Epílogo

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5 de junho de 1843

Muitas coisas aconteceram nesses últimos meses. Uma delas é que eu descobri estar grávida de novo – coisa que Diego já suspeitava. Minha barriga ainda não está grande, mas os enjoôs estão beirando o insuportável.

Outra coisa que aconteceu foi que Camila esteve grávida, como eu já havia mencionado e está agora em trabalho de parto.

Edgard desde ontem não anda bem, acho que ele não pode mais comer geleia de amora... Estou escrevendo enquanto ele repousa em seu novo berço.

Minha prima Violet vem ganhando muitos admiradores, mas eu ainda prefiro o...


– Charlotte, amor! Cheguei! – ela ouviu a voz de Diego no corredor. Rapidamente ela largou a pena sobre o papel e foi até ele.

Saindo do quarto, logo viu Diego gargalhar enquanto tinha Edgard, de pouco mais de um ano, em seu colo e o garoto cochichava algo incompreensível no ouvido do pai.

– É mesmo? – sussurrou ele – Oh, não acredito, me conta de novo!

Charlotte o cumprimentou com um beijo suave nos lábios e Diego acariciou seu ventre.

— Olá, amor do papai. — ele disse para a barriga dela.

A esposa riu suavemente.

— Acordou Edgard? — ela perguntou com olhos estreitos.

— Sinto muito, sabe que ele tem o sono leve. Ele despertou assim que entrei no quarto para vê-lo, mas ele parece ótimo. — Diego comentou fitando o filho.

Edgard fez bico e com os pequenos bracinhos deu um abraço apertado no pescoço de Diego.

— Ele parece melhor mesmo. — Charlotte levou a mão à testa do filho e ele estava com a temperatura da pele normal. — Fico tão mais aliviada. — ela deu um beijinho na bochecha do menino. — E como está Camila? — perguntou animada.

— Ótima, deu a luz a dois meninos saudáveis. — Ele contou alegre.

Charlotte deu um pequeno grito de empolgação e tampou a boca.

— Que maravilha. Quando poderei vê-los? — os olhos dela brilhavam.

— Podemos ir amanhã se Edgard estiver mesmo melhor. — ele respondeu. — Acabei não jantando com toda essa agitação. — comentou com uma careta.

A Senhora Martínez assentiu.

— Pedirei para te servirem o jantar. — ela disse.

— E você? O que você acha de conhecer seus primos? — Diego indagou ao filho enquanto descia as escadas, ladeado por Charlotte. — Vamos à Casa do tio Edmund?

O menino abriu um imenso sorriso, como o do pai.

— Mund! — ele falou ainda com sua voz muito fininha.

Diego riu, quando chegaram à sala, Edgard desceu do colo de seu pai e foi desajeitadamente correndo em direção à cozinha.

Charlotte fechou o semblante e colocou as mãos na cintura.

– Edgard, pare de correr! – brigou e fez menção de ir atrás dele.

– Deixe-o. Deixe-o se divertir, querida – respondeu Diego arrancando a atenção dela.

Era possível que mesmo após dois anos de casamento continuasse tão apaixonada como no momento em que declarou perante todos ser dele para sempre?

Sim, era.

Pois mesmo depois de dois anos, continuava a suspirar. E agora que Diego tinha 30 anos, parecia que tinha ficado ainda mais bonito. Como se os trinta os deixassem ainda mais sedutor.

– Sim. Ele pode cair e se machucar – retrucou preocupada espiando pelo corredor se Edgard tinha chegado ao seu destino ou tropeçado no tapete e caído. O garotinho estava satisfeito brincando com o vaso de planta no fim do corredor.

Diego deu uma risada divertida e caminhou até a esposa a abraçando, para em seguida se agachar e dar um beijo em sua barriga, como sempre fazia.

Ante a isso, o bebê chutou.

– Ela parece saber sempre que você está por perto. – comentou.

– Ela? – Diego sorriu.

Charlotte deu de ombros.

– Foi um palpite.

10 de outubro de 1847

Como estou feliz!

Descobri que estou grávida pela terceira vez!

Claro que peguei Diego desprevenido. Depois de cinco meses em sua casa na Califórnia, descobri — ao desembarcar em Londres — que os enjôos e mudanças repentinas de humor eram na verdade mais um integrante de nossa feliz família. Imaginei que depois de Edgard e Marianne, Diego estivesse satisfeito, porém, ao lhe contar acabei descobrindo que ele desejava no mínimo uns três filhos.

Isso é muito bom, então.

Ontem também foi o aniversário de três aninhos de Victoria, a filha mais nova de meu irmão mais velho, Edmund. Ela ganhou tantos vestidos que no fim, inclusive perguntou para Camila: "mamãe, para quê usarei todos esses vestidos?"

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