Conversas a Meia Noite.

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Quando Lucien identificou ser meia noite, depois de todos terem jantado e irem dormir em seus quartos, ele se viu levantando e andando a porta que conectava seu quarto com o de Azriel e bateu duas vezes, ouvindo os passos do mais velho lá dentro e o ranger da porta sendo aberta.

– O que está fazendo aqui uma hora dessas? - Az disse.

– Não conseguia dormir, vim conversar. - Ele sabia que o moreno estava longe de dormir. Az suspirou pesadamente, já imaginando o motivo da visita.

– E se eu não quiser conversar?

– Vai conversar do mesmo jeito, sei que não resiste a um diálogo comigo – Piscou e a sombra de um sorriso se mostrou em Az.

– Você é muito convencido sabia? – Disse enquanto se aproximava do ruivo e se deitava na cama ao seu lado. – Como você está com tudo isso?

– Com qual das partes? A guerra iminente ou o fato que acabei de descobri que meu pai é um homem que só conheci pelos outros? – Lucien sorriu contido, aquilo era totalmente novo pra si. – Apesar de tudo, bem. Quando descobri surtei e não conseguia pensar, mas eu pensei o que muda? Continuo sendo um bastardo rejeitado, ter outro pai não vai mudar isso. – Disse remexendo os ombros em desdém.

– Acha mesmo que Helion não vai te dar seu título?

– Não preciso de um título Az. Eu precisava de um pai, que me amasse e eu nunca tive isso e uma parte minha já se acostumou com isso.

– Não acho que Helion vá te negar, acho que ele vai tentar retribuir o tempo perdido, ele não sabia. – Azriel sabia que o amigo de seu Grão-Senhor jamais negaria Lucien, estava mais para arrependimento por nunca o ter ajudado.

– Se minha mãe quiser ficar com ele, tem meu apoio.

– Mas? – Tinha algo mais ali naquela frase.

– Mas... – Suspirou – Eu perdi demais além dos séculos Az, e não sei se aguentaria outra rejeição por parte de uma figura paterna ou ficar me lamentando pelo que podia ser minha se eu tivesse sido criado por ele.

– Helion não vai te rejeitar, raposinha. – Az tocou em sua mão e apertou. – Ele é bom, apenas dê uma chance.

– Vou tentar. – Lucien olhou em seus olhos – Se você prometer que não vai tentar matar Eris a cada segundo. – Riu baixo e o moreno revirou os olhos.

– Não perdoei o que ele fez com Mor.

– Se bem me lembro você só tem a versão dela, até hoje Eris nunca disse seu lado. Nunca achou isso estranho? – Azriel se remexeu incomodado com o rumo da conversa.

– Estar me dizendo que ela é a culpada e Eris inocente? – Murmurou irritado e Lucien revirou os olhos.

– Não idiota, não coloque palavras em minha boca. Estou dizendo que se ele tivesse ajudado Mor, Beron teria feito coisa pior com ela. – E foi como se um balde de água fria no rosto de Azriel, como que em todos esses anos ele não pensou nessa possibilidade?

– Vamos mudar de assunto por favor, depois eu penso nisso com calma. – O moreno disse, e uma memória de Cassian dizendo que Eris poderia ser um bom macho, só não tinha a oportunidade de ser e julgando que o pai torturava todos os seus filhos e os mantinha em uma coleira, talvez, somente talvez, Cassian poderia estar certo.

– Vai voltar para a Corte Noturna amanhã? – Acatou a ideia de mudar de assunto para não deixar o Illyriano chateado ou irritado.

– Não sei, depende de Rhys. Você vai? – Uma parte do moreno achava que ele não voltaria a outra torcia para voltasse e ficasse perto de si.

Recomeçar - Luriel. Onde histórias criam vida. Descubra agora