Ponto de Ruptura [Penúltimo]

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Todos os acertos finais do trabalho fluíram de maneira estranhamente tranquila, Changkyun fornecendo tudo o que precisava. Tinha certeza que o relatório final ficaria ótimo e renderia uma boa nota. Porém quanto a outra questão que estava perto de tirar seu sono, o moreno seguia reticente.

Quando escreveu que conversariam pessoalmente no bilhete, não esperava que o professor levasse tão a sério. Agoniado, Hyungwon só conseguia pensar: Quão difícil poderia ser digitar um "sim" ou "não" e enviar?

E então veio o comportamento diferente que o maior não sabia como reagir. Costumavam simplesmente marcar e se encontrar, mas excepcionalmente naquele dia, Changkyun se ofereceu para buscá-lo de carro em um lugar um pouco afastado dos dormitórios e evitou ser claro para onde iriam. Incerto de tudo, Hyungwon resolveu trocar os casacos grandes pela camisa branca e a jaqueta de couro sintético que mal usava.

Era fim de tarde e o maior esperou impaciente no ponto de encontro. Não entendia o porquê de tanto mistério, sua mente formulando dezenas de teorias que faziam cada vez menos sentido.

Assim que o carro parou, o maior entrou de maneira apressada e ao estudar a situação, nada parecia fora do lugar. O carro tinha o mesmo cheiro de pinho que às vezes o enjoava, Changkyun usava uma camisa atoalhada preta e branca de manga comprida - nada fora do comum, e a sua postura parecia normal.

- Pare de me olhar dessa forma - o moreno riu baixo.

- E então? - Indagou incapaz de segurar a ansiedade.

- Calma, vamos conversar - Changkyun se ajeitou no banco e saiu com o carro - Primeiro quero que veja um lugar.

O professor dirigiu por volta de quarenta minutos, música ambiente tocando. Em meio às conversas breves e comuns demais aos dois, Hyungwon resolveu focar nas ruas para tentar acalmar seu coração.

A quantidade de carros eventualmente diminuiu e o moreno estacionou pouco tempo depois em frente a uma lagoa, a qual Hyungwon não se lembrava da última vez que tinha visitado. As luzes da rua já haviam se acendido e ao admirar a vista, era bonito ver as luzes da cidade em volta daquela calmaria.

- Por que aqui? - Perguntou curioso.

- As vezes eu venho aqui, é tranquilo - explicou ao desligar o carro e se livrar do cinto - Me dá uma boa sensação. Quer sair? - Hyungwon assentiu.

Poucos carros cruzavam aquela rua, o que lhe dava a oportunidade não só de apreciar a brisa fria, mas também de ouvir as pequenas ondas que quebravam na micro faixa de areia e o farfalhar das folhas nas árvores próximas. Não era difícil entender como aquele lugar poderia ter um efeito bom e calmante em alguém.

- Deveria ter me portado melhor com você e eu ainda me arrependo disso - Changkyun disse ao se encostar no capô do carro, procurando e entrelaçando os dedos nos do maior - quanto ao anel - Changkyun tirou do bolso o mesmo saquinho que recebera - é lindo, porém eu não posso aceitar - ele ofereceu o anel de volta e Hyungwon pegou a contragosto.

- Então me trouxe aqui para terminar de vez?

- Não tem porque negar que eu gosto de você, mas acho que ainda não deveríamos namorar com anel e tudo - disse beijando a mão que ainda segurava - em contrapartida, quero te convidar para conhecer um amigo meu, mais um irmão.

- Está trocando o anel por um encontro? - Questionou descontente.

- Estou pedindo que espere e, enquanto o faz, que conheça alguém muito importante para mim.

- Sabe o quanto eu te quero, certo? - Hyungwon foi assertivo e o menor assentiu um pouco desconcertado.

- Mesmo assim acho que não estamos prontos ainda para tanto compromisso. Eu sei que pode não parecer, mas tem tanta coisa acontecendo à nossa volta... Não tivemos tempo para nada.

Complicado &  Imperfeito | HYUNGKYUNOnde histórias criam vida. Descubra agora