupação do tempo dele, Henri queria, na verdade ele precisava saber o que de fato havia acontecido com o seu pai, já estava cansado de ouvir tanta gente especulando ao respeito do acontecido e não sabia nem explicar o tamanho de sua raiva ao ouvir alguém questionar a honra do falecido conde. Não sabia até que ponto seria capaz de ir, mas descobrir o que aconteceu se tornou a motivação de vida do novo conde.
Tessa tinha recebido a visita de seu noivo naquela tarde, quase uma semana após o assassinato de seu pai e tudo que ela queria era poder se concentrar no ultimo fio de felicidade dela naquele momento. O casamento.
— Sinto muito que esteja passando por tudo isso.
— O duque disse e a abraçou. Aquele toque deveria ser considerado inapropriado aos olhos de todos, mas a lei da sociedade podia ser menos rígida com casais já noivos então Tessa apenas aceitou aquele carinho e percebeu tristemente o quanto precisava de um abraço. Depois de cinco minutos abraçados ela olhou para ele e sem mais nem menos o duque se achou no direito de lhe beijar. Ela recuou, mas mesmo assim ele continuou insistindo e tentando repetidas vezes desabotoar o seu vestido.
— Me solte, isso é completamente inadequado por favor se afaste. — E mesmo com ela pedindo, ele não se afastava, até o momento em que uma outra visita entra no aposento de forma tão tempestuosa que empurrou o duque para trás.
— O que pensa que está fazendo? — resmungou o duque contrariado. Essa, pensou Tessa, é de fato a primeira vez em que ela ficava feliz de ver Ház.
— Tirando as suas mão nojentas de cima de uma dama, deveria se dar ao respeito, melhor ainda, deveria respeitar a mulher que escolheu para ser sua noiva. — O conde sibilou entre dentes e isso fez até com que Tessa se encolhesse. Ház estava sentindo a fúria de mil homens naquele momento e isso não poderia ser bom. Mais um passo em falso e ele seria capaz de socar aquela cara asquerosa até que deixasse o duque nojento inconsciente.
— Você não deveria se meter nisso Ház, se vamos nos casar de qualquer forma por que eu deveria ter qualquer pudor com relação a isso?  Vamos lá, você é homem, sabe perfeitamente do que estou falando. — Tessa não imaginava que os dias dela poderiam ficar piores, mas estava enganada é claro que poderiam. Nada é tão ruim que não possa piorar. Nunca tinha imaginado que tudo o que fora retratado na coluna do diário oficial ao respeito do duque fossem realmente coisas fundamentadas, e ficou triste. Na verdade triste não é bem a palavra, era algo mais como decepção. Nunca havia se sentido tão humilhada em toda sua vida. Desejou poder encolher até que simplesmente desaparecesse.
— Eu sugiro que vá embora. — O conde estava com os punhos cerrados e era de apavorar o que aconteceria caso ele se descontrolasse, não que ele fosse se transformar em algum monstro ou coisa do tipo, mas temia que desse exatamente a quantidade de socos que o duque merecia estando na frente da Tessa, não podia fazer com que ela visse isso, uma dama não deve ser exposta a ataques de fúria mesmo que seja direcionada a alguém que definitivamente merecia.
— Eu estou na casa da minha noiva! Quem deveria se retirar é você. —
Ház suspirou, será possível que aquele ser desprezível iria tentar testar os limites de sua paciência? O conde não estava muito longe de explodir.
— Sugiro que se retire agora, antes que eu precise jogá-lo para fora sem me importar nem um pouco com o fato de todos assistirem. —  O duque se revestiu de todo o orgulho que lhe cabia, olhou para a Tessa e parecia que ainda esperava uma resposta bondosa e doce.
— Se eu atravessar aquela porta, considere este noivado acabado. — Ela não conseguiu responder, não que ela realmente ainda sentisse alguma vontade de se casar com ele depois de ele ter tentado… ter agido de maneira impropria, mas ela simplesmente não conseguia responder.
— Eu posso garantir que isso não fará falta alguma para ela. — Ház mais uma vez saiu em seu socorro, ela fez uma nota mental para que se lembrasse de agradecer mais tarde.
— Ela irá se arrepender disso. — Ele respondeu em tom de ameaça e simplesmente saiu. Tessa soltou o ar dos pulmões e nem mesmo tinha se dado conta de que havia segurado a tanto tempo.
Ház tinha se sentido tentado a abraçá-la apenas para dar algum conforto, a menina estava tão abalada por perder o seu pai e agora simplesmente descobre que seu noivo não era o príncipe que ela havia idealizado. Não que o Ház já não tivesse esgotado suas forças tentando avisar, mas não diria isso a ela. Seria muita crueldade.
— Sinto muito por tudo isso. — Ele disse enquanto ajudava ela a fechar os dois botões que aquele asqueroso havia conseguido abrir. Por um momento Ház se permitiu pensar no que poderia ter acontecido caso ele não estivesse por perto e seu sangue gelou. Não. Considerar aquela possibilidade o deixaria louco e muito provavelmente o faria cometer um assassinato em seguida.
— No fim das contas você tinha razão milorde. Obrigada por me salvar de um destino horrível. — Ela falava com certa timidez e ele deduziu que isso se devia a motivo de que eles não costumam ser gentis um com o outro. Ele sorri.
— Acredite, eu gostaria de não ter acertado. — Ela não respondeu, apenas olhou para baixo e ele segurou a ponta do seu queixo levando-a a olhá-lo nos olhos.
— Eu não consegui salvar o seu pai e não consigo tirar isso da minha cabeça nem por um segundo, mas te prometo que sempre que precisar de mim eu estarei presente, sempre vou protegê-la mesmo que isso custe a minha vida, me ouviu? Apenas confie em mim. — Ela sabia que ele estava falando a verdade, ele a protegeria e seria a segurança dela. Não que Tessa achasse seus irmãos incapazes de fazerem isso por ela, sempre soube que todos eles dariam a vida uns pelos outros caso fosse necessário, mas não podia exigir tanta força deles agora, todos estavam abalados e precisavam cuidar de Amélia. Sim, precisavam ser fortes por ela, e Tessa não pediria que eles também precisassem ser o seu ponto de proteção. 

O conde de Lukewood - volume 1 os ClarkesOnde histórias criam vida. Descubra agora