A nova princesa

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Kazutora ----------

Um ano e meio havia se passado desde a despedida de [Nome]. 

A gente continuava se falando todos os dias. Ela me mandava fotos dos lugares que visitava, das coisas novas que vivenciava, as diferenças culturais que percebia... tudo. Até cheguei a aprender um pouco de italiano com ela. 

Mas eu ainda sentia falta dela todos os dias... e eu não era o único. 

— E a sua prima, ela tá bem? — Baji perguntou tentando ser o mais casual possível, embora eu soubesse que ele estava morrendo de curiosidade. 

— Ela tá sim. Tá morando em Campânia agora. 

— Ah, mudou de cidade de novo? — Perguntou enquanto terminava de organizar os papéis da própria mesa. Me dava pequenas olhadas de soslaio, como se demonstrasse o nervosismo. 

— Mudou sim. Ela muda bastante por conta do trabalho. Ela acompanha atletas, né, então acaba sempre tendo que ir onde eles estão. 

— Combina com ela — Baji murmurou baixinho com um sorriso pequeno. 

Muitas coisas tinham mudado desde que ela partiu. No começo, Baji dormiu com tantas garotas diferentes que chegou a ser preocupante, mas depois de alguns meses ele aquietou o facho. Já não ia mais para tantas festas, não saía transando com toda garota que via pela frente, parecia ter finalmente decidido levar uma vida um pouco mais tranquila, embora eu ainda tivesse algumas suspeitas.

Eu sabia que no último mês em que ela morou comigo, [Nome] se afastou gradualmente de Baji e ele apenas aceitou. Não queria prendê-la, mas eu suspeitava de que ele tinha se arrependido. Os dois nunca conseguiram se acertar e, depois daquela trágica despedida no aeroporto, as coisas pareciam ter ficado ainda mais delicadas. 

Eu tentei fazer os dois conversarem, mas não adiantava. Ambos eram covardes demais para encarar os próprios sentimentos. 

Pelo menos uma vez por semana Baji me fazia a mesma pergunta, e eu sempre respondia a mesma coisa. 

— Aí, eu tô indo pra casa, ok? — Falei e Baji concordou. 

Saí com pressa do local e dirigi até o aeroporto, imaginando qual seria a reação dele ao saber que um ano depois, [Nome] voltaria para minha casa. Não para morar, apenas para uma visita que não duraria mais que alguns dias. 

Na área de desembarque a encontrei sem demora. Demos um abraço apertado e cheio de saudade e logo eu comecei a dirigir enquanto ela tagarelava. Estava nitidamente mais bronzeada, e muito mais feliz também. 

[Nome] parecia radiante de felicidade, mas eu sabia que havia um pequeno vazio no coração dela que ela continuava a negligenciar.

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— ... e você precisa provar. Sério! É muito gostoso, eu tenho certeza que você vai gostar — ela falava com empolgação enquanto atravessávamos o corredor do meu prédio.

— Espero que você tenha trazido uns docinhos pra mim. 

— Ai, eu trouxe um monte de coisas. Tem umas bolachas que você...— os olhos dela encontraram o tapete de entrada com o gato e ela engasgou com as palavras — Você vai gostar muito. 

Notei imediatamente o semblante dela mudar. Se Baji me perguntava uma vez por semana, ela mal esperava os sete dias passarem. Tinha aberto o próprio coração dezenas de vezes, mas eu já não sabia mais como aconselhá-la. 

 — Ele tá bem — falei antes mesmo que ela pudesse perguntar e pude vê-la sorrir. 

— Fico feliz que ele esteja bem — disse sem demora entrando no meu apartamento. 

Devil's Daughter, BajiOnde histórias criam vida. Descubra agora