godamn werewolf

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Reneesme tem os olhos castanhos como os de Bella. São escuros como dois buracos negros, mas brilhantes como se fossem o lar de milhares de galáxias aprisionadas para sempre em íris infantis. Ela tem algo, um semblante, um aspecto maduro a cercando. Quando a seguro pela primeira vez, ela tem apenas cinco dias, mas parece carregar nos ombros o peso de uma vida. No instante que a vejo, a amo. Ela é um pedaço de Edward, afinal.

Conforme ela vai crescendo, e eu vou a amando cada vez mais, percebo que eles tem a mesma disposição contagiante, os mesmos esquisitos cabelos cor de cobre e o mesmo gosto por ouvir histórias. Reneesme é mau humorada para uma porção de coisas, como o pai, mas também tem esse senso de justiça que acredito ter herdado da mãe. Eu a trato como minha filha, e para mim isso que ela é, mas no fundo do meu peito não posso deixar de sentir inveja de Bella por ser capaz de formar uma criatura tão extraordinária quanto Reneesme.

Quando Reneesme completa três meses, ela cresceu loucamente e já possui o tamanho de uma criança humana de seis anos. A mentalidade, porém, parece pertencer a um adulto de vinte e sete. Ela é inegavelmente mais madura que eu, e até inegavelmente mais madura que Alec, uma vez com seus mil e quinhentos anos de idade.

Ela sabe ler, escrever e gosta de me ouvir contar histórias sobre qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo. Tanto faz se é sobre como eu sonhava acordada com aulas de arte na França, ou sobre o tempo que minha mãe precisava passar consertando meus vestidos rasgados de tanto escalar árvores na infância.

Esse aspecto a liga a Edward. Ele sempre adorou ouvir minhas histórias, mesmo as repetidas.

Um dia estamos sentadas no chão da sala de estar e estou futilmente reclamando sobre filmes de zumbis, porque é óbvio que zumbis não existem. Estamos sozinhas. Edward saiu para caçar com Emmett e Rosalie, enquanto Alice, Jasper, Esme e Carlisle estão em busca de testemunhas para convencer os Volturi de que Reneesme não é uma criança imortal.

A menina a minha frente desenha bonecos de palito sem proporção nenhuma, e espio sob seu ombro para ler a escrita que ela coloca logo acima dos bonecos.

"Você voltaria a ser humana?"

Eu paro por um instante e penso.

Eu sentia falta?

Eu sentia falta dos meus pais, claro. Eu sentia falta de ter um sobrenome, certa estabilidade, de ter a certeza de que me casaria e teria filhos. Eu sentia falta do gosto de chocolate, da refrescância de tomar um copo d'água depois de correr com o vento no rosto, e principalmente de dormir. Eu faria qualquer coisa para poder dormir de novo.

Apesar de tudo isso, não sentia falta de ser humana. Se eu fosse humana, não teria conhecido Edward. Não teria conhecido Rosalie e os Cullen. Não teria conhecido Alec. Nem Reneesme. Não teria me conhecido.

Se eu fosse humana, já estaria morta a muito tempo. Teria envelhecido, tido filhos, me casado com um homem que não me trataria como uma igual e a essas alturas já estaria morta a mais de cinquenta anos.

— Não, isso não.

— Eu não quero que você seja humana. Nunquinha. — Reneesme franze o nariz em uma negação adorável, as sobrancelhas se erguindo e as pálpebras se fechando levemente.

— E por que não?

— Se você voltar a ser humana, eu vou ficar sozinha. — Seus lábios formam um biquinho trêmulo. — Você é minha mamãe. Eu não quero ficar sem a minha mamãe.

Eu sorrio e a agarro em meus braços em um aperto de aço. Ela dá uma gargalhada quando meus dedos encontram sua barriga para fazer cócegas travessas.

MERCY 𑁋 EDWARD CULLEN.Onde histórias criam vida. Descubra agora