49 - Cale-se!

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A boca dela se abriu, na intenção de dizer algo, mas se fechou sem conseguir deixar sair sequer um som qualquer que fosse.

Como assim, eu sou ela? Impossível!

Uma risada histérica e incrédula partiu de si e cortou o silêncio que tinha se instalado de repente.

- Uau! Nossa! Quanta criatividade! Quanto tempo você levou para bolar essa história? Devo te parabenizar por inventar isso!

- Não é invenção, Ayla!

- Não?! Vindo de um demônio tal coisa? Acha que eu acredito?

- Tudo bem. Eu admito que somos mentirosos por natureza, porém, desta vez, eu estou sendo completamente sincero.

- Ah, é?! Mesmo? E como isso seria possível, seu maluco? Dois séculos ou mais nos separam!

- Exatamente. Você, Ayla, é a reencarnação da Branca. E me surpreende saber que aquele ser de luz intrometido não tenha te dito nada. Afinal, você é a primeira por quem ele sente algo depois de todos esses anos. Acha coincidência?

- Não! Não! Isso é mentira!

- É mesmo? Pense bem. Por que ele seria designado para ser seu protetor? Por que ele seria atraído por você? Justo você e ainda mais sem ter noção do por que a ama ou do por que você, entre tantas protegidas, fez com que ele se apaixonasse? Por que só agora, depois de séculos, ele se apaixonou, quis reivindicar alguém? Um desejo inexplicável e abrupto, não acha?

- Pare! Pare! Você só está dizendo isso porque quer me colocar contra ele. Porque quer nos fazer brigar. Fazer-me odiá-lo. Você só quer me manipular como faz com todos os outros, mas não irá conseguir. Lamento dizer.

Ayla não queria, não podia acreditar no que ouvia.

Não. Não. Isso é um truque. Ele está mentindo para mim!

Os sentimentos dentro da jovem começaram a borbulhar. Ela se sentia irritada, nervosa. Queria se soltar e esbofetear Johnny por sequer meter seu anjo naquela história ridícula e afirmar que ele mentira para ela, mesmo que soubesse que o pobre rapaz não fazia aquilo porque queria. E, sim, porque estava sendo usado por aquele demônio.

Ela desejava pará-lo, no entanto; nem que fosse no tapa.

Mas como não era possível, uma vez que estava amarrada, Ayla limitou-se a fechar os punhos forte e olhá-lo com uma determinação que o queimaria, caso pudesse fuzilá-lo.

- Por que está fazendo isso? O que ganha inventando tudo isso?

- Não estou inventando, mas se é assim que prefere...

Ele deu de ombros e voltou a se escorar na parede, metros a frente dela.

- E com relação a sua pergunta, a resposta é tempo.

- Tempo? Tempo para que?

- Para que nosso plano seja posto em prática. O acordo que firmamos na sua outra vida.

- Você insiste que eu sou ela?

- Sim. Você é. E posso provar. Você tem um sinal em forma de triângulo na lateral esquerda do seu umbigo, não tem?

Ayla arregalou os olhos surpresa, sem conseguir responder.

Johnny sorriu.

- Vejo que estou certo.

- E o que isso prova, em? Qualquer outra pessoa poderia ter nascido com um também.

- Não como o seu. Afinal, foi assim que você morreu. Esfaqueada com a minha adaga. Sangrando até a morte aos pés do seu anjo.

Fallin' ↬ Joshua HongOnde histórias criam vida. Descubra agora