— O que é que ele tá fazendo aqui? — Atsumo perguntou, intercalando seu olhar no grupinho de pessoas ao seu lado, e em Sakusa, do outro lado da festa.
— Por que cê tá sorrindo? — Aran o encarou, elevando uma de suas sobrancelhas. — Ele veio com o Motoya... chegou agorinha.
Na verdade, ele nem percebeu que estava sorrindo. Aquilo só fez ele dar mais risada de tudo. Queria colocar a culpa no álcool, mas não tinha tomado nem três copos direito e estava bem sóbrio.
Osamu e Suna ficaram dando risada da cara do loiro, já sabiam o que estava rolando ali. Na verdade, era Samu quem sabiam. Ele que contou para o namorado, que é o maior fofoqueiro. Que repassaria tudo para os garotos como o bom bolo de informações que era.
— Atsumo tá cheio de fogo no rabo. — Osamu disse, com o sorrisinho de comedor de bosta. — Parece que o Batman finalmente deu o braço à torcer. Agora ele tá aí, desse jeito.
— Eu tô normal! — O loiro quase fechou a cara, mas resolveu que caso entrasse na onda deles talvez eles não passassem o resto da noite apertando na mesma tecla. — Sou irresistível, é sempre tudo só uma questão de tempo.
— Pra quem jurou que te queria morto na aula de cálculo avançado... ele tá te olhando muito. — Kita sussurrou. — Ah, e o Motoya também tá lá.
— É engraçado ver ele disfarçar. — Atsumo se pegou sorrindo de novo. — Tenho certeza que só tá aqui por minha causa, nunca vi ele em nenhuma outra festa.
— Odeio inflar seu ego superinfladinho, acredite no que eu digo. Mas o Toya perguntou de você quando eu chamei ele.
— Quê? O Motoya? — Atsumo quase se engasgou com a bebida. — Não, eu não tenho nada a ver com ele não.
— Ô inteligência rara. — Aran revirou os olhos, pousando o olhar nos dois garotos enquanto conversava com o loiro. — Se o Motoya perguntou é porque o Sakusa queria saber, até porque você não faz o tipo dele.
— Ah... — Coçou a nuca. — Isso choca um total de zero pessoas, muito meu fã ele.
Era o que Atsumo dizia, mas seu coração bateu mais rápido quando teve uma confirmação. Quase tropeçou dentro do peito, Sakusa estava mesmo atrás dele.
— É hoje que você perde o bv, Tsum. — Osamu brincou com a cara do irmão quando Aran fez sinal para que os dois fossem até lá.
É, ele precisaria maquear bem todo o nervosismo que estava sentindo. Precisaria usar toda sua lábia, e talvez nem isso fosse o suficiente. Nem sabia porquê estava tão inquieto, ele não era santo nenhum.
Mas quando a figura de Kyoomi se fez presente, Miya tremeu na base. Comprimentou todos ali e deixou o loiro por último. Agora ele tinha outro copo vermelho em mãos, mas era só pra disfarçar, porque com certeza não iria tomar aquela bebida esquisita.
— E aí? — Sakusa estava despojado, nunca tinha o visto assim.
— Que surpresa te ver aqui, Omi.
Suna segurou o riso, ele era o único — além do próprio Sakusa — que assistia a cena de Atsumo sorrindo feito bobo.
E novamente, ele nem percebia o que estava fazendo. Umideceu os lábios com uma expressão seria quando notou o namorado do irmão dando risada dele com os olhos.
Não durou muito, porque os garotos ali já estavam em assuntos diferentes. Conforme ia chegando gente ou as bebidas acabavam, eles iam se distanciando uns dos outros.
Exceto Sakusa e Miya.
— Não sabia que você bebia. — Mais uma vez, ainda naquele dia, o loiro quebrava o silêncio entre ele e o vizinho. — Nem que você era amigo do Oikawa.
— Sério? A gente bebeu junto na despedida do colegial, quer dizer, a sala toda bebeu.
— Tem razão... — Miya se amaldiçoou mentalmente por não pensar nas coisas que dizia. Mas, de fato, ele não se lembrava da imagem dele bebendo. — Eu não lembro muita coisa daquele dia.
— Quê? — Kyoomi abaixou, aproximando-se do ouvido de Atsumo por causa da música alta.
Tinha começado a tocar Anaconda, da Luísa Sonza. Do nada uma gritaria louca no: "Depois que tu pah, é só bye bye bye". Talvez demorasse até que eles percebessem que Oikawa dançava em cima da mesa.
— Eu disse que não lembro muita coisa daquele dia. — Ele praticamente gritou. — Quer ir pra outro canto?
— Ah. — Ele ergueu as sobrancelhas, finalmente entendendo o que ele dizia. — Não sei, jurei que você gostava dessa.
Claro, sempre estava nas playlists que ele escutava no último quase todo santo dia. Ele adorava, só que ele também sabia o quanto Sakusa costumava detestar multidões e todo o resto que estavam acontecendo ali ao redor deles.
— E quem não gosta?
— Oi??
Cansado daquela enrolação, Atsumo puxou Kyoomi pelo pulso até o jardim da casa de Oikawa. Lá as luzes de festa não alcançavam, e a música não era mais absurdamente alta. Bônus: estavam longe de todos. Mas em compensação, era bem escuro.
— Miya, o quê...? — Sakusa o encarou, ainda um pouco confuso sobre tudo.
Confuso, mas de certa forma ele estava aliviado. Não era acostumado com aquele tanto de gente ao seu redor. Como dito, ele não era fã de multidões, ainda mais daquelas que estão alcoolizadas e gritando mais que a Melody.
— Agora sim eu consigo te ouvir. — Esse era o migué, porque não queria bancar o herói. Pela primeira vez na vida ele não quis se vangloriar de algo. — E acho que você pode dizer o mesmo. Foi mal te puxar assim, sei que ficaria estranho se eu te chamasse pra outro canto. Digo, eu não acharia estranho, é só que aqui dá pra conversar. E eu também não queria levar um banho da sua bebida caso você entendesse errado.
Ele estava se embolando nas próprias palavras, por que diabos agora ele tinha que virar um virjola toda vez que ficava frente à frente com Sakusa? Era ele quem sempre dava as investidas, mas quando o assunto era sério, estava se sentindo intimidado apenas pela respiração do outro.
Não era como se ele fosse o único nervoso ali, Kyoomi pensou que estava sendo puxado para umas beijocas quando seguiu Atsumo até o jardim. Para sua sorte, quando já estavam lá, era escuro o bastante para que o loiro não visse sua cara de tonto pronto para beijá-lo.
— É estranho que não tenha ninguém se pegando aqui ainda. — Ele disse, como quem não queria nada.
— Por acaso isso é algum tipo de convite?
— Foi você quem me trouxe aqui.
— É, porque eu sei que você não curte esse lance de festa, aglomerado de pessoas e tals. — Desembuchou, super na defensiva. — Nem da bebida, por isso que você deixou o copo em qualquer canto antes de vir.
— E quem te garante que eu não ia te beijar?
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Bem-me-quer ou Mal-me-quer?
FanficSakusa era descuidado quando ia aguar suas plantas e vivia molhando o vizinho. Agora ele tinha que aturar a Maria-sem-vergonha que havia crescido no seu jardim.