Capítulo 9: A maldade é nítida, mas o bem nunca o é

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  Alguém leva para casa uma carteira que achou do chão de um shopping. Notoriamente consideramos ela uma pessoa egoísta e mau-caráter. Mas se alguém em vez de levá-la, devolve ao seu dono, será que podemos considerá-la uma pessoa boa e confiável? A resposta é não.

 A maldade nunca se traveste, mas a bondade sim. A bondade é de se duvidar... No caso acima, não podemos considerar bondade porque existem diversos fatores que nos influenciam a sermos ''éticos''. O primeiro é o medo e o segundo, a vaidade. Você pode devolver uma carteira por medo de ser pego, ou pela vaidade de ser reconhecido como alguém honesto. Mas talvez se visse uma carteira em um lugar onde não há ninguém, nem câmeras, nem riscos, você a levasse. Muitas vezes atitudes éticas e bonitas são mais impulsionadas pela vaidade do que pela bondade. 

A vaidade de ser reconhecido como alguém bom, como alguém honesto e generoso, quase sempre se sobressai em relação a bondade pura. Fazer o bem quando ninguém está olhando é sempre difícil. A bondade predomina onde existe plateia. A maldade e o egoísmo, onde não existe. E é isso que nos define, aquilo que somos quando ninguém está olhando. O que fazemos quando não há câmeras, é o que de fato somos. Não há como dizer que alguém é bom ao fazer algo, se essa pessoa não o fez na solidão absoluta. Somos bons na frente dos outros. Você só é você na solidão de seu quarto. Você só é você quando não há olhares te acompanhando. 

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