Recomeçar - Luriel.

Sem esperanças.

Antes do sol recair sob a cidade cinzenta, o grupo todo já estava acordados e planejando. Azriel já havia assegurado que não tinha armadilhas ou quaisquer sinais de uma magia ou encantamento no lugar marcado, Marx planejava todas as possíveis rotas de fuga que aquele lugar poderia ter e como era um local aberto estariam seguros. E quando o sol estava quase se pondo, começaram a preparar o resto de suas armas e roupa de batalha.

Eris resmungava a todo segundo que estava tudo muito fácil, algo estava sendo planejado e ele não confiava nisso, mas era tudo o que eles tinham, não podiam perder a chance de tentar salvar esse mundo, esse povo... Era algo que todos estavam dispostos a lutar.

Todos, sendo mortais ou imortais, sonhavam em almejar algo, conquistar, era isso que os motivava a continuar. O fato de sonhar e desejar por algo e lutar por aquilo era o que fazia o processo ser intenso e único e libertador, então, todos lutariam para que aquele mundo sobrevivesse a mais uma guerra, para que pudessem continuar a sonhar.

O encantador de sombras rezava para que pudesse realizar tudo o que desejava com o ruivo, sonhava em descobrir o que era aquela ligação entre os dois que era tão intensa e profunda, mas que pendia entre eles como uma memória fina sob um barbante que não era um laço, sabia disso, mas não fazia ideia do que era aquela tão intensa conexão entre os dois, que ele se sentia sem ar só de imaginar uma vida sem o ruivo.

- Ainda acho que tem alguma coisa errada. – Eris murmurou, após o silêncio que pairava sob eles enquanto se dirigiam ao local marcado. Em resposta recebeu dos outros três um sonoro "Cala a boca, Eris!" Ele revirou os olhos e deu de ombros. – Não digam que não avisei.

O caminho era tranquilo, ninguém usava aquela trilha, então o ruivo mais novo aproveitou para entrelaçar os dedos com os do mestre espião. Azriel agarrou sua mão firmemente, como se para lembrá-lo que estava ali o tempo todo e que não o deixaria. – Prometo fazer tudo o possível – O moreno murmurou baixo.

- Prometo fazer o mesmo. – Lucien encarou os olhos mel do encantador, Azriel jamais fora expressivo com ninguém, aqueles olhos encaravam todos com frieza gélida e mortal, mas com o ruivo ele aprendera a demonstrar, a expressar o que sentia por ele, já que não era bom com palavras, ele as compensava com ações, gestos e atitudes.

Já não havia mais nenhum brilho ou luz do sol que guiasse o caminho que eles faziam, apenas seguiam os dois espiões que já tinham decorado o caminho. Era um caminho simples, pedras, galhos e muitas, muitas arvores de variáveis espécimes. Eris franziu o cenho, de todo esse tempo naquela cidade não havia visto uma planta, que não estivesse em jarros ou sendo vendidos a preços inimagináveis, uma verdadeira escassez de verde, mas ali tinha todos os tipos de plantas que pudesse imaginar pelo visto.

Quando chegaram ao topo viram a linda e enorme paisagem de um campo de flores, orquídeas, tulipas, rosas e diversas outras que não conseguiam nomear por agora. – Não tem ninguém. – Lucien disse alto dando uma olhada ao redor.

- Viemos cedo talvez, vamos esperar. – Marx disse se recostando a uma arvore com flores rosadas e Eris o seguiu, sentado do lado aposto ao do moreno.

- Já é um avanço. – Azriel sussurrou para Lucien e sorriu de canto, o ruivo deu uma risadinha em concordância. Definitivamente um avanço, tendo em vista que antes Eris iria preferir manter vinte arvores de distância de Marx.

- Acha que esse alguém irá vir? – Lucien questionou o moreno ao seu lado, estavam com a guarda abaixada, mas teriam que arriscar e confiar que seus instintos estavam certos. Por isso o ruivo encostou a testa no ombro de Azriel, sentindo o aroma dele.

- Não sei, espero que sim, qualquer ajuda nesse momento é bem-vinda. – Azriel levou a mão ao rosto de Lucien, fazendo uma leve caricia onde ficava a cicatriz. O ruivo não se intimidou ou recuou, porque daquele toque ele gostava, aquele toque ele ansiava e desejava, se sentia seguro. – Quando voltarmos para casa.. – Azriel começou – Quando voltarmos para casa, irei te levar a lugares incríveis.