Eu não tive tantas opções, mas eu poderia ter simplesmente escolhido alguns caminhos mais fáceis na minha vida. Provavelmente seria tudo mais simples.
Mas também é uma merda que os caminhos mais difíceis me trouxeram até você.
Como faço pra fugir...
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ELOISE.
O clima na mansão estava definitivamente péssimo. Percebi que Justin havia contado sobre meus planos para a equipe no momento que pisei fora do quarto essa manhã.
Do andar de cima eu pude ouvir diversas vozes, uma conversa que foi terminantemente interrompida quando eu cheguei no ambiente. Todos me encararam e eu senti, dolorosamente, que estavam com pena de mim.
E eu odeio que tenham pena de mim.
Não dei uma palavra o resto do dia. Eu não estava conseguindo raciocinar direito, coisa que costuma ser muito fácil pra mim. E sentir a piedade alheia não estava ajudando em nada.
Eu estive com um alvo nas costas por mais de um ano, consegui me esquivar e me esconder sempre que se aproximavam demais, mas agora.. tudo estava diferente. A paciência acabou. Eu temia pelo que estava por vir e temia pelo que poderiam fazer com as pessoas ao meu redor se eu continuasse me escondendo.
Uma dica? Nunca, em nenhuma hipótese, se envolva com alguém que pode acabar com a sua vida se estalar os dedos.
— Mais uma vez. - Murmurei, observando o suor escorrer pela testa de Jaden. Ele assentiu e se posicionou novamente.
Smith era um ótimo soldado. Havia nele uma tranquilidade quase assustadora levando em conta o quê ele precisa fazer nessa profissão.
Do alto de uma plataforma há quase cem metros do chão, ele parecia estar completamente seguro de todos os seus movimentos.
Deitado no chão e com o olho posicionado na mira de um Rifle DSR-Precision, ele apertou o gatilho e atingiu em cheio o alvo lá embaixo. Observei o tiro com o binóculo e suspirei, admirada.
— Ótimo tiro, Smith. - O parabenizei e ele assentiu, ficando de joelhos e esperando meu próximo comando. — Pode recolher o equipamento e voltar com os outros soldados.
Ele fez rapidamente o que eu mandei e ficou em pé ao meu lado, enquanto eu encarava o pôr do sol sentada na beirada do prédio.
— Não vai vir também? - Ele indagou, colocando a mochila sobre o ombro.
— Pode ir, daqui a pouco eu vou com a Ranger. - Ele pareceu confuso por um momento, mas não me questionou. Assentiu silenciosamente e me deu as coisas sem olhar pra trás.
Encarei o asfalto deserto e balancei as pernas, sentindo a brisa leve bater contra o meu rosto. Eu queria relaxar, céus, eu precisava relaxar. Eu precisava sentir que existia algo de bom além do inferno que eu vivo.
Com isso em mente, abri minha mochila e peguei o cantil metálico que enchi mais cedo com o mais caro dos Whiskys de Justin. Eu sei, isso é uma merda. Eu bebi mais vezes no último mês do que em toda minha vida. Esse lugar é uma péssima influência.
