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CAPÍTULO 5,
Um Retrato para Ashtray

MEU PAI FEZ macarrão sozinho hoje, poderia até dizer que estou orgulhosa dele.

— Então, quando volta suas aulas? Você vai estudar na mesma escola que as Bennett's — sorrio ao escutar isso, confesso que estava quase implorando aos seus para estudar ao lado de Gia.

— Volta no final de fevereiro, tenho tempo para aproveitar e ler bastante ainda — bebo um pouco do meu suco. — O macarrão está bom, Frank. Muito sal, mas está bom.

Ele sorri com isso, me lembro de ter visto ele beber pela última vez ontem a noite, e já estamos no almoço. Talvez seja o momento de interação sóbrios pais e filhas.

— Vou melhorar isso. Eu comprei algo pra você — ele diz se levantando. — Estava voltando para a casa e vi uma mulher vendendo, está usado, mas eu lembrei de você, Rory.

Ele tira do armário de panelas, um livro e me entrega. 'A Princesa Salva a Si Mesma Nesse Livro'

— Por que ele estava junto com as panelas? — eu pergunto rindo e ele se envergonha.

— Queria fazer uma surpresa.

— Bom, foi uma ótima surpresa — ele se senta e volta a comer.

— Espero que não tenha lido esse.

— Não, estava na minha lista. Obrigada, Frank, eu amei — seguro sua mão em cima da mesa. Ele fica emocionado com isso, eu vejo. São pequenas ações dele, que eu vejo que ele quer mudar, de verdade. Mas ele sempre será um alcoólatra drogado...

— É? Legal, lembra que quando eu lia pra você antes de dormir?

— Todas as noites — sorrio. — O Pequeno Príncipe ainda é minha história preferida depois de todos esses anos.

— A minha também.

Essa semana, chegou o resto das minhas coisas que minha mãe mandou, e meu quarto está uma bagunça completa, desenhos espalhados, livros no chão, roupas na cadeira...

Termino de comer com meu pai, falamos sobre filmes, as pessoas que conheciam ele antes do álcool, dizem que ele era um homem muito inteligente, e eu acredito, meu pai já estudou em duas universidades, dentro do armário está cheio de diplomas acadêmicos. Mas a vida o deixou assim.

Terminamos, e eu lavo a louça enquanto ele seca. O escuto dizer que vai ir para a marcenaria e eu entro no meu quarto preparada pra arrumar tudo. As horas se passam e eu finalmente consegui organizar meus livros no chão, meus desenhos na parede e minhas roupas no guarda-roupas. Suspiro pesado e tomo um banho frio para relaxar meu corpo.

Me sento no chão apoiando minhas costas na cama e pego meu caderno enorme de desenhos. Coloco uma música no meu celular, e talvez eu saiba que é errado ter pensado nisso. Entretanto, quando percebo, já estou fazendo um retrato do Ashtray.

Oh, oh woe-oh-woah is me
The last time that you touched me
Oh, will wonders ever cease?
Blessed be the mystery of love — cantarolo com música e sorrio sozinha.

Me concentro na hora de fazer os olhos dele, são sempre muito intensos e profundos. O olhar de Ashtray é firme, e é uma das coisas mais lindas dele.

Me desconcentro ao escutar meu celular tocar, por quase não borro, olho para o telefone irritada.

— Alô? — fubo.

— Você sempre atende as pessoas assim? Já entendi por que é a bicha do mato — escuto a voz de Ashtray na outra linha e eu rio. — Agora parece você.

all for us, 𝗮𝘀𝗵𝘁𝗿𝗮𝘆Onde histórias criam vida. Descubra agora