We'll be alright H.S

6. Adeus e de volta a tradição

16 de dezembro de 2019, Los Angeles.

- Não sei se estou pronta...

Harry me olhou cabisbaixo. Eu também estava triste, não queria ter que passar por isso. Acho que seria mais fácil para ambos se fizéssemos isso de outro jeito, digo, se fosse inesperado.

Foi bom esses três dias que passamos juntos, vou guardar para sempre em minha memória. Foi realmente uns dias de refúgio, onde eu pude fingir só por um momento que tudo estava bem, onde eu pude voltar no passado e ter, só mais um pouquinho, Harry para mim.

Mas a realidade bateu na minha porta e ela é dura.

Agora eu queria estar sendo egoísta, queria pensar somente em mim e nas minhas vontades, mas eu não sou assim. Queria pedir para Harry me aceitar de novo, queria pedir para voltarmos a ser o que éramos. Mas eu não posso pedir isso agora.

Não posso fazer isso com Harry quando sei que só nos magoaremos, quando sei que machucaria Harry pedindo algo que ele não pode dar no momento.

- Não se esqueça de mim, por favor. - Pede como uma súplica. - Eu não esquecerei você.

Nossas testas juntas fazendo nossa respiração se misturar. Meus olhos fechados sentindo a sensação de estar perto dele e depois saber que em alguns minutos nós não estaríamos mais assim e sim estaríamos longe, separados por um oceano.

- Não diz assim...Não diz como se fosse uma despedida. Como se não fossemos mais nos ver.

Mas, lá no fundo eu sabia, e Harry também sabia que isso era uma despedida. Sabíamos muito bem que nós não nos veríamos mais e que essa despedida é oficial.

Sabíamos que esses dias foram um adeus.

Havia uma chance mínima de voltarmos para o antes, mas isso levaria tempo. A vida corre, ela não esperaria de qualquer forma.

Ela não esperou quando me envolvi com Drew e pensei por um momento que poderia ser feliz ao lado dele, quando o mesmo me deu dias ensolarados depois de noites sombrias, quando me enganei e pensei que ele poderia me fazer esquecer meu grande amor. A vida não esperou quando fez Harry se afastar por meses de mim, mesmo quando podíamos ser tão próximos, quando ele poderia se dar bem com qualquer outra pessoa, ou mesmo com alguém do passado que veio antes de mim.

Mas de todo jeito a vida me trouxe de volta a ele, por quê?

Estaríamos forçando tudo, ou, a vida fez de propósito para nos resolver e termos um final digno?

- Escute...- Ele acariciou meu cabelo jogado em minha bochecha. - Não quero que se prenda a alguma esperança. Não quero que se prenda a mim.

- Harry...

- Nós seguimos em frente antes, não foi? Podemos fazer isso de novo.

Dói, dói muito.

- Foi tudo falso, H. Meu coração, meu corpo e minha alma ainda pertencem inteiramente a você.

Não houve uma resposta.

A partir daquele momento tudo o que era possível ouvir eram nossas respirações pesadas e o barulho do trânsito e das pessoas fora do carro. O aeroporto à nossa frente estava movimentado de pessoas saindo e entrando com malas em mãos.

Eu abri lentamente meus olhos, encarei seus olhos fechados com as sobrancelhas juntas como se estivesse sofrendo. Minhas mãos em cada lado do seu rosto, querendo desesperadamente manter ele assim para sempre comigo.

Quis chorar antecipadamente por sua falta.

Em um pouco de movimento da minha cabeça, meus lábios se encontraram com os seus, nosso último toque.