Luísa Parker.
Sabe um momento na sua vida que você acha que é o fim? Bom, esse é um momento desses.
O carro que vem em minha direção tenta freiar, mas bate em mim do mesmo modo so que com menos impacto.So sinto uma pancada e depois já estou no chão.Uns segundos depois tento levantar, mas sinto uma dorzinha em minha perna, minha cabeça também dói e sinto um líquido descer na lateral do meu rosto.
Eu devo ter uma sorte dos deuses, ser atropelada é tudo que eu queria agora, meu dia não poderia melhorar.
Boto as mãos no chão e impulsiono para cima pra poder levantar de vez, acabou que fiquei um pouco tonta.Antes de cair no chão novamente um par de braços fortes me seguram, mantendo me de pé.
— Desculpe, foi imprudência olhar para trás. – passo os dedos no corte da lateral de minha cabeça como se fosse amenizar minha dor.Tiro os braços da pessoa, que estão bem apertado por sinal, de mim e me afasto mancando.
Finalmente olhando para a pessoa que me atropelou, quase caio dura no chão novamente.Os olhos intimidadores de Mattia não deixam de me analisar por um segundo, me checando, creio que não quer que eu lhe processe ou algo do tipo.
A vida deve estar brincando comigo.
O homem a minha frente parece tão serio quanto aquele dia na boate.
— Acaba de ser atropelada e pede desculpas. – sua voz rouca me causa arrepios.Não foi uma pergunta e sim uma constatação, encolho os ombros me sentindo intimidada.
— T-tudo bem. – gesticulo com as mãos me afastando mais, apesar de minha perna não facilitar as coisas.
Talvez ele não se lembre de mim, oque parece ótimo.Não importa se ele é um gangster, policial, advogado ou qualquer coisa.Eu não quero descobrir.
Vou apenas fingir não conhecê-lo e pronto, olho em direção ao caminho que tenho que fazer para meu apartamento e comparado a situação de agora, não me parece ruin andar alguns quarteirões mancando.Eu poderia ligar para Liz, se soubesse onde esta o meu celular.
— Bom! Desculpe novamente pelo transtorno. – tento sorrir, oque deve ter saído como uma careta e me viro o mais rápido que posso, quase corro querendo chegar do outro lado da rua, seria icônico se não fosse tão doloroso.
Quando dou por mim já estou sendo puxada por um par de mãos.Arregalo os olhos, quando vejo que ele praticamente esta me carregando até seu carro.Me põe em cima do capô.
— Oque esta fazendo? – pergunto nervosa quando ele sai de minha vista e só ouço o bater da porta do carro, quando uns segundos depois ele volta com uma maleta e se abaixa na altura de minhas pernas. — Não precisa fazer nada, sério.Estou bem. – digo desesperada, vendo oque ele pretende, devo estar igual um pimentão.
— Só fique calada. – diz sem se importar com meu desespero, mordo a bochecha.Nossa que grosso.Ele começa a limpar o ferimento em minha perna e fazer um curativo, tento não olhar muito para não ficar mais desconfortável.
Apenas fico parada querendo que ele termine logo, estou com medo até de respirar perto desse homem.Depois de um tempo ele termina e se levanta, segurando meu queixo e analisa o ferimento lateral da minha cabeça.Nesse momento já estou pior que vara verde, quando ele vai por as mãos, me esquivo do seu toque e desço do capô.Enquanto ele observa cada gesto meu com um semblante serio, como se eu fosse uma criança.
— Esta tudo bem! Obrigada mesmo, mas tenho que ir. – agradeço rapidamente e me viro para ir embora, dessa vez sem interrupções.Fico aliviada.
Eu estava com bastante medo, ficar perto de uma pessoa que é intimidante é difícil, ainda mais quando eu sei que tem algo de errado com essa pessoa.Talvez eu não tenha certeza disso, estava bêbada aquele dia.É como Liz disse, estou me preocupando atoa.
***
Fazem dois dias desde aquele acidente.Ainda manco, mas não esta tão ruin quanto imaginei que ficaria e o corte em minha cabeça esta com um curativo.
Nesse momento estou assistindo uma daquelas reportagens sobre animais enquanto tomo sorvete.Naquele dia quando cheguei em casa Elizabeth ficou muito preocupada, gritando comigo e ao mesmo tempo falando mansinho, perguntando oque tinha acontecido.Eu estava começando a ficar assustada por minha amiga.
Então falei uma coisa por vez.Expliquei que tinha sido demitida, oque causou em uma pessoa perdida nos seus pensamentos, o que resultou em um acidente.
Obviamente não falei sobre Aiden me seguir e ficar fazendo perguntas ou sobre o homem do acidente o qual eu já tinha visto e sentia bastante medo, sei que não se deve julgar uma pessoa assim, mas se só eu tenho medo daquele homem então as pessoas tem um certo problema.
Quando Liz descobriu que fui demitida ela me abraçou e pela primeira vez, naquele dia, me deixei chorar por um tempo, afinal ninguém é de ferro, ainda mais acontecendo coisas tão rápido daquele jeito.É muita informação para uma cabeça só.
Continuo a tomar meu sorvete quando o furacão Liz entra pela porta com um sorriso de orelha a orelha.
— Oque houve? – indago com a boca cheia de sorvete e Liz faz uma careta de nojo.
— Não seja porca. – repreende.
As vezes Liz me lembra minha mãe, acho que até ela me vê como uma filha, sempre me manda tomar banho.Não sei é pela diferença de idade, já que ela tem seus trinta e poucos anos e eu tenho meus vinte e um.A relação da gente sempre foi bastante forte desde que cheguei aqui.Me sinto mal por ficar aqui a suas custas, por isso vou começar a procurar um emprego logo, tomar sorvete não vai ajudar em nada.
A encaro interrogativa, era para ela estar no trabalho.Ela sorri novamente dando pulinhos e gritos.
— Consegui um emprego pra você na Tech inside. – olho atordoada para minha amiga e logo depois arregalo os olhos e ponho a mão na boca abafando um grito. — Não é grande coisa, mas é um emprego.Eu sei que você está triste por não poder me ajudar, então comentei com um amigo meu que você estava querendo um emprego e como eles estavam contratando... – sorri sem jeito.
E sem nem mais uma palavra eu abraço ela. — Muito obrigada, Elizabeth.
— Ora pare com...
— Por tudo. – á aperto mais sem deixar que termine sua fala.
Parece que minha sorte esta voltando.
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Corações Em Chamas (EM ANDAMENTO)
RomanceLuísa Parker, uma mulher cheia de sonhos, que vê a vida como um bem precioso.Uma pessoa que emana simpátia, sorri por simples motivos, apesar disso, tem um passado triste que pretende deixar no passado. Mas o passado não pretende deixá-la. Mattia Gr...