Primavil e Estival

1.4K 189 45
                                    


 Ficara decidido que começariam pela Corte Primavil e então seguiriam pela Estival, Outonal, Crepuscular e por fim Diurna. A ideia de começar logo pela de Tamlin não agrava Lucien, saber que enfrentaria aquele que chamou de amigo, tantas vezes, mas que o tratara tão mau. Se lembrava de cada chicotada, de estar sempre pisando em farpas para falar com ele, eram amigos, mas ficava claro até que momento a amizade deles acabava e a de servo e grão-senhor começava. E quando ele deixara Lucien a mercê de Ianthe, dos abusos dela e não fez absolutamente nada, aquilo destruíra o ruivo deixando marcas inimagináveis e que eram as mais difíceis de curar.

E andando no bosque da Primavil aquelas lembranças brilharam em sua mente, mas tentou afasta-las rapidamente, com o encantador de sombras ao seu lado não seria agradável explicar a mudança em seu cheiro. Assim que as comemorações do solstício acabaram, eles viajaram para a corte de Tamlin, quanto mais rápido começar mais rápido terminaria, foi o que o ruivo afirmou e o moreno acompanhou a ideia.

Avistaram a mansão, estava rodeada e ervas da ninha, galhos e plantas descendo pelas paredes e a porta quase totalmente destruída. Quatro anos tinha se passado desde o fim da guerra e Tamlin ainda não tinha movido um dedo para tentar reerguer a corte, um macho destruído e nadando na própria culpa e solidão.

-Isso aqui está uma bagunça. – Murmurou Azriel quando entraram na mansão.

-Bagunça é elogio, tá em ruínas isso sim.

-Se ele não quer fazer o papel dele, ao menos desse a alguém que se prestasse a fazer.

-Não tem ninguém aqui, todos foram embora e ele não parece estar disposto a mover um dedo para pedir ajuda -Lucien disse chegando ao antigo escritório e abrindo a porta ouvindo o rangido. Não tinha ninguém, Tamlin não estava la e nem em lugar algum da mansão.

Ouviram a porta da frente sendo aberta bruscamente e a besta de Tamlin entrar e rapidamente mudar para sua forma féerica. Ele estava acabado, foi o que os dois pensaram. Magro demais, olheiras abaixo dos olhos tão profundas quanto um poço vazio, os cabelos loiros antes longos agora curtos e bagunçados. Um verdadeiro macho derrotado.

- Posso saber o motivo dessa invasão as minhas terras? - Rosnou o loiro.

- Viemos conversar, sobre a ameaça ainda existente do feiticeiro. - Respondeu o ruivo.

- E o que isso tem a ver comigo?

- Pode não se lembrar, mas ainda tem o título de Grão-Senhor.

-Não tenho muito o que fazer, não sei se você lembra mas quando me abandonou para ir atrás da sua parceira como um cachorrinho, junto daquela outra vocês me deixaram com uma corte se despedaçando! - Grunhiu irritado.

-Não teria ido embora se você ao menos tivesse o mínimo de senso e deixado Feyre em paz! Sabia que ela tinha te deixado por vontade própria, que tinha escolhido alguém que não a prendeu e tratou ela feito uma boneca quebrada! - Lucien falou um pouco alterado, ele fez isso com ele mesmo – Você e somente você, fez com que todos se afastassem, agora se você fizer o favor de deixar de lado esse rancor de macho traído de lado e tratar das coisas como grão-senhor que ainda é e conversarmos como pessoas civilizadas eu agradeço – Terminou o ruivo respirando fundo e tentando se acalmar. Azriel o olhava espantado, Lucien jamais diria aquilo a uma figura de maior poder e ainda mais se este fosse seu antigo amigo, isso no passado, mas esse Lucien de agora tinha garra e lutava, e uma pontada e seu peito que ele não soube o que era brilhou, mas resolveu deixar quieto isso.

-Você.... Mudou – O loiro falou, depois em tempo mudo devido o choque, não imaginava que um dia Lucein levantasse a voz consigo.

-É, mudei. Agora sobre o feiticeiro e se ainda está dentro da aliança entre as cortes, o que você diz?

Recomeçar - Luriel. Onde histórias criam vida. Descubra agora