Semanas se passaram.
Talvez meses.
Ayla já nem sabia mais.
Parara de contar há algum tempo.
Para falar a verdade, ela deixara de notar várias coisas.
Como, por exemplo, o quão magra estava. Suas curvas naturais acentuadas, devido ao fato de ser baixinha, haviam sumido. Seus olhos negros com pontos brilhantes estavam opacos e sem vida. Os lábios ressecados e partidos. Olheiras fundas, bochechas magérrimas. Os cabelos sempre longos e bem cuidados, foram cortados precariamente até a nuca num gesto bem impulsivo.
E ao contrário da fase de bloqueio, que passara antes de tudo aquilo, ela vinha pintando feito louca e sem cessar.
MingHao, assim como Jun, estavam para lá de preocupados.
O médico mais do que qualquer um, afinal, a jovem vinha tendo crises e surtos cada vez mais frequentes e com intervalos cada vez mais curtos. Ele temia pela saúde mental dela. Já havia abordado o assunto com Joshua e SeungCheol, mas o líder dissera que não tinha muito a ser feito; que o anjo platinado deveria ficar com ela e fazê-la descansar, contudo Ayla não o ouvia.
Sequer estava passando tempo ao lado dele, evitava-o o máximo que conseguia.
A jovem passava dia e noite dentro da galeria, praticamente se mudara para lá, se recusando a sair ou sequer ver a luz do sol (mesmo que pela janela de alguns dos outros andares da empresa), o que deu a seu tom sempre bronzeado, um tom amarelado, indicando o quão a beira de ficar doente ela estava.
Além de perder a sanidade.
Por vezes, quando tinha seus surtos e crises, parava de falar coisa com coisa, ficava agressiva e fora de si. E nos momentos em que ficava lúcida, o que eram poucos, ela não se importava.
Nada mais importava.
Talvez, se ela caísse forte o suficiente, a um ponto sem volta, ela pudesse barganhar: sua vida em troca da do seu amigo.
Pensar em WonWoo doía.
Sonhar com WonWoo doía ainda mais.
Pintar WonWoo...
... era insuportável.
E foi por isso que quando retomou os sentidos, após mais uma de suas previsões, e fitou a obra em sua frente, Ayla a estapeou, jogando-a no chão.
Num ímpeto de fúria, ela saiu correndo, ao longo da parede, e derrubou todas as suas mais recentes pinturas, pisando sobre elas, riscando-as, danificando-as, como se aquilo pudesse aplacar, ao menos um pouco, a dor em seu peito.
Uma dor tão grande que, não cabendo mais dentro de si, vazou-lhe pelos olhos.
Ayla se agachou, abraçando os joelhos e chorando alto, como vinha fazendo com certa frequência.
Alguns poucos minutos depois, a jovem sentiu um corpo grande se abaixar ao seu lado e braços fortes, bem como asas um tanto quanto ásperas, rodeando-a. O Escolhido sentou-se, apoiando as costas contra a parede e puxou a jovem para seu peito, abraçando-a apertado e permitindo que ela chorasse o quanto quisesse.
- Pode chorar, coelhinha. Faz bem para a alma. E você vem carregando isso há um bom tempo.
Como se aquele fosse todo o incentivo que precisava, Ayla deixou as comportas se abrirem e se permitiu ser consolada pelo amigo.
Quando percebeu que já havia chorado o suficiente, ela se afastou e o encarou. O anjo sorriu fraco e levou os polegares até suas bochechas, secando suas lágrimas.
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Fallin' ↬ Joshua Hong
FanfictionUma flor caída do céu. Uma imagem vista na água. Um anjo com belas, brancas, enormes e reluzentes asas. Um sonho há muito esquecido. E... todos eles com, nada mais, nada menos, do que com um nome em comum: Joshua Hong. Ele é a flor caída do céu...