Não fala adeus

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Avisos:

Não aguentei de ansiedade e me recuso a chorar sozinha. Então segurem esse capítulo completamente sentimental!

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Baji ----------

Quando Kazutora deixou "acidentalmente" a carta cair no meu escritório junto de um bilhete contendo exatamente a hora e o portão do aeroporto onde ela estaria, meu coração quase vacilou.

"Baji, obrigada por todos esses momentos que passamos juntos. Infelizmente eu não consegui olhar nos seus olhos e dizer o que acontecia, mas eu recebi a proposta de emprego dos meus sonhos e estou indo embora para a Itália. Lembra aquele dia que conversamos sobre sonhos? Eu falei da Europa e finalmente esse sonho está se realizando.

Me desculpe por sumir de forma tão repentina, mas eu não conseguiria dizer isso olhando para você. Obrigada por tudo e espero que seja feliz."

Aquela maldita carta me deixou irritado. Me deixou triste, nervoso, decepcionado, irritado, mas acima de tudo me deixou com medo.

Com medo de não chegar a tempo naquele maldito aeroporto, pois infelizmente encontrei o papel muito tempo depois de Kazutora deixá-lo lá.

Pilotei a moto feito um louco, e mesmo depois de chegar, corri até o portão, tendo tempo suficiente para vê-la se despedir do primo enquanto meus pulmões pareciam prestes a explodir. Quando Kazutora me avistou, disse algo para ela e em seguida a garota veio até mim.

— Tem tempo pra se despedir de mim? — Perguntei e vi os olhos dela marejarem imediatamente, assim como os meus.

— Tenho tempo, mas não sei se tenho coragem — ela confessou com um nó notável na garganta.

Ficamos nos encarando por alguns instantes. O aeroporto barulhento parecia apenas um ruído de fundo, eu só conseguia me concentrar nela. Nada mais importava.

Eu apenas a observava. A visão embaçada por conta das lágrimas acumuladas nos olhos. Lágrimas que eu lutava muito para não derramar. Não ainda.

— Era isso que ia deixar pra mim? — Perguntei mostrando a carta — Meia dúzia de palavras genéricas e um conselho motivacional no final?

— Eu não sabia o que dizer — a voz embargada dela denunciava o quanto ela lutava contra o choro.

— Sei que eu posso não ser o cara mais inteligente da Terra. Também sei que eu não sou um especialista em romance, mas não dá pra fingir que o que a gente teve dava pra encerrar com uma cartinha escrita numa folha de caderno.

— Desculpa se eu te ofendi, eu...

— É claro que me ofendeu! — Era minha última chance de dizer o que sentia e pensava para ela e eu precisava expor tudo de uma vez — É claro que eu me ofendi, [Nome]. Você não tá indo pro outro lado da cidade, não tá indo morar em outro prédio. Você tá indo pra outro país. Pra outro continente. Tá indo pro ocidente! Pro outro lado do mundo! Eu... eu nem tive tempo de organizar meus pensamentos, porque só tive umas duas horas pra digerir tudo isso — a mágoa no meu coração crescia a cada instante, mas eu não estava com raiva.

Não... eu sentia raiva, mas não dela.

Sentia raiva da vida, de mim mesmo, da escolha que ela fez em não me contar, mas eu compreendia. Por mais estranho que pudesse parecer, eu conseguia entender como ela se sentiu e o que a levou a escolher ir embora daquele jeito.

— Eu não sabia como — confessou dando um passo à frente e se aproximando de mim — Eu te via cada vez mais próximo de mim e eu tinha medo.

— Porque eu não sabia que você ia embora, então não agia como se a gente fosse viver uma despedida do dia pra noite — levantei os ombros e mostrei as palmas das mãos, em pose de indignação.

Devil's Daughter, BajiOnde histórias criam vida. Descubra agora