Você não sabe amar

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[Nome] ----------

-Kazu, leva meu copo na pia? -Perguntei sem tirar os olhos da televisão, com medo de perder alguma cena do filme.

-Eu não, você tem duas pernas. -Ele praguejou se levantando e indo até a pia, deixando o próprio copo e depois voltando pro sofá.

-Peste! -Praguejei e me levantei. Parei na cozinha quando meu celular apitou com uma mensagem de Baji pedindo para me encontrar no terraço.

Atravessei a sala rapidamente para passar um perfume enquanto Kazutora apenas observava minha agitação repentina. Estava com um shorts de malha cinza e uma regata preta com alças finas, coloquei um fino colar dourado e os brincos de ouro que eu gostava. Eram pequenos e discretos.

-Tem outra roupa não? -Kazutora perguntou ao me ver passar para a porta de entrada.

-Eu tenho um monte de peças iguais, você sabe disso. -Mostrei língua e coloquei metade do corpo pra fora. -Vou estar no terraço, depois a gente se fala.

-Ok. -Ele suspirou e pegou o celular, olhando sem muito ânimo para a tela.

Saí do local e subi de elevador. Era domingo à noite e ele tinha jantado fora no sábado, furando nosso encontro não oficial, mas eu não me importava. Cheguei no andar finalmente e ajeitei meu cabelo no espelho.

Estava tudo bem vazio como quase sempre e eu caminhei pelo espaço aberto. Estava empolgada e feliz até notar duas figuras de pé perto dos bancos. Meu coração bateu mais forte quando pude reconhece-los. Baji estava lá, com a gata no colo enquanto conversava com ele... Wakasa.

-Ai porra. -Sussurrei assim que as duas cabeças se viraram para mim e me olharam. Eu não consegui controlar a cara de culpada, engoli em seco e fiquei parada no local, vendo Baji acariciar a bichana enquanto Wakasa mantinha as mãos nos bolsos.

-Vem cá, [Nome]. -Wakasa me chamou e eu voltei a andar. Minhas articulações estavam tão rígidas que eu mal conseguia dar um passo, mas minha estabilidade era semelhante à de gelatina.

-Oi. -Foi tudo o que consegui dizer ao notar os semblantes de decepção em ambos. Agarrei o celular com as duas mãos tentando disfarçar a tremedeira e encarei a cidade lá embaixo.

-O Wakasa é amigo do Shinichiro... irmão do Mikey. -Baji falou suspirando e eu concordei com a cabeça. -A gente ia acabar se reconhecendo uma hora ou outra.

-É, vocês... têm amigos em comum. -Eu não conseguia olhá-los nos olhos, meu rosto ardia de vergonha.

-Eu vou deixar vocês conversarem. -Baji se manifestou e saiu. Eu quase quis pedir para ele ficar, mas a verdade é que eu que queria ir embora daquele lugar o mais rápido possível.

Os passos dele foram ouvidos até chegar no elevador. Enquanto isso, eu e Wakasa continuávamos lado a lado. Eu encarando a cidade e ele me encarando. Não conseguia entender o motivo pelo qual meu coração estava tão pesado e dolorido daquela forma, eu já tinha passado pela experiência de dois caras se encontrarem, mas daquela vez estava sendo diferente. Eu sentia como se tivesse traído Wakasa.

-Vem cá, princesa. -Ele falou passou a mão por cima dos meus ombros e começamos a caminhar por entre os bancos em silêncio. Ele chegou até perto da grade do prédio e apoiou os braços no guarda-corpos. -O Baji me contou que não faz muito tempo que vocês se conheceram.

-É... foi quando eu vim pra Tóquio. -Falei com o nó na garganta, ainda sem conseguir olhar para ele.

-Entendi. Pouco mais de dois anos atrás a gente se conheceu bem ali, você lembra? -Ele disse apontando para o parque onde havíamos nos visto pela primeira vez durante um festival público. -Fiquei tão encantado que no fim de semana seguinte eu fui pra sua cidade só pra te encontrar.

Devil's Daughter, BajiOnde histórias criam vida. Descubra agora