Quatro metades.. duas inteiras (Shoto Todoroki x Oc)

-O COMEÇO-

Narra Kamari

  Quando eu voltei pra casa depois do fim das aulas, mesmo andando até lá, não conseguia parar de pensar no que aconteceu antes na escola, ''Por que o Shoto fez aquilo? E por que ele perguntou novamente se eu estava bem? Claro que não tiro o fato de que ele consegue ser muito perceptivo, mas tanto assim? Realmente não sei o porquê, tudo bem que ele estava tentando me reconfortar lá dentro da U.S.J ao meu ver mas... dessa vez foi.. diferente..?''. A cada vez que pensava naquela cena, um pequeno calor me invadia, não sabia o que era aquele calor, não sabia o porquê de o Shoto ter me abraçado do nada, não sabia o que ele queria com aquilo, não sabia de nada, só tentava me distrair daquilo.

  Quando cheguei em casa, soube que o colégio seria fechado por dois dias para aumentarem a segurança geral, ''Infraestrutura tá lá em cima pra aumentar a segurança de um terreno daquele tamanho em só dois dias..'', então desfiz as minhas coisas, troquei o meu uniforme para uma regata preta e uma calça largada cinza e subi as escadas para ir para o pequeno santuário que eu fiz pros meus pais no quarto deles, e logo me ajoelhei em frente às fotos e orei por eles por um tempo, e quando terminei, levantei meu olhar para as fotografias e imediatamente me relembrei dos tempos em que eles estavam vivos, e sem que eu permitisse, algumas lágrimas escorreram pelas minhas bochechas e pingaram nas minhas mãos.

Kamari: Mãe, pai.. vocês saberiam me dizer o que foi aquele abraço? Quero dizer.. nem sei se vocês viram mas.. se viram, por favor me expliquem, porque não sei se tem a ver comigo ou com o Shoto, por mais que ele tenha percebido minha melancolia e tal, simplesmente não sei o que é nada mais, quanto mais sem vocês para me auxiliarem aqui, então.. caso tenham a oportunidade de me falarem sobre isso, por favor, conto com vocês e.. amo-os pra sempre.. - e sem querer, já estava com um pequeno sorriso no rosto e com algumas lágrimas saindo de meus olhos e caindo sobre a minha calça e mãos, só pensando no que eles estariam dizendo - Bem... já é hora.. vou ir treinar um pouco..

  Assim, me levantei, sequei meus prantos e saí do quarto para descer as escadas e ir em direção à porta de casa, e quando cheguei lá fora, vi que já era basicamente de noite, o horário perfeito pra mim, já que sou mais noturna e gosto do clima fresco dessa hora, então andei até a praia e comecei a treinar meus ataques à longa distância, sendo eles atirar espinhos de porco-espinho, manusear a cauda de baleia e jogar penas calcificadas.

  Então, comecei com as penas endurecidas, que se tratavam de penas de falcão que eu adicionava mais queratina e cálcio a elas, deixando-as mais pesadas e afiadas, como o peso vai a partir da base delas, posso facilmente liberá-las somente com um movimento das asas e lançá-las para longe, mas infelizmente não podia testar esta técnica voando já que ainda não sabia controlar as minhas asas para o voo.

  E depois, o treino dos espinhos se tratava mais do arremesso do que da força de impacto, então eu criava alguns nas minhas costas e os atirava para onde eu quisesse, e também tinha a oportunidade de liberar a cauda do porco-espinho e soltar os projéteis a partir dela com um movimento de giro. Já o treinamento da cauda de baleia era mais complicado, porque tinha um peso muito grande no meu corpo para equilibrar, mas tentava o máximo possível para mascarar essa carga e encontrar um bom ataque para fazer com ele.

  Então fui treinando, treinando e treinando, e no fim eu consegui manipular a cauda pulando e a girando horizontalmente para o movimento de golpear, no entanto.. uma ideia me surgiu à mente, ''E se eu usasse a cauda para golpear verticalmente?'', então, com essa estratégia em mãos, amostrei minhas asas e fui para o telhado de casa, a duras custas, porém consegui afinal, e com isso voei um pouco mais a partir do telhado com um esforço absurdo, e já com uma altura relativamente grande, recolhi as asas e girei verticalmente, fazendo com que o rabo da baleia ficasse paralelo ao meu rosto e conseguindo golpear o solo com uma força maior, ''Eu consegui um novo movimento.. finalmente'', mas a comemoração não durou muito.